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Até onde vai a tendência do pistache no mercado alimentício?

Importações triplicaram em três anos e marcas de todo o país apostam no ingrediente que virou símbolo de sofisticação 

O pistache viralizou no TikTok e fez sucesso com os brasileiros (MurzikNata/Getty Images)

O pistache viralizou no TikTok e fez sucesso com os brasileiros (MurzikNata/Getty Images)

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Publicado em 30 de outubro de 2025 às 07h00.

O pistache, que até pouco tempo era sinônimo de consumo restrito e importado para poucos, agora é protagonista de uma das maiores transformações do mercado alimentício brasileiro.

  • As importações do fruto saltaram de 352 toneladas em 2022 para 1,1 mil toneladas em 2024, segundo dados da ComexStat.
  • Até março deste ano, já haviam sido importadas 366 toneladas.
  • Importações do pistache dos Estados Unidos movimentaram US$ 6,8 milhões em 2024.

Viral? Sim. O pistache é estético, tem sabor incomum e potencial para produtos especiais. Mas como foi que o brasileiro ficou tão vidrado nessa oleaginosa?

Pistache conta com parceria com os EUA e redes sociais

A febre brasileira reflete em grande medida a expansão da produção agrícola americana, que encontrou aqui um mercado receptivo e em franca expansão – os EUA cobrem 86% da nossa demanda. 

Mas a tendência não nasceu do acaso. O TikTok e o Instagram funcionaram como catalisadores decisivos.A cor verde vibrante do pistache e sua textura fotogênica se mostraram ideais para conteúdo viral.

Vídeos de confeiteiros e influenciadores exibindo croissants recheados com cremes ou gelatos conquistaram milhões de visualizações, gerando um ciclo de desejo e curiosidade.

O resultado é visível também no comportamento digital: as buscas por pistache no Google Trends mais que dobraram desde 2023, com picos de interesse em datas como Páscoa e Natal, momentos em que a busca por indulgências e novidades se intensifica.

E aproveitando a onda, as marcas começaram a criar novos produtos

As marcas brasileiras também perceberam rapidamente o potencial comercial da tendência e responderam com lançamentos que vão desde produtos no setor de alimentos e bebidas até cosméticos

  • Collab feita entre o Burger King e a marca da influenciadora Mari Maria trouxe um gloss labial sabor pistache para os consumidores.
  • A Vigor apostou em dois produtos da categoria de iogurtes: um tipo grego — o primeiro com sabor pistache no mercado — e um iogurte líquido individual de 170g.

O caso da Vigor, em especial, denota celeridade na tomada de decisões: a empresa já vinha investindo nas duas categorias de iogurte e incluiu o sabor pistache assim que identificou a tendência. 

“Trouxemos o pistache para a categoria de iogurtes ao identificarmos, por meio de pesquisas de tendências e social listening, uma demanda dos consumidores. É um sabor que já fazia sucesso em confeitarias e sorveterias, e percebemos a oportunidade de traduzi-lo para um produto de conveniência, conta Viviana Teran, gerente executiva de marketing da Vigor.

E as marcas também estão arriscando com produtos salgados

A Danubio lançou o primeiro cream cheese sabor pistache disponível no mercado brasileiro. A escolha por um perfil levemente salgado arrisca ao se aproximar mais do sabor real do pistache torrado — o consumidor está mais acostumado com os doces.

Este é, atualmente, o único cream cheese saborizado à venda no país e o lançamento acontece em um momento favorável para o segmento, que cresceu 15% em relação ao ano anterior.

“Optamos pelo perfil original, levemente salgado, presente nestas oleaginosas. O resultado possibilita o consumo em diferentes momentos do dia, do café da manhã ao lanche da tarde, ou até mesmo como uma pasta para acompanhar torradas e petiscos”, explica Karina Dal Sasso, diretora de marketing da Vigor Alimentos, empresa dona da Danubio.

A febre vai passar ou tem futuro?

Os movimentos do Burger King, Vigor e Danubio ilustram como marcas estabelecidas têm buscado aproveitar a tendência para conquistar os consumidores com inovações.

Ao levar o pistache para categorias menos esperadas, as marcas demonstram que a febre não se restringe às sobremesas tradicionais, mas se espalha por todo o corredor do supermercado e lojas e cardápios de restaurantes.

A questão que permanece é: até onde vai essa febre? Por enquanto, os números de importação e a criatividade das marcas sugerem que o pistache ainda tem muito espaço para crescer no paladar e na mesa do brasileiro.

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