George Gellert e a CEO da D'Artagnan, Ariane Daguin: executivos participaram do Art de Vivre 2019 do French Institute Alliance Française no Le Skyroom, em Nova York. ( Sylvain Gaboury/Patrick McMullan/Getty Images)
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Publicado em 23 de julho de 2025 às 07h11.
Para os jovens, atrasar alguns minutos para o trabalho não é um problema tão grave. Foi o que mostrou uma pesquisa de 2024, que revelou que quase metade da Geração Z considera aceitável chegar à empresa entre cinco e dez minutos após o início do expediente. Entretanto, para George Gellert, presidente do Gellert Global Group, essa prática é inaceitável.
"Se você atrasa um minuto, é como se tivesse atrasado uma hora", afirmou o executivo que, aos 87 anos, lidera um conglomerado de empresas de importação e distribuição de alimentos, faturando cerca de US$ 1,7 bilhão por ano.
Para o presidente, a pontualidade está por trás de sua longevidade e sucesso nos negócios e esse tipo de postura pode dificultar o crescimento profissional. “Você precisa sujar as mãos. Comece de baixo”, aconselhou, lembrando que sua trajetória começou em 1966 abrindo correspondências na empresa do sogro, a Atalanta.
Gellert contou a uma reportagem da Fortune que, para evitar atrasos e se manter sempre em dia com a rotina, coloca o relógio para despertar sempre às 04h45. Ao contrário de outros empresários de sucesso, como Bill Gates e Richard Branson, a primeira coisa que ele faz não é praticar exercícios ou ler as notícias do dia. Nos primeiros 15 minutos do dia, o presidente liga para seu sócio Charles Kushner - atual embaixador dos EUA na França - e conversa com ele diariamente.
Só depois disso seu dia começa oficialmente, com uma atividade física. Por volta das 8h, já está no escritório dando início ao dia de trabalho.
Gellert reconhece que os jovens de hoje buscam mais mobilidade na carreira: uma pesquisa revelou que 56% da Geração Z acham normal trocar de emprego a cada dois ou três anos. Para ele, cabe às empresas criar um ambiente que motive esses profissionais e ofereça perspectivas reais de crescimento.
“Eles estão sempre se perguntando: qual é o próximo passo? Você precisa mostrar que existe um caminho para eles, senão, eles vão embora”, afirma.
Ele também brinca que não gosta de contratar pessoas que jogam golfe. “Significa que têm tempo demais”, brincou.
Apesar de seu perfil discreto e rotina disciplinada, Gellert afirma que o sucesso não deve ser medido por reconhecimento externo, mas sim por metas pessoais. “Encontre satisfação no que você faz. Mantenha um perfil discreto. Quando o sucesso vier, você saberá que trabalhou duro por isso.”
Embora muitos membros da chamada “geração silenciosa” (nascidos antes de 1945) já estejam aposentados, Gellert não é o único a continuar no comando. Warren Buffett, de 94 anos, ainda lidera a Berkshire Hathaway, embora esteja prestes a se afastar. Mas, diferentemente de Gellert, Buffett valoriza o sono e não tem pressa para começar o dia.
“Gosto de dormir bastante. Não tenho desejo de começar a trabalhar às quatro da manhã”, disse à PBS em 2017.
Para Gellert, no entanto, o diferencial não está no relógio ou no título, mas na disposição. “A gente gosta do que faz aqui”, resumiu.