(Andriy Onufriyenko/Getty Images)
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Publicado em 15 de julho de 2025 às 15h00.
Por Rapha Avellar, CEO e fundador da BrandLovers.
Toda empresa tem uma lista de gargalos que parece não ter mais fim — são pendências que estão ali há tanto tempo que viraram parte da rotina. Atraso nos briefings, falta de padronização nos relatórios, desalinhamento entre áreas e reuniões desnecessárias são só alguns dos muitos exemplos.
Por comodidade ou falta de tempo, aprendemos a conviver com eles; até o dia em que resolvemos enfrentá-los de frente, com a ferramenta certa.
Foi exatamente o que fizemos em um experimento recente com o nosso time. Lançamos um desafio simples: 24 horas para usar inteligência artificial e resolver um problema da empresa.
Em um único dia, conseguimos encaminhar mais de 20 soluções para pendências que estavam atrapalhando o dia a dia da empresa. Como? Atualizamos o organograma da empresa com 24 novos agentes de IA.
Esses novos agentes de IA surgiram prontos para otimizar tarefas que, até então, consumiam horas da nossa rotina: atendimento, cobrança, geração de conteúdo, onboarding, análise de dados. Tudo ganhando velocidade por meio dessa nova dupla formada por tecnologia e ser humano.
Apesar de todo esse movimento interno ter revolucionado os nossos processos, o mais interessante não foi exatamente o número de gargalos resolvidos — foi, na verdade, o novo repertório que esse desafio gerou. A lógica de "esperar que alguém resolva" deu lugar à cultura do “vamos criar um agente pra isso?”.
A inteligência artificial virou uma extensão do time, não uma ameaça a ele. Na prática, as pessoas perceberam que cada agente criado substitui burocracia, não gente. É um recurso valioso que libera tempo e energia para que os profissionais se concentrem naquilo que são realmente insubstituíveis: pensamento estratégico, criatividade, conexão.
Como CEO, fico refletindo ainda sobre outra questão: se em 24 horas conseguimos esse resultado com um hackathon interno, o que empresas que têm infinitamente mais recursos não conseguiriam alcançar?
Mais ainda: o que está impedindo que elas resolvam seus gargalos? Será que, parte do problema, não está no fato de tantas lideranças tratarem IA como um projeto de inovação futura e não como alavanca operacional presente? Na minha opinião, a resposta está, em parte, na inércia; e, em parte, na ilusão de que a transformação exige grandes revoluções.
Quando você dá autonomia e ferramentas para um time resolver um problema a IA para de ser uma buzzword. Ela vira resultado.
A verdade é que, hoje, muitos dos gargalos que foram normalizados nos negócios poderiam ser resolvidos com rapidez e eficiência, mas falta dar esse passo e começar a testar a IA no dia a dia. É um movimento que busca trazer a tecnologia para o agora e o operacional, em vez de “guardá-la” para o futuro e o aspiracional.
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