Rodrigo Cocitta, fundador da Metthodos (Arquivo pessoal)
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 09h57.
Última atualização em 16 de outubro de 2025 às 11h33.
Durante anos, Rodrigo Cocitta, fundador da Metthodos e ex-executivo de grandes companhias, esteve no epicentro das transformações do mercado brasileiro — do lançamento da Multiplus Fidelidade à criação do primeiro marketplace do país, desenvolvido pela Saraiva. Mesmo com uma carreira corporativa consolidada, uma inquietação persistia.
“Sempre fui apaixonado por negócios e queria ver as empresas como um todo. Entender o negócio de ponta a ponta, não apenas uma fatia dele”, relembra.
Foi essa curiosidade — traço que sempre o acompanhou — que o levou a empreender. A decisão marcou o início de uma nova rota profissional e, anos depois, daria origem à Metthodos, consultoria especializada em fidelidade de clientes e operações digitais.
Após 15 anos no ambiente corporativo — alguns deles em cargos de liderança —, a saída desse universo não nasceu de um plano calculado, mas de uma combinação de autoconhecimento e timing.
“Em geral, as empresas possuem um ritmo mais cadenciado. Empreendendo, consegui colocar minha energia para catalisar muitas iniciativas ao mesmo tempo e intercambiar boas práticas e aprendizados entre elas. Virou uma espiral extremamente positiva”, conta.
Antes da Metthodos, Cocitta criou a Roadmap Brasil, sua primeira experiência no setor de consultoria, vendida em 2016 durante um movimento de consolidação entre agências e empresas de dados.
Hoje, a consultoria atua com foco em CRM, programas de fidelidade e operações digitais, ajudando marcas a transformar dados em decisões. Entre os clientes que já desenvolveram projetos com a Metthodos estão Raia Drogasil, Marisa, Fini, Ri Happy, Allos e Bob’s.
A curiosidade é o fio condutor de sua trajetória. “Transformei um desafio em um ativo. No mundo corporativo, essa busca pela novidade nem sempre cabe. No empreendedorismo, ela é combustível.”
À frente da Metthodos há mais de uma década, Cocitta viu o mercado evoluir — de ferramentas a mentalidades. “Os desafios continuam os mesmos — vender, crescer, fidelizar —, mas com tecnologias, volumes de dados e ritmos diferentes. Antes, o foco era contratar uma boa plataforma de CRM. Hoje, é garantir que ela use inteligência artificial e esteja integrada à estratégia do negócio.”
Para ele, a transformação digital não é sobre ferramentas, mas sobre clareza de propósito. “A consultoria funciona como um médico. Não existe um tratamento igual para todos. Primeiro diagnosticamos, depois propomos o caminho.”
A metáfora que ele mais usa vem da aviação — uma paixão antiga. “Empreender é como operar uma companhia aérea sozinho. Em alguns momentos, você é o piloto, o mecânico e a tripulação.”
No voo solo, também existem grandes turbulências. “O maior desafio é fazer o próprio resultado. De maneira geral, numa grande empresa, o salário está garantido mesmo em um mês ruim. Quando empreende, precisa validar todos os dias se a sua proposta de valor ainda faz sentido — e continuar se atualizando.”
Cocitta não romantiza o risco: “Todo mundo quer ser dono do próprio negócio, mas as pessoas recuam por medo de falhar. E é verdade: você não vai acertar sempre. O segredo é aceitar isso e recalcular a rota sempre que for preciso.”
Nos últimos anos, ele mergulhou no Programa de Inteligência Artificial para C-Levels, CEOs, Conselheiros e Acionistas (PIACC) da Saint Paul, que redefiniu seu modo de pensar.
Hoje, ele aplica IA tanto na gestão interna da Metthodos quanto nos projetos de clientes, aumentando produtividade e capacidade analítica. “Queremos usar IA para dar escala, otimizar processos e ampliar o impacto das nossas soluções.”
Depois de 25 anos de carreira, sendo 11 deles como empreendedor, ele reflete sobre o próximo passo. “Pretendo formar pessoas que, no futuro, vão tomar o meu lugar. E, se puder contribuir academicamente, compartilhando experiência com executivos e empreendedores, será um prazer.”
A fala soa menos como plano e mais como filosofia. “O medo faz parte, mas não pode ser o copiloto. O que me move é a curiosidade. É ela que mantém o avião no ar.”