No fim, a questão não é se o colaborador pode ser um influenciador. A verdadeira pergunta é outra (VioletaStoimenova/Getty Images)
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Publicado em 17 de setembro de 2025 às 13h00.
Por Geovanni Borsetto
No LinkedIn, no Instagram, no café com amigos ou até no grupo de família, a opinião de um colaborador sobre a empresa em que trabalha tem mais força do que muitos imaginam. Uma frase dita no almoço de domingo ou um post espontâneo no Stories pode valer mais do que uma campanha milionária e, num mundo em que a confiança virou um bem escasso, talvez o maior poder de influência das organizações esteja justamente dentro de casa.
Para muitos profissionais, esse papel vai além de “divulgar notícias” da empresa. Ser influenciador interno é experimentar uma mudança primeiro dentro de si. Um olhar mais atento para a cultura, uma conexão mais forte com as pessoas e uma sensação de pertencimento que se multiplica. Com o tempo, o que começa como divulgação vira propósito, o orgulho de ser parte e de compartilhar essa energia com os demais.
Conexões entre empresa e colaboradores, entre colaboradores entre si e até entre o ambiente corporativo e a comunidade. É agir como facilitador, apresentando soluções, fortalecendo vínculos, abrindo canais e criando pontes. Muitas vezes, o engajamento surge do boca a boca, dos vídeos compartilhados, das pequenas conversas que revelam o que realmente acontece dentro da companhia.
E há também o papel silencioso, mas poderoso: o de ser exemplo. Quem se vê como embaixador da cultura entende que a influência não se faz apenas pelo discurso, mas pela prática. É o comportamento diário, a transparência na comunicação, a dedicação ao coletivo e a disposição de reconhecer talentos que criam uma rede de vozes alinhadas. Essa rede, quando se fortalece, não apenas engaja, ela inspira.
É nesse ponto que muitas organizações tropeçam. A influência não se força, ela nasce de dentro para fora. Se a cultura organizacional não inspira pertencimento, não há hashtag que resolva. Um ambiente coerente com seus valores gera vozes espontâneas que ecoam para fora dos muros corporativos. Já um discurso desconectado da prática produz silêncio, ou pior, críticas que viralizam.
Ao enxergar o colaborador como influenciador, a empresa assume um compromisso mais profundo, como alinhar discurso e prática, dar protagonismo real às pessoas, reconhecer talentos e permitir que as histórias circulem sem maquiagem. É uma aposta de longo prazo que fortalece não só a marca empregadora, mas também a relação com clientes, parceiros e até investidores.
O impacto é claro. Empresas que cultivam embaixadores internos autênticos reduzem custos com atração de talentos, conquistam reputação sólida no mercado e aumentam a capacidade de reter pessoas. E esse movimento tem efeito direto nos resultados. Segundo estudo da Gallup, organizações com funcionários altamente engajados são 21% mais lucrativas do que as demais. Ou seja, investir em cultura interna não é romantismo corporativo, é estratégia de negócios.
No fim, a questão não é se o colaborador pode ser um influenciador. A verdadeira pergunta é: sua empresa inspira as pessoas a quererem ser a voz dela?
Em tempos de hiperexposição e excesso de discursos publicitários, talvez o futuro da influência não esteja nos contratos milionários, mas na força de uma cultura que transforma cada colaborador em um embaixador espontâneo. Porque, no final das contas, a marca mais poderosa é aquela que vive dentro das pessoas que a constroem todos os dias.
*Geovanni Borsetto é Gerente de Marketing da Paschoalotto