Carreira

CEO da Ipiranga: ‘Carreira é uma escolha diária: você decide se entrega o esperado ou surpreende’

Com 36 anos de estrada, Leonardo Linden conta como é possível acelerar a carreira fazendo o que gosta. O presidente também compartilha os desafios de liderar uma empresa de R$ 120 bilhões de faturamento

Leonardo Linden, CEO da Ipiranga: “O que mais me marcou nunca foram os elogios, e sim as críticas” (Leandro Fonseca/Exame)

Leonardo Linden, CEO da Ipiranga: “O que mais me marcou nunca foram os elogios, e sim as críticas” (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 6 de setembro de 2025 às 13h08.

Última atualização em 6 de setembro de 2025 às 13h19.

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“Entregar o esperado é obrigação. O diferencial está no que ninguém espera que você faça”, afirma Leonardo Linden, CEO da Ipiranga, em entrevista ao podcast “De frente com CEO”, da EXAME.

Para ele, surpreender é a melhor forma de se destacar na carreira - além de gostar do que faz.

“No meu início de carreira, tinha um lado lógico e um lado emocional. O lógico dizia ‘negócios’; o emocional, ‘carros’,” diz Linden.

O estágio na antiga Esso, em 1990, juntou as duas pistas, e dali nasceram 36 anos de estrada.

“Fiquei 17 anos na ExxonMobil, rodei o mundo, fiz portfólio, investimento e desinvestimento. Depois passei por Cosan, Raízen, voltei à Cosan e acabei convidado para presidir a Iconic, nossa JV com a Chevron. Mais tarde, veio o convite para a Ipiranga,” afirma o administrador que lidera a Ipiranga desde setembro de 2021.

O método Linden: iniciativa, surpreender e trabalho em equipe

Para se destacar no mercado, Linden adotou um método: quando ele assume um desafio, ele separa o que é esperado dele, daquilo que ele pode fazer a diferença.

“Entregar resultado é dado. A pergunta é: que duas ou três coisas ninguém espera que eu faça — e que podem gerar valor ao negócio, ao acionista, à empresa?”.

Para quem está começando, o conselho de Linden é ter iniciativa. “Ninguém vai te pegar pela mão o tempo inteiro. Faça além do que se espera, porque o que se espera, os bons entregam de qualquer jeito. O diferencial é a capacidade de surpreender.”

O CEO completa: “Amplie seu comprometimento para além da sua caixinha. Você pode contribuir em áreas que não são necessariamente é a sua”, afirma.

Autoconhecimento como combustível

A biografia profissional de Linden tem mapas e pausas que foram essenciais para ajudá-lo não só a avançar na carreira, mas a se reencontrar com o seu propósito.

“Nos primeiros 17 anos, mudei de estado ou de país 13 vezes”, diz Linden. “Houve um momento em que me desconectei da minha essência. Parei, refleti e me reconectei. Descobri que minha maior contribuição está em fases de construção: ser o primeiro presidente de uma empresa, reestruturar, reinventar.”

Foi neste momento que ele conheceu o legado, liderando uma empresa que está rumo ao centenário.

“Quero uma Ipiranga renovada, atualizada para o momento e preparada para estar aqui por mais 100 anos. Isso passa por eficiência e operação, mas, sobretudo, por gente capacitada e motivada.”

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A empresa que não vive só de posto

Linden descreve a operação da Ipiranga como uma gigante que vai além dos postos de combustíveis, com 2.900 funcionários no quadro próprio, além dos revendedores e terceiros.

“A Ipiranga fatura cerca de R$ 120 bilhões por ano, vende 24 bilhões de litros, faz 1,5 milhão de abastecimentos por dia. São 90 bases, por volta de 3 mil caminhões, 6 mil postos e 7 mil clientes empresariais, como usinas, ferrovias, frotas, fábricas, minas, hospitais e shoppings,” afirma o CEO.

O varejo também vai além da bomba. A rede Ipiranga tem 1.500 lojas de conveniência e 1.100 instalações de autosserviço.

“Uma curiosidade é que pouca gente sabe que somos a maior franquia de padarias do Brasil: temos cerca de 800 padarias nas lojas,” diz Linden ao se referir às padarias “AmPm”.

O investimento bilionário do Grupo Ultra para 2025

O Grupo Ultra projeta um investimento de cerca de R$ 2,5 bilhões este ano no Brasil. Como uma empresa pertencente ao grupo, a Ipiranga deve receber desse total R$ 1,4 bilhão – segundo o CEO já há planos para este investimento.

“Só em segurança, investimos perto de R$ 100 milhões ao ano. Vem aí também a expansão de infraestrutura (com foco em Centro-Oeste e Norte), troca do ERP, rede de recarga elétrica que instalamos de forma pioneira, e cerca de 300 novos postos em 2025”, afirma o CEO.

Transição energética: um desafio, uma oportunidade

No horizonte de uma companhia quase centenária, a transição energética é inevitável, mas, para Linden, deve ser encarada com pragmatismo.

Somos uma empresa de mobilidade. A energia da locomoção vai estar lá, seja ela elétrica, fóssil ou biocombustível. Nosso papel é atender essa mobilidade da melhor forma”, afirma.

Leia também: 'Nosso maior desafio é o mercado ilegal de combustíveis', diz presidente da Ipiranga

Líder também precisa de ‘combustível’

Líder também precisa recarregar as baterias, afirma Linden. “Começo cedo e não estico a noite.  A energia vem do corpo e precisamos cuidar dele”, diz o CEO que faz natação, academia, pedal e surf.

“O surf é o único em que não me cobro, sou ruim e não ligo. Só quero curtir o momento.”

O maior aprendizado que recebeu de um líder

Ao olhar para trás, Leonardo Linden não destaca os momentos de aplauso como os mais transformadores da sua trajetória. Para ele, foi nas críticas e nos embates de estilo que surgiram os maiores saltos de crescimento.

“O que mais me marcou nunca foram os elogios, e sim as críticas, e trabalhar com gente muito diferente de mim”, afirma o CEO da Ipiranga.

Linden reconhece que o desconforto tem um papel formador. “O ‘diferente’ tem valor quando você se abre para aprender. Não é para julgar, mas para entender o que pode agregar à sua forma de trabalhar”, diz.

Ao longo da carreira, foi justamente esse exercício de aprender com as diferenças e de surpreender, que Linden teve a oportunidade de evolução que moldou o seu jeito de liderar e o fez chegar ao topo de uma companhia de bilhões.

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