César Filho, WeCancer (Fonte: Instagram | Reprodução)
Redatora
Publicado em 19 de maio de 2025 às 15h41.
Uma experiência dolorosa ao lado da mãe em tratamento contra o câncer despertou em César Filho uma missão: transformar o cuidado oncológico por meio da tecnologia.
O que nasceu de uma dor virou inovação na saúde, com o app WeCancer impactando mais de 10 mil pacientes.
“A gente só entende o sistema de saúde de verdade quando alguém que a gente ama precisa dele.” Foi assim que César Filho, biólogo de formação, descobriu uma vocação que mudaria sua vida — e a de milhares de pacientes.
Era para ser só mais uma consulta. Mas o que viu ao acompanhar sua mãe em um tratamento contra o câncer foi uma sucessão de falhas no acompanhamento, falta de comunicação entre profissionais e a solidão do paciente diante de um sistema fragmentado.
Ao invés de se conformar, César decidiu agir.Foi o início da WeCancer, um aplicativo que conecta pacientes com câncer a uma equipe de saúde digital, oferecendo apoio, orientação e escuta no dia a dia da jornada oncológica.
Hoje, o aplicativo já impactou milhares de vidas e trabalha em parceria com grandes hospitais e operadoras de saúde. Mas o caminho até aqui foi repleto de desafios — e aprendizados.
A ideia de empreender na área da saúde surgiu de um momento profundamente pessoal: o tratamento da mãe de César. Ele percebeu que, mesmo com acesso a bons profissionais, o processo era solitário e confuso.
Com esse propósito claro, César começou a desenhar a ideia da WeCancer, mesmo sem experiência anterior com startups ou tecnologia. O que ele tinha era o desejo de resolver um problema real.
A virada de chave aconteceu quando César foi selecionado para participar do Programa de Liderança do Na Prática. Foi ali que ele deu o “salto”: deixou a teoria de lado e mergulhou em um ambiente de aprendizado mão na massa.
Durante a experiência, César teve contato com metodologias ágeis, acesso a uma rede de mentores e apoio para criar o primeiro protótipo da WeCancer.
O programa também reforçou em sua trajetória a importância da escuta ativa, da colaboração e da ação rápida — pilares que ele carrega até hoje como empreendedor.
Mas o maior desafio ainda estava por vir: levantar recursos para levar o projeto para uma imersão nos EUA. Sem investidores e sem capital próprio, César lançou uma campanha de financiamento coletivo.
Essa experiência não só garantiu a ida aos Estados Unidos, como também se transformou num símbolo da garra que moveu o projeto desde o começo. Persistência e criatividade marcaram o início da WeCancer.
Hoje, a WeCancer é uma tecnologia consolidada, que já atendeu mais de 10 mil pacientes e coleciona prêmios e reconhecimentos no setor. Mas, para César, o mais importante é ver que aquela dor inicial deu origem a uma solução real.
E o apoio do Na Prática, segundo ele, foi uma das peças-chave nessa virada: “Eles me ensinaram a me mover mesmo com poucos recursos — a testar, ouvir e melhorar. Foi ali que eu aprendi a empreender com propósito.”
Quando perguntado sobre qual conselho daria para outros jovens com uma ideia na cabeça, César não hesita:
“Tira do papel. Mas antes, escuta de verdade quem vive o problema. É essa escuta que vai te dar clareza para seguir.”
“A gente acha que precisa estar pronto pra começar. Mas, na real, a gente começa e vai se tornando pronto.” Essa é a mentalidade que guiou César — e que pode inspirar outros a fazerem o próprio salto.