Carreira

Como ser um 'líder sustentável' que protege o ambiente – dentro e fora da empresa

Para Rachel Maia, presidente do Conselho do Pacto Global da ONU, um líder diferenciado pensa no lucro, no ambiente e nas pessoas

Rachel Maia, presidente do Conselho do Pacto Global da ONU: “Uma empresa não se sustenta sem número, mas número sem humanidade também não se sustenta” (Germano Lüders/Exame)

Rachel Maia, presidente do Conselho do Pacto Global da ONU: “Uma empresa não se sustenta sem número, mas número sem humanidade também não se sustenta” (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 15h51.

Tudo sobreMundo RH
Saiba mais

“Não se sustenta uma empresa sem número, mas número sem humanidade também não se sustenta,” diz Rachel Maia, presidente do Conselho do Pacto Global da ONU no Brasil. Para ela, no mundo corporativo, o papel de uma liderança sustentável deixou de ser uma opção para se tornar uma exigência.

“Hoje, não basta apenas gerir pessoas e entregar resultados financeiros. Um bom líder precisa saber proteger o meio ambiente - seja dentro ou fora da empresa -, cuidar das comunidades e garantir diversidade real dentro das empresas”, afirma Maia que já foi CEO de grandes multinacionais, como Tiffany & Co. Brasil, Pandora Brasil e Lacoste Brasil.

Leia também: 'Em 2050 haverá mais aposentados do que contribuintes. A conta não fecha’, diz CEO da Brasilprev

Como ser um líder sustentável?

Atualmente, as empresas possuem metas para reduzir a poluição e proteger o meio ambiente, e os líderes ganharam o desafio de cuidar do bem-estar no ambiente corporativo — garantindo um ciclo saudável para o seu time. Tanto que a NR-1, nova norma do governo, trará em 2026 regras específicas sobre saúde mental e bem-estar para organizações de todos os portes.

“A liderança sustentável exige um olhar duplo: para dentro, garantindo a segurança emocional dos times; e para fora, assumindo responsabilidade sobre o impacto ambiental”, afirma Maia.

A executiva defende práticas que incluem desde hábitos pessoais de consumo consciente até metas de ESG integradas à estratégia empresarial.

“O líder deve começar em casa — reciclando, economizando água e energia, e respeitando a todos ao seu redor, só assim ele poderá refletir esse comportamento dentro da companhia”, afirma.

Como membro de conselhos de outras grandes companhias como a Vale, Banco do Brasil e o Pacto Global da ONU, Maia vê que a jornada de um líder importa, mas os seus resultados hoje valem muito mais para o mercado.

“Comecei a carreira como estagiária do Banco do Brasil e hoje estou no conselho da mesma instituição. Isso mostra que não é só a jornada que conta, mas o resultado que já trazemos no presente e que pode nos levar ao futuro que queremos construir”, afirma a executiva que implementou o primeiro comitê de diversidade na instituição onde começou a carreira.

Exclusivo: ‘Nossa meta é voltar ao etanol ainda este ano’, diz presidente da Petrobras

O chamado ao “leader shift”

Para Maia, que já tem mais de três décadas de experiência como líder em grandes empresas, o “shift” ou a “mudança” do líder para melhor pode acontecer quando essa pessoa tem disposição para reaprender. E foi sobre esse "shift" que ela palestrou no evento realizado pela Sólides em Belo Horizonte, na última semana. 

“Não tenham medo de desconstruir para construir novamente. O novo está aí — e quem não abrir espaço para o novo ficará fora do mercado”, afirma Maia que defende que liderar hoje significa abraçar a inovação e a diversidade.

A expectativa para a COP30

No horizonte próximo, Maia aponta a COP30, que será realizada em Belém em 2025, como um marco para o Brasil.

“Minha expectativa é que haja avanços nas metas e nos resultados para a mitigação dos efeitos climáticos, contemplando a sociedade local e as populações mais vulneráveis”, diz Maia.

Leia também: 'Nosso maior desafio é o mercado ilegal de combustíveis', diz presidente da Ipiranga

As dores do conselho hoje

No papel de conselheira, Maia enxerga como as grandes dores do conselho a sustentabilidade na empresa.

“Hoje, o maior desafio para o conselheiro é alinhar, de forma estratégica, os pilares Ambiental, Social e de Governança às práticas de sustentabilidade. Estamos falando de incorporar processos que já são mandatários e exercem impacto decisivo nos resultados.”

Questionada se ainda pensa em voltar a ser CEO de uma grande companhia, Maia afirma que sente realizada como conselheira.

“Fazer parte da estratégia de algumas empresas tem sido muito significativo, principalmente por poder ocupar cadeiras onde posso influenciar de forma macro. Os resultados alcançados enquanto estive nas cadeiras de CEO me fizeram perceber minhas aspirações sociais e profissionais. Hoje, consolidar minha trajetória no conselho é uma conquista especial.”

Legado para a família e para o mercado

A maternidade redefiniu seu olhar sobre liderança. O pedido simples da filha Sarah Maria para montar um LEGO junto com a mãe após o expediente, fez Maia refletir mais sobre a necessidade de parar para servir e construir junto.

“Meu legado está diretamente ligado ao meu propósito central, que é contribuir para gerar impacto socioambiental sustentado por resultados econômicos sólidos. Desejo que meus filhos, Sarah Maria e Pedro Antônio, percebam a importância que atribuo ao socioambiental como fonte de inspiração, mas quero também que eles lembrem de momentos comigo, por isso, repito: um bom líder nasce em casa.”

Acompanhe tudo sobre:Mundo RHONULacostePandora JoiasConselho de Segurança da ONUConselhos de administraçãoCEOs

Mais de Carreira

Essa americana fatura seis dígitos com trabalho remoto na Europa e quita US$ 100 mil em dívidas

A função secreta do ChatGPT que imita o Excel

E se “chegar lá” for só o começo?

Frase pouco conhecida transforma o ChatGPT em analista de negócios