Startups precisam se preparar para o mercado de capital de risco em 2026 (filadendron/Getty Images)
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Publicado em 14 de novembro de 2025 às 15h00.
Em agosto, o Brasil acumulou 44 rodadas e US$ 349 milhões em aportes, um crescimento de 2% em relação ao mês anterior.
Esse aparente aquecimento do Venture Capital brasileiro, registrado pela Sling Hub e a ABCVC, é boa notícia para as startups.
Mas o valor ainda está abaixo do registrado em 2024 e os empreendedores precisam entender as principais estratégias se quiserem sucesso na aquisição de aportes em 2026.
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Nos últimos anos, cresceu a integração entre capital e conhecimento: investidores buscam se aproximar cada vez mais das operações antes de decidir investir, ajudando a construir valor de forma ativa e pautada no bom relacionamento com empreendedores.
“Principalmente para as startups de impacto social, colaborações de longo prazo e pautadas em capital paciente têm se provado estratégias eficazes para apoiar o desenvolvimento do ecossistema como um todo”, afirma Itali Collini, liderança no Brasil da Potencia Ventures, grupo de investimento focado em negócios de impacto social.
Ivan Yoon, Head de Investimentos da Wayra Brasil e Vivo Ventures, alerta para a necessidade de explicar bem a importância e como funciona seu produto.
“Se o investidor não entender, imagine centenas ou milhares de clientes? O produto precisa estar muito bem definido, seja ele online, físico, uma plataforma ou marketplace. Também é importante que o modelo de precificação esteja claro, seja por assinatura, por projeto, por sucesso ou por originação”, diz.
Quando o investidor e o cliente conseguem comparar a oferta final com o mercado, é possível criar uma tese de diferenciação clara.
A Nekt, plataforma de dados e IA, anunciou recentemente o novo aporte de 1,3 milhões da Norte Ventures – apenas três meses após captar R$ 5 milhões em sua primeira rodada, liderada pela Alexia Ventures e fundadores de RD Station, Trybe, Hapana e Luxor Group.
Os investimentos aceleraram o desenvolvimento do produto, a expansão de mercado e a consolidação da empresa, que já atende 65 clientes e projeta alcançar 100 até o fim de 2025.
“Fazer uma captação calibrada no início pode ser uma boa estratégia. Quando o foco está em resolver o problema certo e mostrar adoção, o próximo aporte tende a vir de forma mais natural — muitas vezes com valorização e menos esforço de captação.
No nosso caso, levantar novamente em poucos meses foi consequência de foco e consistência: produto resolvendo dor real e clientes usando de verdade — inclusive a Norte Ventures, que era nosso cliente antes de virar investidor”.
A Typcal, primeira foodtech da América Latina a desenvolver fermentação de micélio por meio da economia circular, recebeu um aporte de €350 mil da Biotope, aceleradora e investidora em biotecnologia na Bélgica.
O investimento será utilizado para a expansão das estratégias comerciais e de distribuição da empresa e para o desenvolvimento de novos produtos com auxílio de tecnologias avançadas.
“O aporte foi essencial para ampliarmos o aprendizado em relação às necessidades e demandas do mercado consumidor — nacional e internacionalmente — e para desenvolvermos novas estratégias de expansão da capacidade técnica da empresa para transformar o mercado de impacto nos próximos anos.
Além disso, ao receber esse investimento de um fundo internacional, entendemos que não se trata apenas do crescimento de capital, mas demonstra para o mercado nosso amadurecimento e diferencial tecnológico.
Quando um fundo internacional aposta em você, é um sinal de maturidade e diferencial tecnológico. Meu conselho a outros empreendedores é buscar investimento com propósito, que traga não só recursos, mas também visão e aprendizado”, conclui.