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Opinião: enquanto as marcas se distraem nos grandes centros, o interior dita o futuro do varejo

O futuro não está nas capitais lotadas, mas nos milhares de municípios que anseiam por marcas que realmente os enxerguem

Um gesto simples, como oferecer cerveja e amendoim aos sábados, dobra a visitação e o tempo de permanência, o que raramente acontece nas capitais (MesquitaFMS/Getty Images)

Um gesto simples, como oferecer cerveja e amendoim aos sábados, dobra a visitação e o tempo de permanência, o que raramente acontece nas capitais (MesquitaFMS/Getty Images)

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Publicado em 23 de julho de 2025 às 15h00.

Por Rubens Inácio*

O varejo brasileiro vive uma virada de chave decisiva. Enquanto as grandes redes duelam por espaço e atenção em centros urbanos saturados, um mercado gigantesco e ainda pouco explorado cresce discretamente no interior do país, criando um valioso  nicho de mercado que muitas marcas ainda fingem não ver ou não julgam digno de atenção. Ignorar essa realidade é perder o jogo antes mesmo de começar.

A questão aqui não é só a guerra de preços ou a concorrência acirrada, mas também a concentração equivocada dos investimentos. Segundo o IPC Maps 2025, as capitais representaram, aproximadamente, 27% do poder de consumo brasileiro; já as regiões metropolitanas foram responsáveis por apenas cerca de 45% do consumo nacional. No entanto, quando olhamos para o interior, identificamos um avanço e hoje responde por mais de 55% do mercado consumidor brasileiro.

Mas, para conquistar esse público, é preciso ir além do produto, até porque ele está a um clique de distância. O que esse consumidor realmente quer é ser visto e valorizado. Estão cansados de serem um “cliente órfão”, ignorado pelas marcas que centralizam suas estratégias somente nas grandes cidades.

Interior é mercado promissor

No interior, o cliente valoriza relacionamento, pertencimento e experiências que vão além da compra. Nossos dados mostram que, em cidades médias com economia sólida, as lojas viram pontos de encontro. Um gesto simples, como oferecer cerveja e amendoim aos sábados, dobra a visitação e o tempo de permanência, o que raramente acontece nas capitais.

Sabendo disso e olhando com atenção para o interior do país, nossa estratégia se concentrou em cidades com população entre 50 mil e 150 mil habitantes, alto Índice de Desenvolvimento Humano e forte presença do agronegócio ou da indústria. São regiões com economia ativa, consumidores exigentes e, principalmente, carência de marcas que realmente se conectem com suas realidades. Quando esse encontro acontece, o resultado vai além da venda: cria vínculos e gera valor de forma mais consistente e duradoura.

Essa é a nova cara do varejo brasileiro

O futuro não está nas capitais lotadas, mas nos milhares de municípios que anseiam por marcas que realmente os enxerguem. Investir no interior não serve apenas para ganhar mercado, ajuda a construir relacionamentos duradouros com os clientes e uma base sólida para crescer de verdade. Essa é a hora de virar o jogo, sair da mesmice e apostar onde o futuro do consumo brasileiro realmente acontece. Ignorar essa realidade não é uma escolha, é um risco que nenhuma marca pode se dar ao luxo de correr.

*Rubens Inácio é CEO da TXC.

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