Brasileiros que querem morar no exterior precisam se planejar bem para aproveitar as chances que ainda existem ou lidar com as novas regras de imigração. (fcafotodigital/Getty Images)
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Publicado em 24 de julho de 2025 às 17h41.
O passaporte vermelho italiano ganhou ainda mais valor após as mudanças drásticas nas regras da cidadania italiana anunciadas em março deste ano. Para quem já tem esse direito, as portas continuam abertas para realizar o sonho americano com vantagens que merecem atenção.
Um desses privilégios foi reforçado recentemente com a notícia de que brasileiros enfrentarão um aumento de 117,9% nas taxas de visto americano a partir de outubro, com valores saltando para US$ 459 (cerca de R$ 2.550), segundo informações do governo americano. Enquanto isso, cidadãos italianos continuam com privilégios como a entrada sem visto para estadias curtas.
Outra questão é o acesso para a residência no exterior, já que, em meio as dificuldades burocráticas, cada vez mais brasileiros buscam caminhos alternativos para construir vida fora do país.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 2,08 milhões já estabeleceram residência nos Estados Unidos – algo em torno de 42,5% de todos os emigrantes nacionais. Somados aos 159 mil que vivem na Itália, os números deixam claro que a dupla cidadania virou uma estratégia inteligente para driblar barreiras migratórias e conquistar mobilidade global.
A principal diferença entre possuir apenas cidadania brasileira e ter dupla cidadania para morar nos Estados Unidos está no acesso a categorias exclusivas de visto. O mais relevante é o E-2, disponível somente para cidadãos de países com Tratado de Comércio e Navegação com os EUA – lista da qual o Brasil não faz parte.
Enquanto brasileiros precisam passar por processos consulares complexos, entrevistas presenciais e altas taxas mesmo para turismo, italianos utilizam o sistema ESTA (Electronic System for Travel Authorization), uma autorização eletrônica de US$ 21 válida por dois anos.
Além disso, a Itália permite dupla cidadania, o que significa que italianos podem eventualmente adquirir a nacionalidade americana sem perder os direitos europeus. Com isso, amplia as oportunidades profissionais em três continentes, criando uma flexibilidade única no mercado global.
Brasileiros que desejam viver nos Estados Unidos recorrem principalmente a estas categorias de visto, segundo dados da pesquisa Viva América sobre emissões em 2024.
No entanto, cidadãos italianos contam com vantagens exclusivas que ampliam suas oportunidades:
Para trabalhar nos Estados Unidos como funcionário contratado, tanto brasileiros quanto italianos necessitam dos mesmos vistos (H-1B, L-1, O-1). Entretanto, a cidadania italiana oferece uma alternativa valiosíssima: o visto E-2 para empreendedores.
O visto E-2 permite que cidadãos italianos invistam em um negócio e trabalhem ativamente em sua gestão. Os requisitos incluem realizar um investimento substancial (o valor varia conforme o tipo de negócio, não havendo mínimo fixo estabelecido), demonstrar que o empreendimento gerará empregos e comprovar controle operacional da empresa.
A cidadania italiana não oferece caminho direto para o green card, mas proporciona rotas alternativas que não estão disponíveis para os brasileiros. A primeira é a participação na Diversity Visa Lottery, programa que sorteia anualmente 50 mil residências permanentes. Brasileiros estão excluídos devido ao elevado número de imigrantes – 2,08 milhões segundo o Ministério das Relações Exteriores.
Além disso, embora o visto E-2 não se converta automaticamente em residência permanente, ele estabelece presença legal prolongada (com possibilidade de renovação periódica) que facilita transições futuras. Empreendedores bem-sucedidos frequentemente migram para categorias como EB-5 (investidor com criação de empregos) ou EB-1C (executivos multinacionais).
Para estudar nos Estados Unidos, cidadãos italianos desfrutam de uma flexibilidade considerável. Cursos de até 90 dias podem ser realizados sob o ESTA, sem necessidade do visto F-1 exigido de brasileiros para qualquer programa educacional.
Já para programas acadêmicos longos – graduação, pós-graduação ou cursos intensivos superiores a 90 dias – tanto brasileiros quanto italianos necessitam do visto F-1. O processo envolve carta de aceitação institucional, comprovação de recursos financeiros e entrevista consular.
Cidadãos italianos não necessitam de visto para turismo nos Estados Unidos. Como mencionado anteriormente, o Visa Waiver Program permite entrada através do ESTA, autorização eletrônica que custa US$ 21, tem validade de dois anos e permite permanência de até 90 dias por viagem.
O contraste com o processo brasileiro é gritante, já que, agora, brasileiros enfrentarão taxas de US$ 459 a partir de outubro, além de agendamento de entrevistas (geralmente com um tempo considerável de espera), apresentação de documentação extensa e aprovação não garantida.
Já os brasileiros com cidadania italiana simplesmente acessam o site do ESTA, preenchem o formulário online, pagam US$ 21 e recebem a autorização em minutos – pulando filas consulares, entrevistas e toda a burocracia tradicional.
Vale ressaltar, no entanto, que o ESTA se limita a atividades turísticas e reuniões de negócios curtas. Violações podem resultar em banimento permanente do programa e complicações com as autoridades de imigração.