Perdas bilionárias tendem a aumentar até meados do século (BrianAJackson/Getty Images)
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Publicado em 6 de novembro de 2025 às 07h00.
As perdas relacionadas ao clima em 2024 ultrapassaram US$ 300 bilhões e podem chegar a 20% do PIB global até meados do século.
As consequências da crise climática podem ser graves a ponto de haver deslocamento de 700 milhões de pessoas até 2030 devido à escassez de água.
No entanto, o investimento em adaptação ao risco sistêmico atual é criticamente baixo: representa uma fração de 1% do investimento global e menos de 5% dos investimentos estimados relacionados ao clima.
O alerta é do relatório "Ascensão da Economia de Adaptação: Investindo em Adaptação e Resiliência em um Mundo Além de 1,5ºC".
O relatório é uma iniciativa da Morphosis, organização Suíça, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas, o Instituto Itaúsa, o Paulson Institute e a Basilinna, antecipando as discussões da COP30.
O relatório aponta que o capital privado é urgentemente necessário, dada a desafiadora posição financeira da maioria dos governos, mas seu volume hoje é "insignificante".
O motivo principal para este gargalo são os retornos financeiros reprimidos, causados pela precificação incorreta do risco climático e por políticas públicas inadequadas ou inexistentes.
A publicação apresenta o primeiro desenho de política pública integrada e amplamente aplicável, apoiado por estudos de caso do Brasil e da China, projetado para catalisar e moldar mercados para a "Economia de Adaptação", atraindo o capital privado necessário para escalar soluções de resiliência.
“À medida que o mundo ultrapassa 1,5°C, a adaptação torna-se o desafio central do nosso tempo. Para proteger vidas, meios de subsistência e economias, devemos catalisar o investimento privado, moldando mercados que recompensem soluções de adaptação acessíveis e escaláveis com a urgência que o momento exige”, diz Marcelo Furtado, diretor executivo do Instituto Itaúsa e Head de Sustentabilidade da Itaúsa.
O relatório insta os formuladores de políticas a criar mercados que recompensem financeiramente os negócios focados em soluções de adaptação, saindo de uma lógica puramente de custo.
"A ação política é necessária para criar mercados que recompensem os negócios de soluções de adaptação, permitindo-lhes atrair capital privado, inovar e escalar, e reduzir os custos para garantir a acessibilidade", explicou Simon Zadek, Sócio-Gerente da Morphosis.
Embora alguns mercados de adaptação já existam - como sementes resistentes à seca, materiais resilientes ao calor, serviços climáticos digitais e produtos de seguro – o estudo aponta que eles são "fragmentados e subcapitalizados".
Esta, inclui incorporar a adaptação em estratégias industriais, políticas de comércio e investimento, padrões, regulamentações e compras públicas. Estruturas de adaptação poderiam:
Embora a energia renovável tenha se tornado uma indústria multitrilionária por meio de políticas direcionadas, os mercados de adaptação permanecem fragmentados e subvalorizados.
Cada US$ 1 investido em adaptação pode render até US$ 5 em perdas evitadas e benefícios econômicos, ressaltando o forte potencial de retorno dos investimentos orientados para a adaptação.
"Ao combinar ferramentas financeiras com intervenções políticas que estimulam a demanda, reduzem barreiras e permitem a inovação, o quadro mostra como a adaptação pode evoluir de uma preocupação de nicho para um componente sistêmico, investível e inclusivo da economia global", concluiu Deborah Lehr, vice-presidente do Paulson Institute e diretora executiva da Basilinna.