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União de ciclistas quer salvar Velódromo dos Jogos do Rio-2016

O governo federal estima que em 2017 vai gastar R$ 10 milhões na manutenção do local, que está fechado desde o fim dos Jogos

Velódromo: Desde agosto, o ar condicionado está ligado para evitar que a pista trazida da Europa estrague (Roberto Castro/ME)

Velódromo: Desde agosto, o ar condicionado está ligado para evitar que a pista trazida da Europa estrague (Roberto Castro/ME)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de fevereiro de 2017 às 09h03.

Genebra - A União Internacional de Ciclismo (UCI, na sigla em inglês) está preocupada com o destino do Velódromo construído para a Olimpíada do Rio-2016 e se mostra disposta a levar ao Brasil até mesmo a Copa do Mundo para garantir a viabilidade financeira da instalação.

Mas a entidade com sede na Suíça alerta que a iniciativa de um evento desse porte terá de partir das autoridades do País e que é necessário apresentar uma proposta dentro dos padrões internacionais.

O governo federal estima que em 2017 vai gastar R$ 10 milhões na manutenção do local, que está fechado desde o fim dos Jogos. Desde agosto, por exemplo, o ar condicionado está ligado para evitar que a pista trazida da Europa estrague.

O Velódromo foi uma das obras mais caras da Olimpíada. Consumiu em recursos públicos mais de R$ 140 milhões. Para 2017, apenas uma competição local está marcada para o equipamento. Nos últimos meses, empresários apareceram com proposta para transformar a pista em um ginásio para futsal e até em discoteca, o que descaracterizaria o investimento e sua função esportiva.

Ricardo Nogare, brasileiro que recebeu da UCI a incumbência de negociar o futuro do Velódromo, acredita que a única forma de garantir a sustentabilidade do local é criar um centro de excelência filiado à entidade internacional para capacitar talentos e também técnicos. Ex-ciclista e campeão brasileiro júnior, ele também é o atual embaixador da UCI para a Comissão de Ciclismo para Todos.

Nogare estima que esse centro atrairia eventos internacionais de grande porte, como uma etapa da Copa do Mundo de pista. "O custo de uma etapa é de cerca de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões", disse ao jornal O Estado de S.Paulo.

"Além disso, pode-se envolver a comunidade local com projetos em escolas incentivando jovens a praticar ciclismo e a usar a bicicleta em suas várias formas, seja como transporte, lazer ou esporte".

Ele garante que a UCI está aberta à discussão. Mas faz um alerta: "O interesse em sediar uma Copa do Mundo ou em criar um centro de treinamento da UCI para a América Latina tem que partir do Ministério do Esporte", afirmou Nogare, que foi o autor da ideia.

O brasileiro diz que a decisão de dar ao Governo Federal a administração do local foi "correta". "Inclusive agiram mais rápido para decidir a questão da administração do que Londres", comentou. "Depois da Olimpíada de 2012, os ingleses levaram quase dois anos para que o local começasse a funcionar e o impasse foi justamente a questão de administração".

De acordo com o brasileiro, o princípio básico é que a única forma de evitar que essa estrutura se torne um elefante branco é trazer eventos internacionais. "Sem eventos deste porte, torna-se inviável manter uma estrutura olímpica que justamente foi construída para sediar competições de alto nível e internacional", explicou.

Para Nogare, usar uma estrutura como a do velódromo para sediar futsal ou eventos não relacionados ao ciclismo possivelmente não seria viável no longo prazo, visto que isto vai contra o legado olímpico e sem impacto econômico relevante na cidade.

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