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Carreira sem GPS: por que tantos profissionais não sabem para onde estão indo

Especialista indica sinais de alerta e primeiros passos para ganhar clareza sobre o futuro e sair do modo “piloto automático”

A pressa por estabilidade, salário e benefícios faz com que muitas pessoas priorizem a sobrevivência imediata, sem parar para refletir sobre propósito, talentos e interesses (Yutthana Gaetgeaw/Getty Images)

A pressa por estabilidade, salário e benefícios faz com que muitas pessoas priorizem a sobrevivência imediata, sem parar para refletir sobre propósito, talentos e interesses (Yutthana Gaetgeaw/Getty Images)

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 06h01.

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Quem nunca se pegou aceitando um trabalho apenas porque “era o que tinha”? Essa é a realidade de boa parte dos profissionais brasileiros, segundo Bia Tartuce, psicóloga, consultora de RH e mentora de carreira.

A pressa por estabilidade, salário e benefícios faz com que muitas pessoas priorizem a sobrevivência imediata, sem parar para refletir sobre propósito, talentos e interesses. O resultado é uma trajetória em “piloto automático”, mais reativa do que planejada.

“Seguir sem um norte pode levar à estagnação, à perda de competitividade e até ao adoecimento”, afirma Tartuce.

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Os riscos de não ter direção

O perigo maior aparece no médio e longo prazo, diz a psicóloga. Sem objetivos definidos, o profissional tende a perder motivação, enxergar poucas perspectivas de crescimento e se sentir vulnerável diante das mudanças do mercado.

“A falta de planejamento reduz a capacidade de escolha e aumenta a sensação de arrependimento no futuro”, afirma.

Como perceber que falta clareza

Os sinais são mais comuns do que se imagina, segundo Tartuce:

  • dificuldade em responder perguntas simples como “onde quero estar em cinco anos?”;
  • aceitar qualquer vaga sem avaliar valores e objetivos;
  • sensação de estar preso a uma função apenas pelo salário;
  • queda de energia e falta de motivação para novos desafios.

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Ferramentas para encontrar o caminho

A psicóloga recomenda práticas de autoconhecimento e reflexão estruturada. Entre elas:

  • coaching e mentoria para apoio individualizado;
  • avaliações de perfil e feedbacks estruturados;
  • exercícios simples de autoavaliação, como listar valores pessoais, identificar talentos e lembrar momentos de maior realização profissional.

“Essas ferramentas funcionam como bússolas que ajudam a enxergar a direção”, diz Tartuce.

Hora de rever a rota

A persistência da desmotivação, o estresse constante, a falta de perspectivas ou mudanças no mercado que ameaçam a função atual são indícios claros de que chegou o momento de parar e refletir.

“Nesses momentos, a pausa para reflexão é essencial”, reforça a especialista.

Para sair do piloto automático, o primeiro passo é o autoconhecimento: entender valores, talentos e motivações.

“Depois, definir objetivos de curto, médio e longo prazo, mapear lacunas de competências e desenhar um plano de ação revisado periodicamente”, diz a psicóloga.

O papel das empresas

Se, por um lado, a clareza de carreira é responsabilidade individual, por outro, líderes e RHs têm papel estratégico no processo.

“São eles que podem oferecer feedbacks consistentes, apoiar o desenvolvimento de habilidades, mostrar caminhos possíveis e incentivar conversas sobre futuro”, afirma Tartuce.

Quando gestores estimulam esse movimento, ajudam a evitar carreiras sem GPS e transformam a empresa em um espaço de desenvolvimento real.

Checklist da carreira: sinais de alerta e primeiros passos

Sinais de que você está no “piloto automático”:

  • Dificuldade em responder “onde quero estar em cinco anos?”
  • Aceita vagas apenas por necessidade, sem avaliar propósito ou valores
  • Sensação de estar preso apenas pelo salário
  • Desmotivação e queda de energia frequentes
  • Falta de perspectivas de crescimento

Primeiros passos para retomar o controle:

  • Autoconhecimento – liste seus valores, talentos e motivações.
  • Defina objetivos claros – estabeleça metas de curto, médio e longo prazo.
  • Busque feedback – peça avaliações estruturadas a líderes e colegas.
  • Invista em desenvolvimento – procure cursos, mentoria ou coaching.
  • Revise periodicamente – ajuste o plano de carreira conforme mudanças pessoais e do mercado.

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