Carreira

Ele trocou o mercado financeiro pelos negócios da família: ‘Herança sem preparo é um risco’

Rafael saiu do mercado financeiro e foi para a agência de luxo da família. Anos depois, voltou a estudar para liderar decisões de empresas que vão do turismo ao cimento

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 21 de maio de 2025 às 12h00.

Última atualização em 21 de maio de 2025 às 12h34.

Por trás de um legado, há sempre uma decisão. No caso de Rafael Atalla Buffara, essa decisão foi abrir mão do mercado financeiro para assumir o risco — e a responsabilidade — de ajudar a transformar os negócios da família. Não como coadjuvante, mas como protagonista de um novo capítulo empresarial.

Formado em Administração e com passagem pelo Citibank, Rafael traçava uma carreira promissora no sistema financeiro. No entanto, em 2007, atendeu a um chamado do pai para apoiar a Sete Mares Turismo – até então uma agência de viagens com foco em eventos médicos e corporativos. O que era para ser uma ajuda pontual transformou-se em uma reestruturação e posicionamento.

“Entrei em 2007. Percebi que a empresa tinha uma visão míope de gestão, muito focada no curto prazo. Eu comecei a notar gargalos financeiros”, explica.

Ao assumir a liderança, Rafael redesenhou o modelo de negócio e posicionou a empresa para o segmento de viagens de luxo. O resultado foi expressivo: a Sete Mares tornou-se uma das poucas agências brasileiras certificadas pelo selo americano Virtuoso, referência internacional no turismo de alto padrão.

 O despertar do conselheiro

A pandemia de Covid-19 revelou limitações em modelos de negócios baseados apenas em serviços. Diante desse cenário, ele optou por deixar a operação executiva e direcionar o foco para outro braço da família: o setor industrial.

Foi nesse momento que Rafael entendeu que, para participar dos conselhos das empresas familiares de seu lado materno – entre elas a CIPLAN Cimento, uma das maiores do setor –, seria preciso mais do que bagagem executiva. Era necessário dominar a gestão financeira e se aprofundar na governança. 

“Não tinha como participar sem entender o mínimo”, conta.

O retorno à sala de aula

Aos 42 anos, ingressou na primeira turma do FECC – Finanças Estratégicas para CEOs e Conselheiros, um programa da EXAME e Saint Paul criado para aqueles que desejam impulsionar organizações a novos níveis de rentabilidade.

"Voltar a estudar depois de 15 anos foi estratégico para estar alinhado aos temas tratados em conselhos"Rafael Buffara, sócio-diretor Sete Mares Turismo

O programa trouxe mais que uma atualização técnica. Reacendeu o domínio da contabilidade e introduziu ferramentas de valuation – fundamental no dia a dia do negócio – com maior precisão. “Além disso, o networking é latente e diferenciado na Saint Paul”, diz ele. Para Rafael, o FECC foi um divisor de águas. 

Primeira turma do FECC, da EXAME e Saint Paul (Arquivo Pessoal)

Legado com consistência

Hoje, Rafael ocupa posição em quatro conselhos. Além da Sete Mares Turismo e da CIPLAN Cimento, que hoje é controlada pelo Grupo francês Vicat, ele é conselheiro na Vertuos, uma investida de economia circular do fundo GK Partners, do empresário Eduardo Mufarej, e na holding familiar do Grupo Atalla. Ele é o único da terceira geração envolvido diretamente na gestão dos ativos familiares.

Mais do que manter a herança, seu foco é dar continuidade com inovação e propósito. Para ele, a responsabilidade de liderar não se mede por sobrenome, mas pela capacidade de transformar conhecimento em impacto duradouro.

“Herança sem preparo é um risco. Liderança sem repertório é um desperdício”, defende.

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