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Temer não vê sucesso em anistia unilateral e chama ataque de Tarcísio a Moraes de 'infelicidade'

Ex-presidente afirmou que anistia sem consenso entre os Poderes não terá efeito positivo

Agência o Globo
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Publicado em 16 de setembro de 2025 às 08h44.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira que uma anistia decretada unilateralmente pelo Congresso Nacional não dará resultado. Na avaliação dele, qualquer debate sobre a anistia ou a redução de pena dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro deve ser conduzido pelos três Poderes. A declaração ocorreu durante participação no Roda Viva, da TV Cultura.

Temer disse concordar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que afirmou que anistia não é sinônimo de paz.

"Está certíssimo. Ele confirma o que eu tenho dito ao longo do tempo. Se for decretada a anistia, pelo Congresso, sem esse pacto nacional que eu estou dizendo. O pacto nacional seria sentar o presidente da República, o presidente do Supremo, os presidentes do Legislativo com entidades da sociedade civil e até a oposição. Você poderia chamar a oposição: venha aqui, vamos conversar. Vamos encontrar um caminho para o país. Isso precisa ser uma conjugação de setores. Se for só do Legislativo, vai ser levado ao Supremo. E nesse sentido o ministro Flávio Dino tem razão. Unilateralmente decretada a anistia, sem esse pacto, ela não dá resultado", disse Temer.

O ex-presidente defende que o perdão, para ter efeito, deve vir de um "pacto nacional" e não de um ato unilateral.

"Se os Poderes todos se reunissem, se chamassem a oposição, se chamassem entidades da sociedade civil, você teria pelo menos um gesto de civilidade política."

Temer sobre os ataques a Alexandre de Moraes

Na mesma entrevista, o ex-presidente tratou como "infelicidade" os ataques do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. Durante o 7 de Setembro, na Avenida Paulista, Tarcísio chamou Moraes de "tirano":

"Ele é muito ponderado. Nesse caso, houve uma infelicidade dele. Como você pode explicar isso? Acho que foi o clima político em que ele tinha que envolver os bolsonaristas. Porque mesmo entre bolsonaristas havia críticas à posição dele. Ele quis trazer o bolsonarismo. Sei que ele se dá bem com o ministro do Supremo. Até estranhei. Mas acho que ele pode recompor".

Lula reforça posição contra anistia

Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para um almoço no Palácio da Alvorada. No encontro, Lula reforçou sua posição para que a Câmara não vote projeto que anistia os envolvidos nos atos do 8 de janeiro. O petista reforçou que o governo é contrário ao projeto que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante o Roda Viva, Temer afirmou que, no lugar de Motta, submeteria a decisão de pautar a anistia ao colégio de líderes, pois a caneta não é só dele.

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