O mercado invisível não se aplica apenas a quem busca recolocação. Muitos profissionais empregados recorrem a essas estratégias para crescer ou mudar de área (Yutthana Gaetgeaw/Getty Images)
Repórter
Publicado em 17 de setembro de 2025 às 06h01.
Hoje, quando alguém decide procurar trabalho, o primeiro passo costuma ser abrir o LinkedIn ou plataformas como Gupy, Indeed e InfoJobs. Ali, milhares de vagas aparecem todos os dias com filtros, alertas e descrições detalhadas.
“Uma dica de ouro para encontrar um cargo e empresa que deseja trabalhar é buscar diretamente no Google. Ele irá trazer várias vagas em diferentes plataformas como Catho, Infojobs, Indeed e Gupy”, afirma Bia Tartuce, profissional de RH que tem 30 anos de carreira no setor, com passagem por grandes empresas como Lufthansa e Zara, e hoje atua como consultora de carreira.
Mas essa é apenas a superfície do mercado de trabalho. O que muitos não sabem é que existe um “mercado invisível” que se trata de um conjunto de oportunidades que não são anunciadas publicamente, mas que respondem pela maioria das contratações.
“As empresas preferem manter algumas vagas em sigilo para evitar exposição, excesso de currículos ou porque se trata de uma posição estratégica. Nessas horas, a rede de contatos faz toda a diferença”, afirma Tartuce.
Esse mercado oculto opera de diferentes formas, segundo Tartuce:
“É uma engrenagem silenciosa que se alimenta da visibilidade e da credibilidade de cada profissional”, afirma Tartuce. “É como se o profissional chegasse primeiro que o próprio currículo, porque soube valorizar e manter uma boa rede de contatos”.
O LinkedIn é a principal porta de entrada nesse universo (tanto das vagas visíveis, quanto as ocultas), mas não basta ter um perfil atualizado.
“Se você não posta, comenta ou interage, desaparece do algoritmo. A regra é clara: quem não é visto, não é lembrado”, afirma.
O ideal é reservar tempo semanal para publicar conteúdos relevantes da área de atuação, interagir com executivos e líderes de empresas-alvo e até mesmo enviar mensagens diretas após candidaturas.
“O currículo é frio. Quando você chega antes dele, com uma conversa inteligente, se vende muito melhor,” afirma a executiva.
Além do digital, a especialista recomenda marcar presença em eventos, cursos e lives da área.
“É ali que nascem as conexões reais. Uma troca em um congresso ou até mesmo em uma aula online pode se transformar em convite para entrevista”, conta.
Outro ponto é não ter receio de falar sobre a própria situação.
“É preciso falar que você busca por algo novo. É preciso avisar a rede de contatos, amigos e familiares. Muitas vagas só circulam internamente, e quem não fala sobre isso perde oportunidades.”
Em se tratando da rede de contatos, Tartuci sugere listar todas as pessoas que conhecem o seu trabalho e que podem ajudar de alguma forma a conquistar uma nova oportunidade no mercado.
O “mercado invisível” não se aplica apenas a quem busca recolocação. Muitos profissionais empregados recorrem a essas estratégias para crescer ou mudar de área.
“Quem está trabalhando consegue fazer esse movimento com mais tranquilidade, sem a pressão dos boletos, e pode avaliar propostas com calma”, destaca.
No fim, a cartilha da especialista promete ajudar profissionais de qualquer área: é preciso se movimentar no LinkedIn, participar de eventos, manter relacionamentos ativos, ativar a rede de contatos e estruturar uma narrativa profissional sólida.
“Não existe sorte. Existem coincidências que acontecem quando você se mostra e se conecta. Quem segue o passo a passo não fica sem emprego”, afirma.