Carreira

Liderar como um professor: as lições das escolas americanas para CEOs e gestores

No Dia do Professor, é celebrado não apenas o papel fundamental de ensinar, mas a capacidade de transformar e inspirar – e isso vale para todos os líderes

Tati Marzullo, empresária nos EUA: "Ser um bom gestor é, em essência, ser um bom educador: alguém capaz de despertar o potencial humano e fortalecer identidades" (Tati Marzullo/Divulgação)

Tati Marzullo, empresária nos EUA: "Ser um bom gestor é, em essência, ser um bom educador: alguém capaz de despertar o potencial humano e fortalecer identidades" (Tati Marzullo/Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 18h07.

Última atualização em 15 de outubro de 2025 às 18h15.

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Por Tatiana Marzullo, líder do Programa Salto Alto e empresária residente nos Estados Unidos

No Dia do Professor, celebramos não apenas o ato de ensinar, mas a capacidade de transformar e inspirar — virtudes que também definem os grandes líderes. Ser um bom gestor é, em essência, ser um bom educador: alguém capaz de despertar o potencial humano e fortalecer identidades.

Nos Estados Unidos, onde vivo há pouco mais de dois anos com minhas duas filhas, Maria Clara (13) e Laura (6), tenho observado de perto como o sistema educacional valoriza esse tipo de liderança. As escolas americanas olham para o aluno de forma integral, reconhecendo não só o desempenho acadêmico, mas também as atitudes que refletem valores como empatia, respeito e responsabilidade.

Minhas filhas, por exemplo, já receberam reconhecimentos formais da escola por seus core values — qualidades que definem comportamentos e interações. E o mais interessante é que esses gestos de valorização acontecem no cotidiano, de forma natural, como durante as refeições na cafeteria, diante de toda a comunidade escolar. É um modelo que celebra o progresso e reforça o senso de pertencimento e autoestima.

Um episódio marcante foi o que minha filha Maria Clara viveu durante uma prova. A professora entregou a cada aluno um post-it em formato de coração. No dela, escreveu uma mensagem simples, mas poderosa: um lembrete do quanto acreditava em seu potencial. Quando chegou em casa, minha filha contou emocionada o quanto aquele gesto a motivou. A prática era recorrente: a professora usava pequenas demonstrações de reconhecimento para reforçar a confiança dos alunos — mesmo em momentos de pressão. Essa atitude revela um traço fundamental da educação americana: medir o aprendizado vai além de testar o conhecimento, é também reconhecer o valor e a identidade de cada estudante.

Veja também: ‘Como professor eu aprendi todas as características de liderança’, diz CEO da Nestlé Brasil

Cultura organizacional e liderança: o mesmo DNA da educação

Nas escolas e nas empresas, as culturas mais fortes são aquelas que valorizam a autenticidade, o pertencimento e o propósito. Não à toa, algumas das organizações mais admiradas do mundo nasceram nos Estados Unidos sob essa lógica.

A Apple, por exemplo, construiu sua liderança sobre a base do autoconhecimento. Sua cultura encoraja as pessoas a acreditarem em seu próprio potencial criativo — a essência do que também se espera de um professor. O propósito de “empoderar as pessoas através da tecnologia” ecoa o de educadores que buscam formar indivíduos confiantes e curiosos.

Na Starbucks, o foco está nas pessoas. O ambiente de respeito e acolhimento se traduz em engajamento e alto desempenho. É uma liderança que inspira pelo exemplo e cria conexões humanas genuínas — exatamente como ocorre em salas de aula que estimulam a empatia e o senso de comunidade.

Já a Disney mostra como uma cultura sólida e inspiradora é capaz de mover multidões. Sua missão de “criar experiências mágicas” é sustentada por valores que estimulam o orgulho e a colaboração — elementos que também transformam o ambiente escolar em um espaço de aprendizado afetivo e coletivo.

Educação e liderança: duas faces da mesma moeda

O Programa Salto Alto, que fundei nos Estados Unidos, tem o propósito de fortalecer a liderança feminina a partir de referências globais, e nasceu justamente dessa observação. Em nossas imersões, estudamos grandes empresas para entender como o propósito, o reconhecimento e a clareza de identidade moldam líderes mais humanos e eficazes.

A ideia é unir o melhor das duas culturas: da americana, trazemos o orgulho nacional, a consistência e a capacidade de fortalecer a autoestima das pessoas. Da brasileira, nossa criatividade, flexibilidade e empatia - qualidades que tornam nossa forma de liderar naturalmente inspiradora. A próxima edição acontecerá em novembro deste ano e já há data reservada para a imersão de 2026.

Ao celebrarmos o Dia do Professor, reconhecemos que educar e liderar têm o mesmo propósito: inspirar pessoas a se tornarem a melhor versão de si mesmas. O verdadeiro legado de um educador — e de um líder — vai além da técnica. Ele está em inspirar os outros a descobrir suas forças, acreditar no próprio potencial e agir com confiança para transformar o mundo.

Veja também: Como brasileiros estão empreendendo com sucesso nos EUA

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