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As 3 carreiras universitárias mais ameaçadas pela inteligência artificial, segundo a própria IA

Para quem se prepara para entrar na universidade, escolher uma carreira está se tornando cada vez mais desafiador

A dúvida de muitos estudantes: o meu diploma valerá para o futuro do trabalho? (andresr/Getty Images)

A dúvida de muitos estudantes: o meu diploma valerá para o futuro do trabalho? (andresr/Getty Images)

Publicado em 29 de março de 2025 às 17h27.

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A inteligência artificial tem avançado em ritmo acelerado, levantando questionamentos importantes sobre o futuro do trabalho — e, em especial, sobre o futuro das profissões. Para quem se prepara para entrar na universidade, escolher uma carreira está ficando cada vez mais desafiador. A busca por propósito agora convive com uma preocupação crescente: será que meu diploma vai continuar relevante em um mundo automatizado?

Segundo reportagem do jornal argentino La Nación, que consultou especialistas e plataformas de IA, há um consenso emergente no campo da educação superior: o conhecimento técnico por si só já não é suficiente. O diferencial humano — como pensamento crítico, criatividade e habilidades interpessoais — será o grande trunfo diante de algoritmos cada vez mais sofisticados.

O jornal argentino também perguntou diretamente à inteligência artificial quais carreiras estão mais ameaçadas pelos avanços tecnológicos. O ChatGPT apontou três áreas que, embora ainda tenham valor, precisarão passar por adaptações profundas para se manterem relevantes:

  • Contabilidade tradicional

Processos contábeis como cálculos de impostos, auditorias e análises financeiras estão sendo rapidamente automatizados por softwares avançados. O próprio banco Morgan Stanley anunciou recentemente o corte de cerca de 2 mil postos de trabalho — parte deles diretamente impactados pela automação via IA.

  • Tradução e interpretação sem especialização

Ferramentas como o Google Tradutor e o DeepL têm melhorado significativamente sua precisão. Traduções simples ou técnicas estão perdendo espaço para as máquinas. Por outro lado, tradutores com especializações específicas — como na área jurídica, médica ou literária — continuam sendo altamente valorizados.

  • Jornalismo tradicional

A geração automática de textos por IA levanta uma bandeira de alerta para a produção jornalística padronizada, como resumos de notícias ou relatórios financeiros. Mas isso não significa o fim do jornalismo. Pelo contrário: profissionais capazes de fazer investigações aprofundadas, reportagens presenciais e conectar-se com comunidades terão seu valor ainda mais reconhecido.

“É hora de voltar às ruas, recuperar o vínculo direto com as comunidades e usar a tecnologia como uma aliada para potencializar essa missão — não para se afastar ainda mais da realidade”, afirmou ao La Nación o consultor Álvaro Liuzzi, autor do livro Jornalismo IA.

O que dizem outras inteligências artificiais?

O Gemini, IA do Google, também apontou o jornalismo como uma das carreiras em risco, e acrescentou Administração de Empresas e Direito à lista. A justificativa? A automação de tarefas gerenciais e a capacidade analítica da IA vêm transformando esse campo, diminuindo a demanda por funções mais operacionais, segundo reportagem do jornal argentino.

Mais do que nunca, o diferencial é humano

O Fórum Econômico Mundial, junto com a Fundação Dom Cabral (FDC), divulgou neste ano a quinta edição do relatório "Futuro do Trabalho". A pesquisa, realizada em 55 países e baseada em respostas de mais de mil empregadores, destaca o impacto da inteligência artificial (IA) e outras inovações tecnológicas nos empregos, habilidades e estratégias empresariais.

Além de falar sobre as 15 profissões que estarão em alta e as 15 atividades que estarão em baixa no mercado de trabalho até 2030, a pesquisa também mostra que o diferencial do profissional serão as soft skills, ou melhor, as qualidades humanas.

As habilidades que valerão ouro no futuro do trabalho

Considerando os funcionários e os 55 países que participaram do estudo, essas serão as habilidades que serão exigidas nos próximos anos:

  • Pensamento analítico (69%).
  • Resiliência, flexibilidade e agilidade (67%).
  • Liderança e influência social (61%).
  • Pensamento criativo (57%).
  • Motivação e autoconhecimento (52%).
  • Alfabetização tecnológica (51%).
  • Empatia e escuta ativa (50%).
  • Curiosidade e aprendizado contínuo (50%).
  • Gestão de talentos (47%).
  • Orientação para o serviço e atendimento ao cliente (47%).
  • IA e Big Data (45%).
  • Pensamento sistêmico (42%).
  • Gestão de recursos e operações (41%).
  • Confiabilidade e atenção aos detalhes (37%).
  • Controle de qualidade (35%).

O estudo também destaca que aproximadamente 39% das habilidades existentes precisarão ser transformadas ou substituídas nos próximos cinco anos para atender às novas exigências do mercado de trabalho.

O mercado de trabalho brasileiro em transformação

No Brasil, assim como em muitos outros países da América Latina e do Caribe, a principal barreira para a transformação dos negócios é a lacuna de habilidades e lacunas relacionadas a formação básica (em especial, para conhecimentos gerais em matemática, português e inglês, por exemplo).

Dessa forma, o Brasil enfrenta desafios significativos relacionados a essas lacunas, que são considerados a maior barreira para a transformação dos negócios no país até 2030. Nesse cenário, 58% das empresas esperam recrutar funcionários com novas habilidades e 48% planejam transitar funcionários de funções em declínio para funções em crescimento.

Para Hugo Tadeu, diretor do Núcleo de Inovação da FDC, o futuro do trabalho, especialmente no Brasil, depende de decisões estratégicas que alinhem tecnologia e desenvolvimento humano.

“Sem um olhar atento para o treinamento e a requalificação, corremos o risco de substituir trabalho humano por máquinas de forma insustentável. O relatório mostra que as empresas hoje preferem demitir e contratar profissionais qualificados, sendo que a solução para o futuro do trabalho está na qualificação da mão de obra para sustentar o crescimento econômico de uma empresa e de uma nação”.

O relatório também alerta para as disparidades globais. Até 2050, espera-se que os países de baixa renda representem 59% da população mundial em idade ativa, o que pode impactar a produtividade global caso não haja investimentos em educação e infraestrutura.

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