(Apple/Divulgação)
CEO e sócio da FESA Group - Colunista Bússola
Publicado em 18 de julho de 2025 às 15h00.
Como sabem, sou apaixonado por esportes e carros. Por isso, eu não poderia deixar passar em branco: neste fim de semana, fui com minha esposa e filhos assistir ao tão aguardado filme da Fórmula 1. Os meninos e eu fomos com a expectativa de vermos as histórias, o Senna e os carros. Já minha esposa, obviamente, estava com o objetivo de assistir a atuação do protagonista, estrelado por Brad Pitt.
Além da excelente produção e das conexões com histórias reais da Fórmula 1, o filme atiçou minha cabeça nos meus inúmeros comparativos que costumo fazer. Confesso que, mais do que os carros, as pistas ou os efeitos, o que mais me prendeu foi o subtexto: o de um profissional experiente, que já esteve no auge e que retorna. Não por ego, fama ou dinheiro, mas porque ainda ama aquilo que faz. E tem uma das coisas mais valiosas que um ser humano pode ter: o poder de escolher.
O personagem, como tantos que cruzam os 50 anos de vida, já não tem mais nada a provar para ninguém. Ele vive o raro privilégio de tomar decisões baseadas em significado, não em necessidade. Isso me fez pensar em muitos profissionais reais que conheço e também em mim mesmo. Conversando com centenas de executivos C-level por ano, vejo um aprisionamento de muitos quanto ao título da posição, dinheiro, poder e fama.
Costumo fazer uma pergunta bem impactante quando o tema é dinheiro, pois muitos acham que precisam de dezenas ou até mesmo centenas de milhões no banco para poder viver um futuro “sem preocupações”. Provoco dizendo que, na realidade brasileira, 99% das pessoas não entenderiam por que você (ou nós) continuamos trabalhando. Ou seja, 99% dos brasileiros, se tivessem o patrimônio médio de executivos de alta gerência para cima, não precisariam mais trabalhar. Ou seja, você tem claro o porquê continua fazendo o que faz? Apreciar a jornada é tão ou mais importante do que o destino final.
Buscamos fluidez, propósito e liberdade. Durante muito tempo, vivemos com a crença de que “a arte imita a vida”, como ensinou Aristóteles. Mas talvez, ao amadurecer, tenhamos o privilégio de viver o oposto. Como escreveu Oscar Wilde: “A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida.”
Quando deixamos de correr atrás da aprovação externa, passamos a desenhar nossa existência como uma obra e uma tela onde finalmente escolhemos as cores, as pausas e os silêncios. A beleza disso está justamente na consciência do tempo. Não é mais sobre quantidade, mas sim sobre qualidade.
Sem dar spoiler, em dois momentos bem cruciais do filme, o protagonista responde a dois trabalhadores que fazia aquilo não pelo dinheiro. Ambos retrucam, dizendo: “Mas, qual é o motivo, então?” Ele dá um sorriso de canto com ar de satisfação e responde: “É pelo amor e pelo prazer em fazer aquilo que mais gosta.” Ou seja, é pelo legado dele.
Enfim, seria quase um “Nirvana Corporativo”: chegar a um lugar sem precisar de egos ou vaidades, sem peso, só curtindo a fluidez da maturidade e sabedoria.
O filme é sobre a Fórmula 1, mas poderia ser sobre qualquer um de nós que, depois de muitas voltas no circuito profissional, começa a entender que estar em paz com quem se é, é a maior vitória.
E talvez, nesse momento, a arte e a vida deixem de disputar quem imita quem e passem a correr lado a lado.
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