Max Ciarlini: Na Coca-Cola Andina, IA libera o RH para focar no que é mais humano (Arquivo Pessoal)
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Publicado em 5 de junho de 2025 às 08h00.
Quando Max Ciarlini entrou no RH, quase duas décadas atrás, as planilhas dominavam o cenário. Boa parte do trabalho era preencher, cruzar dados e processar relatórios – muitas vezes, tudo feito manualmente. Hoje, como diretor de RH da Coca-Cola Andina e membro do Clube CHRO da EXAME e Saint Paul, ele vê a tecnologia dar espaço para que lideranças e o RH possam dedicar mais tempo às tarefas exclusivamente humanas.
E isso acontece no dia a dia da operação brasileira da companhia. Segundo Ciarlini, a inteligência artificial está sendo integrada em diversos processos do RH da Coca-Cola: no recrutamento, na avaliação de desempenho e até nos feedbacks personalizados. Tudo pensado para liberar tempo, aumentar a eficiência e fortalecer a conexão humana.
Os resultados são positivos e promissores. “Não apenas melhorou a eficiência, mas também impactou positivamente a cultura da empresa”, diz Ciarlini.
Recrutamento com IA
Um dos exemplos mais concretos do uso de inteligência artificial está no processo seletivo da Coca-Cola. A companhia implementou uma plataforma que automatiza a triagem inicial de currículos com base em critérios objetivos e dados estruturados.
“Antes, o processo era demorado, restrito em capacidade e subjetivo”, diz o executivo. “Mas, com a IA, conseguimos elencar os candidatos com base em critérios objetivos, acelerando o processo e garantindo que a etapa humana de seleção seja mais justa”, pondera Ciarlini.
Além de mais agilidade, a ferramenta também contribuiu para aumentar a diversidade nos times, eliminando vieses, e fortalecer a cultura de inclusão.
Portal digital com IA no atendimento interno
Questões administrativas e operacionais, como dúvidas sobre benefícios, estão sendo resolvidas com mais eficiência por meio de um portal digital com inteligência artificial. A automação elevou a disponibilidade de atendimento, a assertividade, a padronização das respostas e a satisfação. “As melhorias vêm trazendo um sentido de atenção que antes não era possível”, comenta.
Feedbacks mais ricos
Outra frente que vem ganhando destaque é o uso da inteligência artificial para apoiar gestores na construção de feedbacks e planos de desenvolvimento.
A ferramenta não substitui a responsabilidade do líder, mas oferece sugestões de conteúdo, ideias e caminhos estruturados que tornam a comunicação mais clara e construtiva. “Sem tirar jamais a responsabilidade e construção final do gestor, mas aportando muito com ofertas de ideias e conteúdos”, explica o executivo.
Além disso, com o apoio da automação, a empresa passou a reunir avaliações de competências, metas, potencial de crescimento e sucessão em um único ambiente, com interação intuitiva e baixo esforço operacional. A proposta é reduzir o tempo operacional e ampliar o tempo de análise e tomada de decisão.
“O gestor gasta mais tempo pensando do que digitando”, afirma. O resultado é uma liderança mais consciente, com base em dados – mas sem abrir mão da escuta ativa.
Para Ciarlini, o maior risco de uma transformação digital no RH é esquecer quem está no centro de tudo: as pessoas. A tecnologia, segundo ele, deve ser ferramenta de apoio e não de substituição.
Por isso, a prioridade da Coca-Cola Andina tem sido garantir que cada avanço tecnológico venha acompanhado de propósito, contexto e escuta. “Sem considerar o lado humano, corremos o risco de criar um ambiente impessoal e alienante, onde os colaboradores se sentem como meros números em um sistema.”
Para o executivo, o futuro do RH passa por esse equilíbrio: usar a inteligência artificial para ampliar – e não reduzir – a inteligência humana.