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STF tem maioria para condenar deputada Carla Zambelli a 10 anos de prisão

O julgamento começou nesta sexta-feira no plenário virtual e está programado para durar até o dia 16

Ministros do STF também votaram pela perda do mandato da deputada (Vinicius Loures/ Câmara dos Deputados)

Ministros do STF também votaram pela perda do mandato da deputada (Vinicius Loures/ Câmara dos Deputados)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de maio de 2025 às 18h48.

Última atualização em 9 de maio de 2025 às 19h16.

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a dez anos de prisão e para que ela perca o mandato. Os ministros seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes, que defendeu pena de oito anos e três meses para o hacker Walter Delgatti. Cristiano Zanin e Flávio Dino seguiram o voto do relator.

Os dois são réus no STF por invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica, pela suspeita de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O julgamento começou nesta sexta-feira no plenário virtual e está programado para durar até o dia 16. Ainda faltam os votos dos demais ministros da Primeira Turma do STF: Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux.

Em seu voto, Moraes afirmou que Zambelli "demonstrou pleno conhecimento da ilicitude de suas condutas, agindo de modo premeditado, organizado e consciente, na busca de atingir instituições basilares do Estado Democrático de Direito, em especial o Poder Judiciário".

O relator afirmou que Delgatti, a mando de Zambelli, inseriu pelo menos 16 documentos falsos no sistema do CNJ. Esses documentos teriam sido incluídos em 13 invasões diferentes.

O ministro ainda fez uma relação entre o episódio, ocorrido no dia 4 de janeiro de 2023, e os atos golpistas do 8 de janeiro, alegando que a proximidade entre as datas "não é meramente coincidencial".

"A invasão dos sistemas judiciários, a inserção de documentos falsos e a divulgação desses eventos na mídia constituem parte de uma estratégia mais ampla de desestabilização institucional, cujo ápice se materializou nos eventos de 8 de janeiro", escreveu Moraes.

Em seu voto, Zanin concordou com a relação entre os eventos protagonizados por Zambelli e o 8 de janeiro.

"Não se pode desprezar, ainda, que parte significativa dos fatos narrados nesta ação penal eclodiram às vésperas do lamentável episódio do 8/1/2023, o que permite refletir que os crimes praticados se inserem em um contexto mais amplo de tentativa de ruptura da ordem constitucionalmente estabelecida", disse.

Zambelli e Delgatti foram responsáveis, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), por elaborarem e incluírem diversos documentos falsos no sistema do CNJ, incluindo um mandado de prisão falso contra Moraes, que elaborado como se tivesse sido assinado pelo próprio ministro. O documento foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão, vinculado ao CNJ.

Também foi incluída uma decisão de quebra de sigilo bancário do ministro. Esse arquivo foi criado no computador de Delgatti e acessado 22 segundos depois por Zambelli. "Esta prova técnica é irrefutável e demonstra, além de qualquer dúvida razoável, o envolvimento direto da acusada Carla Zambelli Salgado de Oliveira nos crimes a ela imputados", avaliou Moraes.

O ministro também destacou que as declarações de Delgatti, que admitiu os crimes e colaborou com a investigação, "são corroboradas por provas materiais independentes, como os arquivos idênticos encontrados nos dispositivos eletrônicos de ambos os réus, os pagamentos realizados por pessoas ligadas à parlamentar e as interações continuadas entre os acusados antes e depois dos crimes".

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