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Apenas 5% das empresas estão preparadas para a nova NR-1 que defende a saúde mental

Norma passa a valer em maio de 2026 e exige olhar preventivo para riscos psicossociais dos trabalhadores

A NR-1 terá como objetivo reconhecer fatores que impactam a saúde mental como: pressão excessiva, falta de apoio, estresse e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional  (Deagreez/Getty Images)

A NR-1 terá como objetivo reconhecer fatores que impactam a saúde mental como: pressão excessiva, falta de apoio, estresse e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional (Deagreez/Getty Images)

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 06h01.

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Falta menos de um ano, mas a maioria das empresas ainda não está pronta. A revisão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que entrará em vigor em maio de 2026, está longe de ser realidade para a maior parte das empresas brasileiras. É o que aponta a pesquisa Panorama da Saúde Emocional do RH, feita pela Flash com 889 profissionais de Recursos Humanos: apenas 5% das organizações afirmam estar totalmente preparadas para atender às exigências.

A maioria ainda está em processo de adequação: 13% se consideram parcialmente prontas, 50% estão em fase de ajustes e 32% sequer iniciaram os preparativos.

A norma, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em 2024, inclui os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) das empresas. O objetivo é reconhecer fatores como pressão excessiva, falta de apoio, estresse e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional como elementos que afetam diretamente a saúde mental e a produtividade.

Mais do que obrigação legal, uma mudança cultural

Para a especialista ouvida pela reportagem, a atualização da NR-1 vai além da formalidade burocrática.

“A atualização da NR-1 representa um marco importante para as organizações, pois amplia o olhar sobre os riscos que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores. Não se trata apenas de cumprir uma obrigação legal, mas de reconhecer que fatores psicossociais influenciam produtividade, engajamento e até a sustentabilidade do negócio”, afirma Isadora Gabriel, CHRO da Flash e psicóloga.

O maior desafio, segundo a executiva, não será apenas técnico, mas cultural: colocar o bem-estar dos funcionários no centro da estratégia organizacional.

Principais barreiras para adaptação

Entre as empresas que já começaram a se preparar, a capacitação das equipes aparece como o maior obstáculo, citada por 35% dos respondentes. Outros entraves são:

  • Estruturação e monitoramento do programa – 13%
  • Custos de implementação – 11%

Apesar das dificuldades, a visão sobre a mudança é positiva:

  • 65% acreditam que a medida beneficiará a saúde mental dos funcionários
  • 42% enxergam a norma como validação da importância do tema dentro das empresas
  • 23% projetam redução de estresse e sobrecarga

Um passo em direção ao cuidado preventivo

Ainda que 12% dos entrevistados temam aumento de estresse durante o processo de adaptação, a maioria enxerga a medida como oportunidade de transformação dos ambientes de trabalho.

“As empresas já entenderam que precisam olhar para os aspectos psicossociais dos funcionários, mas o futuro está em ir além: não queremos apenas remediar os problemas quando eles já entraram para a estatística dos afastamentos, e sim criar programas que promovam a saúde em diferentes aspectos: físico, mental e social. O objetivo é cuidar das pessoas de forma preventiva”, diz Gabriel.

O que as empresas podem esperar

A atualização da NR-1 marca uma tendência mais ampla: o fortalecimento da pauta de saúde mental nas organizações. Para além da conformidade legal, companhias que se adaptarem terão ganhos em:

  • Engajamento e retenção de talentos
  • Produtividade sustentável
  • Redução de afastamentos por questões emocionais
  • Reputação como marca empregadora responsável

O prazo até maio de 2026 pode parecer longo, mas para a executiva essa transformação cultural exigirá tempo, planejamento e investimentos contínuos.

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