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Gestão baseada em dados e pessoas dribla desafios macroeconômicos

Em entrevista, presidente-executivo do Grupo Edson Queiroz detalha a estratégia multissetorial que tem garantido estabilidade para a holding

Carlos Rotella, presidente-executivo do Grupo Edson Queiroz (GEQ) (GEQ/Divulgação)

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Publicado em 14 de maio de 2025 às 10h55.

Última atualização em 14 de maio de 2025 às 11h14.

“Ser uma companhia multissetorial é, acima de tudo, um exercício contínuo de equilíbrio entre profundidade técnica e visão sistêmica”, diz Carlos Rotella, presidente-executivo do Grupo Edson Queiroz (GEQ). À frente da holding que contém as marcas Minalba Brasil, Nacional Gás, Esmaltec e Sistema Verdes Mares, Rotella observa como os resultados de 2024 comprovam a eficácia da sua estratégia baseada em dados e pessoas. 

  • O grupo encerrou o ano passado com (EBITDA) R$ 1,7 bilhão – crescimento de 36% em relação ao ano anterior. 
  • A receita bruta, por sua vez, foi de R$ 12,8 bilhões – resultado 5% superior em relação a 2023.

Nos últimos cinco anos, o Grupo Edson Queiroz registrou um crescimento médio anual de EBITDA de 34%. Conversamos com Rotella para entender como ele faz acontecer a gestão de uma empresa presente em quatro setores diferentes. 

Quais fatores você acredita que foram cruciais para o crescimento do EBITDA e como o grupo planeja mantê-lo no futuro?

Os resultados positivos de 2024 refletem a disciplina e a cautela que adotamos em cada decisão estratégica, pilares que sustentam a solidez e a estabilidade do Grupo Edson Queiroz. 

Consolidamos, ao longo do ano, um modelo de crescimento sustentável, com resultados positivos em todas as frentes de atuação. Seguiremos investindo com responsabilidade e visão de futuro: em inovação, na eficiência dos nossos processos e, sobretudo, no desenvolvimento das nossas pessoas

Estamos comprometidos não apenas com resultados financeiros robustos, mas também com o impacto social positivo que geramos e com a construção de uma companhia relevante e perene. 

Quais os principais desafios de ser uma empresa multissetorial?

Cada setor em que atuamos possui dinâmicas próprias — seja no comportamento do consumidor, nas exigências regulatórias ou nos impactos macroeconômicos. Por isso, adotamos estratégias customizadas, sustentadas por uma gestão altamente conectada e orientada por dados.

Um dos nossos maiores desafios — e também uma das nossas fortalezas — é garantir crescimento consistente em todas as frentes, mesmo diante de cenários variados. Para isso, o Grupo Edson Queiroz tem investido de forma decidida em governança, tecnologia e no fortalecimento de lideranças preparadas para tomar decisões com visão de longo prazo.

A diversificação, por outro lado, nos proporciona resiliência e capacidade de adaptação, foi essa estrutura que nos permitiu enfrentar com solidez os últimos anos de instabilidade econômica, mantendo o Grupo financeiramente saudável e em crescimento contínuo. 

Como as mudanças nas taxas de juros impactam as operações e a estratégia de investimentos do GEQ?

O cenário macroeconômico atual impõe desafios importantes, especialmente com a manutenção das taxas de juros em patamares elevados. Esse movimento impacta diretamente o consumo, restringe o crédito e exige atenção redobrada por parte de toda a cadeia produtiva. 

Iniciamos o ano em um ambiente mais desafiador do que o anterior, com reflexos claros no varejo, que tem operado com estoques mais ajustados. Esses fatores exigem resiliência, agilidade e uma gestão comprometida com o longo prazo.

Apesar do crescimento da receita, como o GEQ está gerenciando suas margens de lucro em um ambiente de custos crescentes?

Nossa prioridade é clara: atender com excelência nossos clientes e apoiar continuamente nossas equipes, mantendo a operação sempre sintonizada com a realidade do mercado. Trabalhamos com foco e equilíbrio, evitando que ruídos externos ou oscilações momentâneas de indicadores influenciem negativamente nossas decisões e rotinas operacionais.

Encerramos o primeiro trimestre com um desempenho sólido, dentro do que projetamos. Seguimos confiantes em relação ao segundo trimestre, mantendo o alinhamento com nossas metas, mesmo diante de um cenário global marcado por tensões geopolíticas, inflação persistente e restrição de crédito. Até aqui, não enfrentamos desvios significativos em relação ao nosso planejamento — um reflexo da nossa resiliência e antecipação ao mercado. 

Quais são as projeções financeiras para o GEQ em 2025, considerando o cenário econômico atual?

Nosso foco é continuar investindo em nossas operações, direcionando parte dos nossos investimentos principalmente para Minalba Brasil e Nacional Gás.

A Minalba Brasil tem se consolidado como uma liderança em um mercado que cresce anualmente a dois dígitos. As perspectivas para os próximos cinco anos são altamente positivas, especialmente no segmento de água mineral, que vem se fortalecendo de forma consistente. 

Como empresa multimarca, atendemos uma ampla gama de consumidores — desde nichos premium, com águas importadas, até marcas líderes como São Lourenço, Minalba e Indaiá. Com esse cenário de expansão, tomamos a decisão estratégica de dobrar a capacidade produtiva da Minalba Brasil, o que exigirá um investimento em CAPEX superior a R$ 200 milhões nos próximos dois anos.

Na Nacional Gás, planejamos destinar em torno de R$ 150 milhões por ano, ao longo dos próximos cinco anos, à modernização de nossas bases de GLP, seguindo o bem-sucedido modelo da base de Suape. 

O foco é claro: fortalecer ainda mais nossos padrões de segurança, otimização e sustentabilidade dos nossos processos. Estamos comprometidos em garantir uma operação acessível, eficiente e socialmente relevante, que continue cumprindo um papel essencial na vida de milhões de brasileiros. 

Se água e gás estão em alta por fatores externos, como o GEQ garante que os outros braços do grupo vão acompanhar o crescimento?

Com uma trajetória marcada pela solidez e capacidade de adaptação, o GEQ tem um posicionamento claro: continuar crescendo, independentemente das tendências do mercado de água e gás. Um exemplo disso é a Esmaltec, que registrou crescimento significativo, impulsionado pelo lançamento de produtos inovadores, como uma linha de fogões “Ideal” e os refrigeradores Inverter “ROC35”, que são mais econômicos e possuem certificação A+++ do Inmetro. 

O fortalecimento das exportações para a América Latina e o avanço nas vendas pelo mercado digital têm consolidado a estratégia da marca, que planeja novos investimentos em seu portfólio de produtos e em processos industriais.

Além disso, o Sistema Verdes Mares, empresa de comunicação do GEQ, um dos principais conglomerados de mídia do Nordeste, está acelerando sua transformação digital. Nos últimos anos, esse processo ganhou ainda mais impulso. O SVM está implementando um projeto estruturante que visa oferecer uma experiência de assinatura integrada e customizada por nicho. Com a unificação de e-commerce, automação de marketing, CRM e ID único, a iniciativa aumenta a capacidade do grupo de proporcionar interações personalizadas e valor em tempo real, desde o primeiro contato até a fidelização.

Essa atualização não se trata apenas de tecnologia; representa uma mudança estratégica em que o SVM se posiciona como uma media tech, combinando conteúdo de qualidade com inteligência de dados, performance e inovação contínua. 

De que maneira o GEQ pretende alocar recursos para novas tecnologias nos próximos anos, e quais áreas de inovação são prioritárias?

No campo da inovação, demos um passo importante com o início da nossa evolução tecnológica: a adoção do SAP S/4HANA. Esse projeto visa incrementar a integração e padronização da gestão das empresas do grupo, otimizando processos e impulsionando a eficiência operacional, além de disponibilizar uma plataforma sustentável que explore ao máximo as funcionalidades padrão do ERP.

Além disso, decidimos investir na plataforma Salesforce, que permitirá integrar todo o processo de vendas das empresas do grupo.

Ao mesmo tempo, o novo cenário de digitalização do consumidor final é uma realidade que afetará todos os nossos negócios e, portanto, projetos estratégicos estão sendo implantados em todas as áreas e segmentos do grupo.

Adicionalmente, o grupo vem investindo de forma robusta no desenvolvimento do seu capital humano, com projetos vinculados ao fortalecimento da cultura “conectando o legado do fundador ao futuro” e ao bem-estar dos colaboradores, fortalecendo os atributos “um só time e centralidade no cliente”.

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