A pressa por estabilidade, salário e benefícios faz com que muitas pessoas priorizem a sobrevivência imediata, sem parar para refletir sobre propósito, talentos e interesses (Yutthana Gaetgeaw/Getty Images)
Repórter
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 06h01.
Quem nunca se pegou aceitando um trabalho apenas porque “era o que tinha”? Essa é a realidade de boa parte dos profissionais brasileiros, segundo Bia Tartuce, psicóloga, consultora de RH e mentora de carreira.
A pressa por estabilidade, salário e benefícios faz com que muitas pessoas priorizem a sobrevivência imediata, sem parar para refletir sobre propósito, talentos e interesses. O resultado é uma trajetória em “piloto automático”, mais reativa do que planejada.
“Seguir sem um norte pode levar à estagnação, à perda de competitividade e até ao adoecimento”, afirma Tartuce.
Leia também: "Sua saúde mental vale mais do que qualquer salário", diz Leandro Karnal
O perigo maior aparece no médio e longo prazo, diz a psicóloga. Sem objetivos definidos, o profissional tende a perder motivação, enxergar poucas perspectivas de crescimento e se sentir vulnerável diante das mudanças do mercado.
“A falta de planejamento reduz a capacidade de escolha e aumenta a sensação de arrependimento no futuro”, afirma.
Os sinais são mais comuns do que se imagina, segundo Tartuce:
Veja também: ‘Estudar nos EUA é um sonho possível’, diz brasileira formada com ‘nota 10’ em Harvard
A psicóloga recomenda práticas de autoconhecimento e reflexão estruturada. Entre elas:
“Essas ferramentas funcionam como bússolas que ajudam a enxergar a direção”, diz Tartuce.
A persistência da desmotivação, o estresse constante, a falta de perspectivas ou mudanças no mercado que ameaçam a função atual são indícios claros de que chegou o momento de parar e refletir.
“Nesses momentos, a pausa para reflexão é essencial”, reforça a especialista.
Para sair do piloto automático, o primeiro passo é o autoconhecimento: entender valores, talentos e motivações.
“Depois, definir objetivos de curto, médio e longo prazo, mapear lacunas de competências e desenhar um plano de ação revisado periodicamente”, diz a psicóloga.
Se, por um lado, a clareza de carreira é responsabilidade individual, por outro, líderes e RHs têm papel estratégico no processo.
“São eles que podem oferecer feedbacks consistentes, apoiar o desenvolvimento de habilidades, mostrar caminhos possíveis e incentivar conversas sobre futuro”, afirma Tartuce.
Quando gestores estimulam esse movimento, ajudam a evitar carreiras sem GPS e transformam a empresa em um espaço de desenvolvimento real.
Sinais de que você está no “piloto automático”:
Primeiros passos para retomar o controle: