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Por que três em cada quatro funcionários pensam em trocar de emprego por causa do chefe?

Conheça três aspectos fundamentais para combater a insatisfação, muitas vezes silenciosa, que prejudicam a saúde mental, a cultura organizacional e a retenção de talentos

 (skynesher/Getty Images)

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Publicado em 18 de junho de 2025 às 10h00.

Por Darwin Grein*

Você sabia que, segundo dados da empresa de pesquisa norte-americana Gallup, 75% dos profissionais consideram pedir demissão por causa da liderança imediata? Diante desse número impressionante, a gente se pergunta: o que está acontecendo com a gestão para que colaboradores estejam desse jeito? 

Muitas vezes, é tênue a linha que separa uma liderança inspiradora de uma que afasta e não atinge resultados: o tom de voz em uma conversa, uma palavra forçada, a ausência de confiança, posturas autoritárias, o microgerenciamento, ou outras formas mais sutis de violência institucional. 

Os impactos dessas posturas aparentemente inofensivas podem ser devastadores. Além dos efeitos psicológicos elas repercutem de forma concreta nos resultados da companhia como um todo:

  • Baixo engajamento mata a criatividade, colaboração e afeta resultados financeiros. Dados da Universidade da Califórnia mostram que funcionários motivados são 31% mais produtivos e três vezes mais criativos, além de 87% menos propensos a desejar a saída da empresa.
  • Turnover drena energia, tempo de recrutamento e gera cultura de instabilidade. Um levantamento da Gallup estima que 75% das demissões voluntárias estão relacionadas à má qualidade de gestão.
  • Feedback inexistente ou falho mina o senso de propósito e clareza no trabalho. Estudo da Inclusity destaca que a falta de compreensão sobre o papel de cada um e a baixa frequência de feedback leva à desmotivação e confusão dentro de equipes..

Como, então, romper esse ciclo? Defendo que a resposta está em três frentes:

1. Desenvolvimento de inteligência emocional (EQ) das lideranças 

O conceito de EQ como fator crítico de gestão eficaz está bem fundamentado — Daniel Goleman já mostrou, em 2004, que EQ é duas vezes mais importante que habilidades técnicas. Estudos mais recentes reforçam: líderes emocionalmente saudáveis inspiram melhores comportamentos, resultados e engajamento.

2. Segurança psicológica e feedback assertivo

A psicóloga Amy Edmondson mostrou que equipes com confiança para falar sobre erros obtêm melhores resultados e aprendem mais rapidamente. Sem esse ambiente, os conflitos se mantêm soterrados e as lideranças passam despercebidas por eles.

3. Avaliação de líderes por comportamento, não só por metas 

Pesquisas da DDI World realizadas em 2023 e 2024 revelam que apenas 20% dos funcionários sentem que são bem conduzidos por seus gestores. Invertendo esse paradigma, com ênfase em habilidades humanas, é possível transformar o clima de forma rápida e com impacto real.

Portanto, se você sente que alguma coisa não vai bem na sua organização, comece investindo na capacitação de lideranças. Questione posturas, promova conversas sinceras e invista em saúde e inteligência emocional tanto quanto investe em processos e tecnologia. Afinal, ninguém nasce com habilidades sociais prontas e, no fundo, sem líderes conscientes e com preparo, o resto pode até parecer estar andando — mas  pode estar prestes a desmoronar.

*Darwin Grein é fundador da Juntxs, consultoria de educação corporativa que atua com desenvolvimento de lideranças e equipes, apoiando organizações a alcançarem alto desempenho com ambientes mais colaborativos e humanizados.

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