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Vamos devolver a "cidade de todos", diz Afif sobre mudança da sede do governo para o centro de SP

Guilherme Afif, secretário responsável pelo projeto, revela que consórcios já estão se formando para o projeto que promete transformar o centro de São Paulo com investimentos de R$ 4,7 bilhões

Publicado em 1 de março de 2025 às 06h19.

Devolver a "cidade de todos" para o paulistano. Esse é o mote de Guilherme Afif, secretário de estado de Projetos Estratégicos do governo de São Paulo, ao liderar — e defender — a mudança da sede administrativa do governo estadual do bairro do Morumbi para o centro da capital. 

"O paulistano é bairrista. Você vê as pessoas que falam com orgulho que são da Mooca, Pinheiros ou Tatuapé. O bairro é seu, mas o centro é visto como a cidade de todos. E o centro da cidade foi abandonado por muitos anos. Nosso papel é recuperar e entregar de volta para a população", disse Afif em entrevista exclusiva à EXAME em seu gabinete no Palácio dos Bandeirantes.

Responsável pela elaboração do plano de governo de Tarcísio de Freitas durante a campanha de 2022, que incluiu a mudança da sede como uma das promessas, Afif tem longa experiência na administração pública, e já atuou como vice-governador de São Paulo, ministro da Micro e Pequena Empresa e assessor especial do Ministério da Economia.

Secretário lidera o projeto e afirma que será transformador para a cidade de São Paulo (Mônica Andrade/Governo do Estado de SP/Flickr)

O secretário afirma que o projeto possui grande valor, tanto pelo seu potencial financeiro quanto humano para a cidade, e já movimenta o mercado privado, com consórcios sendo formados para participar do certame, previsto para o fim deste ano.

Hoje, o Centro é considerado degradado pela população e especialistas, e rotineiramente associado à violência e ao consumo de drogas. O novo prédio ficará na área que engloba a Cracolândia, nos arredores da Praça Princesa Isabel e da Estação Júlio Prestes.

Do ponto de vista econômico, o secretário reforça os investimentos de R$ 4,7 bilhões envolvidos no projeto.

A nova sede vai concentrar secretarias e órgãos estaduais em um único espaço. Hoje, o governo paulista conta com mais de 22 mil funcionários distribuídos em 60 prédios em diferentes áreas da capital.

Com as secretárias em um mesmo lugar, espera-se uma economia de R$ 200 milhões por ano aos cofres paulistas. A concessionária que vencer o leilão será responsável pela construção e zeladoria do prédio.

"Vamos sair do pagamento da manutenção de 60 imóveis, que exigem manutenção, contratos, segurança, água, luz e automóveis, para custear a manutenção de 250 mil metros. Além disso, vamos ganhar eficiência. Ao invés de atravessar a cidade para despachar, vai ser só atravessar a rua", diz Afif.

A estrutura também terá espaço para comércios e serviços, para atender os servidores do estado.

A residência oficial do governador continuará nos Bandeirantes, mas Tarcísio terá um escritório para despachar da nova sede. Os prédios que hoje são as secretárias, e estão espalhados pela cidade, poderão ser vendidos ou destinados para habitação popular.

A execução e gestão do projeto serão realizadas por uma Parceria Público-Privada (PPP), com duração de 30 anos. O leilão está previsto para ocorrer ainda neste ano. Neste momento, o projeto segue com a consulta pública aberta até dia 13 de março, período em que a população e especialistas podem enviar sugestões e esclarecer dúvidas. Após esta etapa, o edital será publicado.

A expectativa é de quatro anos de obras, com entrega em 2030. Espera-se a criação de 38 mil empregos diretos e indiretos com a construção da nova estrutura.

Remoção da favela do moinho

Sobre o impacto humano, Afif afirma que o projeto será um grande "choque na região", com a abertura do parque, retirada de muros e grades, e a habitação social em torno do centro.

"O projeto incluí a restauração das casas antigas que ficam no entorno do Palácio dos Campos Elíseos. A ideia é usar esses espaços como museus ou até como projetos que reúnem empreendedorismos social, educação, cultura e criatividade", diz.

A promessa do governo é construir pelo menos 6 mil moradias no centro da capital, com investimento de R$ 2,6 bilhões, realocar o terminal Princesa Isabel, desapropriar 230 imóveis e remover a Favela do Moinho.

"A Favela do Moinho não pode continuar, não tem condições sanitárias nem condições de segurança, porque ela está entre trilhos de trem, com uma entrada só", diz.

O secretário revelou que a ideia é construir um parque público no local e uma estação de trem que interligaria as linhas 7-Rubi e 8-Diamante. Afif acredita que os únicos interessados em manter as coisas como estão são os criminosos, que utilizam o local para o tráfico de drogas para a Cracolândia.

"Já começamos o cadastro das famílias para saírem daquele local e estamos vendo uma grande adesão. As famílias vão entrar na fila para programas de habitação e poderão receber o aluguel social durante a construção. Quem quer que fique do jeito que está é o crime, que usa a população como escudo".

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