Compass: instalação reforça infraestrutura para ampliar oferta de gás natural no Brasil (Cosan/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 5 de maio de 2025 às 10h18.
Última atualização em 5 de maio de 2025 às 10h21.
O mercado de gás natural no Brasil projeta um cenário promissor de crescimento. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2024 (PDE 2024), divulgado em setembro pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a demanda nos segmentos industrial, comercial e residencial deve crescer, em média, 3,2% ao ano nos próximos dez anos.
Para acompanhar esse avanço, os investimentos no setor — considerando projetos já previstos e outros ainda em fase indicativa — podem alcançar até R$ 150 bilhões no período. Parte significativa desses aportes pode vir da iniciativa privada, que vem ampliando sua participação no mercado.
Um exemplo é a Compass – empresa criada pela Cosan para abrir opções num mercado de gás cada vez mais livre e competitivo. Desde sua criação, em março de 2020, a companhia já investiu mais de R$ 12 bilhões no mercado de gás natural.
A primeira iniciativa no setor, no entanto, começou em 2012, com a aquisição da Comgás. Na gestão da concessionária, a Cosan desenvolveu um modelo baseado no trinômio segurança, excelência operacional e atendimento ao cliente.
Hoje, a Comgás é a maior distribuidora do país, com mais de 2,6 milhões de clientes em áreas como a região metropolitana de São Paulo, Campinas e região, Vale do Paraíba e Baixada Santista. Em 2024, conectou mais de 160 mil novos clientes à sua rede e foi reconhecida, pelo 16º ano, com o primeiro lugar no prêmio “Safety Achievement Award” da American Gas Association (AGA), referência global em segurança.
“É um olhar de longo prazo. Investimentos como esses promovem o desenvolvimento econômico, a transição energética e, consequentemente, o crescimento do país", destaca Adriano Zerbini, vice-presidente de Comunicação, Sustentabilidade e Institucional da Compass.
Com toda essa experiência, a Compass expandiu sua atuação. Em 2021, adquiriu o controle da Sulgás, no Rio Grande do Sul. Em 2022, lançou a Commit, parceria com a Mitsui, que participa de seis distribuidoras de gás canalizado. E, em setembro de 2024, comprou o controle da Compagas, no Paraná.
Além das controladas Sulgás, Necta (no noroeste paulista) e Compagas, a Commit tem participação nas concessionárias SCGÁS (Santa Catarina), MSGÁS (Mato Grosso do Sul) e CEG-Rio (Rio de Janeiro), mantendo foco estratégico no Centro-Sul do país.
Uma das entregas relevantes da Compass foi a criação da Edge, empresa com visão voltada para um mercado livre, flexível e competitivo. O modelo de negócios da Edge inclui ativos estratégicos de infraestrutura, logística e comercialização de gás natural e biometano.
Um destaque é o Terminal de Regaseificação de São Paulo (TRSP), em Santos (SP), com capacidade de regaseificar 14 milhões de m³ de gás por dia, inaugurado em julho de 2024. O GNL será usado para descarbonizar indústrias longe da malha de gasodutos por meio de modal rodoviário.
Outro projeto importante é a construção da planta de purificação de biometano da OneBio, em parceria com a Orizon, em Paulínia (SP), com início previsto para o segundo semestre de 2025. A produção pode alcançar 180 mil m³ por dia. A Edge foi pioneira no desenvolvimento do mercado livre de gás no Brasil, com clientes em diversos setores e estados.
Com grau avançado de maturidade tecnológica, o gás natural é uma solução estudada para reduzir emissões de GEE (gases de efeito estufa), especialmente nos setores chamados hard-to-abate (setores de difícil descarbonização), como o transporte pesado e segmentos industriais.
O Brasil tem metas de redução de emissões até 2050 e o setor de transportes representa quase 50% das emissões de CO₂e.
Nessa jornada, a substituição do diesel por gás natural e biometano tem ganhado força, com um aumento de 49,5% nas vendas de caminhões e ônibus a gás de janeiro a novembro de 2024. Segundo Marcelo Mendonça, diretor técnico-comercial da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o maior potencial está nas frotas pesadas.
“É fundamental que políticas públicas incentivem o uso de gás natural como substituto mais eficiente do diesel em veículos pesados como caminhões de carga e de transporte de passageiros, a exemplo do que vemos em outros países, como Espanha, Colômbia e Estados Unidos”, afirma.
“É uma grande oportunidade para descarbonizar a economia brasileira e pode fomentar o aumento da oferta de biometano, uma vez que o biometano é fungível com o gás natural.”