Alimentação saudável ainda custa caro (FG Trade /Getty Images)
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Publicado em 23 de setembro de 2025 às 13h00.
Apesar da queda de 0,11% na inflação no mês de agosto, famílias mais pobres e compostas por até 3 pessoas ainda precisam gastar R$ 1.224 para encher armários com a cesta NEBIN, padrão para alimentação saudável – salário mínimo é de R$ 1.518.
A cesta em questão, é composta majoritariamente por alimentos in natura e minimamente processados, recomendados para uma dieta saudável. Em agosto, ela passou de R$ 415 para R$ 408.
Segundo os dados, do Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação de Alimentos, produzido pelo Instituto Pacto Contra a Fome, os alimentos da NEBIN – frutas, legumes, cereais, ovos, pescados e carnes frescas – tiveram alta de 7,84% no acumulado de 12 meses, enquanto os ultraprocessados tiveram 6,81%.
Acontece que os alimentos saudáveis são muito mais sensíveis à variação de preço por fatores como clima e outros choques. Para Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Pacto Contra a Fome, os dados mostram um alerta importante:
“Relatório das agências da ONU aponta que 24% dos brasileiros não consegue pagar por uma dieta saudável. Isso reforça a necessidade de políticas públicas que reduzam a volatilidade dos preços e garantam alimentação adequada, contínua e sustentável”.
No grupo de Alimentos e Bebidas, o boletim registrou uma deflação pela terceira vez consecutiva em agosto (-0,46%), com redução na alimentação dentro e fora do domicílio. Mas esta redução não é sentida uniformemente pela população.
O Pacto Contra a Fome ressalta que a inflação tem pesos diferentes para cada faixa de renda. A queda dos preços de alimentos e bebidas foi mais acentuada para as famílias de menor renda (INPC -0,54%) do que para a média geral (IPCA -0,46%).
A análise reforça que, mesmo diante da deflação geral, o aumento em itens como plano de saúde, aluguel, condomínio e gás de botijão tende a manter restrições sobre a renda disponível, especialmente entre as famílias de menor poder aquisitivo.