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'Bilhetagem e tecnologia não podem ser acessórios nos sistemas de transporte', diz CEO do setor

Bruno Berezin, que assumiu a presidência da Autopass em agosto deste ano, fala sobre desafios da mobilidade urbana e como tornar o transporte público mais acessível e eficiente

Bilhetagem eletrônica representa possível futuro da mobilidade urbana brasileira
 (PixelsEffect/Getty Images)

Bilhetagem eletrônica representa possível futuro da mobilidade urbana brasileira (PixelsEffect/Getty Images)

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Publicado em 23 de setembro de 2025 às 07h00.

Segundo seu CEO, Bruno Berezin, a Autopass acaba de se tornar a quarta maior empresa de bilhetagem do mundo, título que vem atrelado a um compromisso com a transformação digital.

Berezin chegou em agosto, e comanda uma empresa presente em 53 municípios e com 4,5 milhões de transações diárias. O principal objetivo do executivo é garantir que essa relevância global se traduza em resultados práticos para o Brasil. 

“Estar entre as quatro maiores empresas globais de bilhetagem nos dá não só visibilidade, mas também a capacidade de investir em soluções que realmente transformam a experiência do passageiro”, diz.

Conversamos com ele para entender o papel da bilhetagem eletrônica e a importância da tecnologia no desenvolvimento da mobilidade urbana brasileira. 

A bilhetagem eletrônica costuma ser associada à retaguarda dos sistemas de transporte. Mas qual é, de fato, o impacto desse serviço na experiência do passageiro e na atratividade do transporte público?

Berezin: A experiência do passageiro começa antes do embarque e é exatamente nesse ponto que a bilhetagem cumpre um papel decisivo. Um sistema de cobrança moderno, confiável e eficiente não só garante a sustentabilidade do transporte público, como facilita o uso. 

A Autopass vem ampliando os canais de acesso e pagamento: temos QR Code, PIX, cartões bancários, WhatsApp e carteiras digitais como Google Wallet. Isso tudo ajuda a eliminar barreiras. 

Mas o impacto vai além do pagamento: a bilhetagem gera dados valiosos para os gestores públicos e operadores de transporte, que podem usá-los para planejar melhor rotas, horários e investimentos. 

Quais são os próximos passos da Autopass em termos de expansão nacional e inovação tecnológica? 

Berezin: Bilhetagem e tecnologia não podem ser acessórios dentro dos sistemas de transporte; nosso papel é ser parte da solução para uma tríade complexa: governo, empresas de ônibus e operadores metroferroviários, e o cidadão. Isso exige uma atuação transparente e orientada por resultados reais. 

Nossa expansão nacional passa por sistemas integrados e escaláveis, capazes de conectar diferentes modais de transporte e oferecer uma experiência fluida e centrada no passageiro. 

O objetivo é tornar o transporte coletivo mais acessível, eficiente e previsível, transformando-o em uma escolha natural para os cidadãos em qualquer cidade do país

Com a recente expansão para o Rio, com o Jaé, quais desafios a empresa encontrou e quais oportunidades surgem para o transporte público e passageiros?

Berezin: O sistema de bilhetagem foi concebido prioritariamente no conceito ABT – Account Based Ticket, considerado hoje a tecnologia mais inovadora no transporte público

Diferente dos modelos tradicionais, em que o saldo fica armazenado no cartão, o ABT concentra todas as informações da conta do usuário em uma plataforma digital. Isso permite pagar a jornada diária de forma ágil e sem depender de recarga física.

O Rio de Janeiro se tornará uma referência mundial em sistemas ABT, destacando-se por sua magnitude e pela complexidade das integrações com todos os modais, de forma totalmente online, o que ainda garante acesso a dados operacionais em tempo real.

Hoje, o Jaé processa 2,8 milhões de transações diárias, representando 85% das passagens do transporte urbano da cidade. Quase 55% da população carioca já está cadastrada, com aproximadamente 4 milhões de downloads do aplicativo e 3,3 milhões de cartões emitidos, incluindo os avulsos. 

Cerca de 29% das viagens são realizadas via QR Code, somando quase 1 milhão de usuários por dia. Além disso, contamos com quase 10.000 validadores instalados em modais como ônibus, vans, BRT, VLT e metrô.

O grande desafio é garantir que toda essa tecnologia funcione de forma simples, segura e confiável para os usuários. 

Estamos construindo um futuro em que a bilhetagem será quase invisível – no melhor sentido da palavra. Um futuro em que o passageiro embarca com o que já carrega no bolso, seja um cartão, celular ou código digital, sem precisar pensar no sistema. 

 

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