Identificar e corrigir comportamentos inadequados não é apenas uma questão de convivência (ciricvelibor/Getty Images)
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Publicado em 25 de novembro de 2025 às 15h00.
Por Raphael Martines*
O ambiente de trabalho deve ser um espaço de respeito, cooperação e crescimento. No entanto, é cada vez mais comum que, em meio à pressão por resultados e às dinâmicas corporativas intensas, surjam comportamentos inadequados, muitas vezes sutis, que comprometem o bem-estar coletivo e a produtividade das equipes.
Saber identificar esses comportamentos é fundamental para prevenir conflitos e evitar consequências jurídicas graves, tanto para empresas quanto para colaboradores.
Segundo o Tribunal Superior do Trabalho (TST), entre 2020 e 2024 foram registrados mais de 450 mil processos envolvendo alegações de assédio moral e pedidos de indenização por danos morais decorrentes desse tipo de conduta, o que evidencia como atitudes abusivas seguem presentes no cotidiano corporativo.
Compreender isto é o primeiro passo. Eles se caracterizam pela repetição e pela intenção de constranger, isolar ou desestabilizar outra pessoa. Exemplos comuns incluem:
Muitas vezes são disfarçados de “brincadeiras” ou “feedbacks duros”, mas acabam gerando impactos emocionais e jurídicos relevantes.
A gravidade do tema também fica evidente no estudo da KPMG Brasil, publicado em 2024, que aponta que apenas 20% das vítimas de assédio moral ou psicológico chegam a denunciar — geralmente, é o medo de retaliação ou descrédito no ambiente de trabalho que impede a denúncia.
A baixa taxa de denúncias reforça a necessidade de fortalecer a cultura de escuta, acolhimento e segurança dentro das organizações.
Do ponto de vista jurídico, empresas e lideranças têm o dever de adotar medidas preventivas e corretivas, promovendo políticas de conduta claras, treinamentos sobre respeito e ética, além de canais de denúncia realmente acessíveis e confidenciais.
Essas práticas não apenas reduzem riscos trabalhistas, mas também constroem uma reputação sólida e relações de confiança, fatores essenciais para a sustentabilidade de qualquer negócio.
Para os profissionais, o cuidado deve ser duplo: observar padrões de comportamento e agir de forma assertiva diante de situações inadequadas.
Registrar os episódios, buscar apoio interno e, se necessário, orientação jurídica são atitudes fundamentais para garantir a proteção de seus direitos.
Quando o respeito se torna parte da cultura organizacional, as relações se fortalecem, os resultados melhoram e o risco de conflitos diminui.
Identificar e corrigir comportamentos inadequados não é apenas uma questão de convivência, é uma questão de responsabilidade, de gestão e, acima de tudo, de justiça.
*Raphael Martines é diretor da HRCA. consultoria especializada em oferecer suporte para empresas e pessoas físicas, com soluções focadas na proteção de direitos.