Como dar feedback (Dilok Klaisataporn/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 8 de maio de 2025 às 10h00.
MindFlow - Por Cecilia Ivanisk, fundadora da Learn to Fly
Quantas vezes você já terminou um trabalho importante e recebeu apenas um "obrigado" seguido do pedido de uma nova demanda? Ou quantas conversas importantes com pessoas da sua equipe você adiou porque pareciam desconfortáveis demais? Em ambas as situações, a falta de feedback abre espaço para ruídos desnecessários e pode desmotivar ou enfraquecer relações. Mas por que será que evitamos tanto essas conversas? Por que é tão desafiador dar e receber feedback?
A neurociência nos dá pistas interessantes nesse sentido. Nosso cérebro tende a processar críticas como ameaças reais, ativando as mesmas regiões cerebrais associadas à dor física. Assim, quando alguém aponta uma falha em nosso trabalho ou comportamento, a mesma área do cérebro que se acende quando, por exemplo, queimamos um dedo, passa a disparar sinais de alerta. É por isso que aquele nó na garganta ou frio na barriga antes de uma conversa difícil não é imaginação, mas sim nosso cérebro literalmente se preparando para sentir "dor".
Então melhor deixar para lá, certo? Errado! Porque é justamente esse "desconforto temporário" que nos faz crescer. Segundo o pesquisador Mihaly Csikszentmihalyi, feedbacks precisos e imediatos, mesmo quando desconfortáveis, fornecem informações essenciais para que possamos ajustar nosso desempenho, desenvolver novas habilidades e, consequentemente, experimentar mais estados de flow (aqueles momentos em que estamos tão envolvidos fazendo algo que nem vemos o tempo passar), o que resulta em maior satisfação, produtividade e bem-estar.
Os dados reforçam essa ideia. Pesquisas da Gallup revelam que colaboradores que recebem feedback frequente têm o dobro de possibilidade de se sentirem engajados. Você já parou para pensar no impacto disso? Dobrar o engajamento da sua equipe apenas comunicando melhor o que já está em sua mente!
Se você é quem busca feedback, o melhor caminho é ser proativo. Pergunte diretamente: "O que funcionou bem no meu último projeto?" ou "Onde posso melhorar?". Proponha conversas curtas em vez de aguardar avaliações formais.
Se você lidera pessoas, existem métodos práticos que podem ser adequados a cada momento, situação ou liderado. Aqui alguns exemplos de métodos de feedback mais utilizados no mercado:
Exemplo: "Na reunião de ontem [situação], quando você discordou da ideia sem oferecer alternativas [comportamento], a equipe ficou desestimulada e perdemos tempo precioso [impacto]."
Exemplo: "Paulo, pare de deixar e-mails urgentes sem resposta. Comece a bloquear 30 minutos na agenda para comunicações. Mantenha sua excelente análise estratégica – ela tem sido fundamental."
Exemplo: "Sua entrega não resolveu o que precisamos. Vamos refazê-la juntos? Estou aqui para te ajudar."
Se o desconforto é quase inevitável, a preparação é o que transforma uma conversa difícil em uma oportunidade real de desenvolvimento. Aqui alguns pontos para te ajudar nessa empreitada:
Lembre-se que aquela conversa que você está evitando pode ser exatamente o catalisador que alguém precisa para se desenvolver. Agora seja sincero: que conversa difícil você está postergando e já pode dar andamento, hein!?
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube