Brasil

TCM aponta desvio de R$ 19 milhões em São Paulo

O desvio foi encontrado numa parceria fechada pela Prefeitura de São Paulo com o Instituto Via Pública em 2006, na gestão Kassab


	Gilberto Kassab: segundo o TCM, os desvios ocorreram principalmente por meio de sonegação de impostos (R$ 9,7 milhões)
 (Prefeitura de SP/Divulgação)

Gilberto Kassab: segundo o TCM, os desvios ocorreram principalmente por meio de sonegação de impostos (R$ 9,7 milhões) (Prefeitura de SP/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de outubro de 2013 às 09h12.

São Paulo - Relatório de inspeção do Tribunal de Contas do Município (TCM) aponta desvio de R$ 19,1 milhões numa parceria fechada pela Prefeitura de São Paulo com o Instituto Via Pública em 2006, para implementar e fiscalizar os contratos de gestão da rede municipal de Saúde com Organizações Sociais (OSs), dos quais quatro já foram julgados irregulares pelo próprio TCM.

O negócio foi firmado pela Secretaria da Saúde no início da primeira gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e se estendeu até março deste ano graças a 12 aditivos, que elevaram o valor da parceria de R$ 2,4 milhões para R$ 84,6 milhões, alta de 3.380%. O Via Pública nega as irregularidades e a gestão Fernando Haddad (PT) informou que já encerrou a parceria.

Segundo o TCM, os desvios ocorreram por meio de sonegação de impostos (R$ 9,7 milhões), remuneração indevida (R$ 7,6 milhões) e diferenças contábeis no saldo bancário da parceria e na prestação de contas (R$ 1,8 milhão). O relatório cobra ressarcimento do valor corrigido aos cofres públicos. Os técnicos do TCM estão finalizando a auditoria antes de o termo de parceria ser levado a julgamento no plenário.

"O que salta aos olhos é que o objetivo da parceria com o Via Pública era capacitar a secretaria para implementar os contratos de gestão. Mas as auditorias e os julgamentos do tribunal já mostraram que os contratos de gestão foram implementados de forma bastante irregular, o que demonstra que essa tarefa da parceria inexistiu", afirma o conselheiro Maurício Faria.

O Via Pública foi contratado em maio de 2006 pelo ex-secretário municipal de Saúde Januário Montone, sem concorrência, por ser considerado uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). No ano seguinte, a Prefeitura assinou os primeiros contratos de gestão de hospitais, AMAs e UBS com as OSs.

Quatro deles, como o do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam), que administra unidades na zona sul, já foram julgados irregulares pelo TCM por apresentarem falhas de atendimento e na fiscalização das metas.


Falhas

A inspeção do TCM detectou que, só em 2010, quando o instituto recebeu R$ 15,9 milhões, "89,5% das ações previstas no termo de parceria não foram entregues de acordo com o pactuado, sendo que 58% delas não se desdobraram na entrega de nenhum produto tangível e mensurável". Por exemplo: foi pago R$ 1 milhão para um item descrito como "desenvolvimento de ajuste organizacional" da secretaria.

Até o Atlas da Saúde, um mapeamento da rede pública na capital concluído em 2011, foi questionado pelo TCM. Segundo o órgão, dois aditivos prorrogaram o prazo e elevaram o custo do serviço que deveria ter sido finalizado em 2009 de R$ 648 para R$ 1,6 milhão. De acordo com o relatório, também não há evidências na entrega de uma pesquisa sobre implementação das AMAs Sorriso, que custaram R$ 416,4 mil.

Ao todo, o relatório lista 15 irregularidades nos quase sete anos de parceria com o Via Pública, destacando a terceirização de serviços que "são de responsabilidade exclusiva" do governo, como implementar políticas públicas e fiscalizar contratos, e a "subcontratação indevida" da empresa espanhola Gesaworld para realizar trabalhos de competência do instituto.

Em 2011, o TCM já havia declarado a inidoneidade do Via Pública por causa de um contrato de 2007 com a Secretaria de Assistência Social. O instituto foi contratado sem licitação por R$ 4,7 milhões para cadastrar famílias do Bolsa Família em São Paulo, mas não executou a tarefa. A Prefeitura chegou a cumprir a medida, que foi revogada pela ex-secretária Alda Marco Antonio no dia seguinte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasMetrópoles globaisCorrupçãoEscândalosFraudesSão Paulo capitalIrregularidades

Mais de Brasil

Laudo aponta que baixa temperatura causou explosão em fábrica da Enaex no Paraná

Lula se prepara para viajar aos EUA após rebater Trump sobre condenação de Bolsonaro

CPI do INSS: suspeito de liderar fraudes em descontos será ouvido nesta segunda-feira, 15

Queimadas em São Paulo: Defesa Civil prevê 'semana crítica'