Relatórios mostram que a IA não gera ROI sozinha: a demanda por habilidades complexas e o toque humano disparou em plataformas freelancer (Getty Images). (Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 17h34.
A mesma inteligência artificial que ameaçou eliminar empregos criativos está agora gerando uma nova categoria de trabalho. Profissionais humanos estão sendo contratados para corrigir a imprecisão e a baixa qualidade do conteúdo feito por inteligência artificial, confirmando que a tecnologia raramente produz um produto final satisfatório por conta própria.
A designer freelancer Lisa Carstens, sediada na Espanha, dedica grande parte do seu tempo a consertar logos gerados por IA para startups e clientes individuais. Ela relata receber ilustrações com linhas sujas, textos sem sentido e que se desfazem em "lixo de pixels" quando ampliadas.
"Há pessoas que estão cientes de que a IA não é perfeita, e há pessoas que vêm até você com raiva porque não conseguiram fazer sozinhas com a inteligência artificial ," afirmou Carstens. Em muitos casos, para entregar um resultado de qualidade, é preciso refazer o logo inteiramente, o que pode levar mais tempo do que começar do zero.
O problema se repete em várias áreas: redatores corrigem textos "não remotamente humanos" do ChatGPT, artistas corrigem imagens disformes e desenvolvedores consertam aplicativos instáveis codificados por assistentes de IA.
A escritora freelancer Kiesha Richardson, da Geórgia, relata que metade de seus trabalhos atuais vêm da reescrita de artigos de inteligência artificial que precisam de "humanização".
Ela explica que, além de corrigir vícios de linguagem (como o excesso de travessões ou o uso repetitivo de palavras como "embarcar" e "deep dive"), é preciso realizar pesquisa própria, pois a IA frequentemente oferece respostas genéricas.
Dados recentes das plataformas de emprego freelancer Upwork, Freelancer e Fiverr indicam que a demanda por trabalho criativo aumentou, com clientes buscando humanos que possam trabalhar em conjunto com a inteligência artificial, mas sem depender totalmente dela.
A Upwork observou crescimento na demanda por trabalhos complexos, como estratégia de conteúdo e direção de arte. A Fiverr registrou um aumento de 250% na demanda por tarefas especializadas, como "ilustração em aquarela para livros de histórias infantis". O Freelancer viu um aumento na busca por conteúdo emocionalmente engajante, como "discursos sinceros".
Matt Barrie, CEO da Freelancer, pontuou que o mercado reconhece imediatamente quando um conteúdo é totalmente produzido por Inteligência Artificial, gerando uma "reação visceral" negativa. Marcas que usam inteligência artificial também enfrentam repercussão negativa; a Guess, por exemplo, gerou controvérsia ao usar um modelo gerado por IA em um anúncio na Vogue.
Mesmo em áreas técnicas, a qualidade do código gerado pela inteligência artificial é questionada. O desenvolvedor Harsh Kumar, da Índia, recebe pedidos para corrigir sites e apps codificados por inteligência artificial que se mostram instáveis ou inutilizáveis.
Seus projetos incluíram consertar um chatbot de suporte que fornecia respostas imprecisas e vazava detalhes sensíveis do sistema devido a falhas de segurança. Kumar observa que clientes que investiram em ferramentas de "vibe coding" sem sucesso, agora reconhecem o valor de um desenvolvedor humano.
"A inteligência artificial pode aumentar a produtividade, mas não pode substituir totalmente os humanos," concluiu Kumar. "Ainda estou confiante de que os humanos serão necessários para projetos de longo prazo. No final das contas, foram os humanos que desenvolveram a IA."
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