Carreira

‘O desconforto me moveu’: o CEO que trocou planilhas financeiras por propósito no varejo da moda

Ex-executivo financeiro transformou uma marca familiar em negócio de comunidade e pertencimento

Vitor Levindo, CEO da Linda de Morrer

Vitor Levindo, CEO da Linda de Morrer

Publicado em 30 de outubro de 2025 às 05h00.

Durante quase duas décadas, Vitor Levindo viveu entre balanços e relatórios. Formado em Administração, Contabilidade e Finanças, construiu carreira sólida em multinacionais de auditoria e consultoria — as chamadas Big Four

Mas em 2021, no início da pandemia, decidiu assumir o comando de um negócio que parecia estar em outro universo, uma marca de moda feminina.

“Era a segunda geração de uma empresa familiar, e eu não tinha nenhum contato com o setor”, conta. “De repente, precisei me desconectar do mundo financeiro e mergulhar em um negócio que fala sobre comportamento, autoestima e pertencimento.”

Hoje, como CEO da Linda de Morrer, marca com presença nacional, Levindo combina o rigor do mundo corporativo com uma nova visão de liderança e propósito e reflete sobre como a transição o transformou e o que aprendeu sobre o futuro das empresas, das pessoas e da moda.

Da hierarquia das finanças à fluidez da moda

O desconforto foi o ponto de partida. 

"Eu queria aplicar o que aprendi no mundo corporativo, mas com uma perspectiva de crescimento diferente, mais humana, mais conectada com propósito"Vitor Levindo, CEO da Linda de Morrer

Para ampliar a visão, ele buscou o curso SEER: Programa Avançado para CEOs, Conselheiros e Acionistas, da Saint Paul, voltado a líderes em transição. “O grande legado foi me fazer enxergar o mercado e o indivíduo sob uma nova perspectiva. Você começa a entender como é percebido, como enxerga os outros e o que precisa mudar para evoluir como líder.”

Essa mudança de mentalidade foi decisiva ao assumir a Linda de Morrer. Vitor trouxe consigo a disciplina do ambiente corporativo, mas percebeu que liderar uma equipe criativa exigia outro tipo de estrutura. 

“Eu lidero muito pelo exemplo, menos pela força. E comecei a provocar o time a questionar, discutir, errar”, diz Levindo.

Ele acredita que errar faz parte do aprendizado e deve ser estimulado. “Eu digo pra minha equipe que eu espero que eles errem. Porque errar é natural. A diferença é que controlo o ambiente para que esses erros virem aprendizado.”

A roupa como mensagem

No início, Vitor enxergava a moda como um setor distante da racionalidade que o formou. Mas logo percebeu que ela carrega uma lógica própria — emocional, simbólica, humana. 

"No mundo financeiro, você lida com resultados. Na moda, com sentimentos. Quando alguém compra uma roupa, busca mais do que um produto. Busca pertencimento, autoestima, uma forma de se expressar"Vitor Levindo, CEO da Linda de Morrer

A constatação mudou sua relação com o negócio. “A roupa fala primeiro. Antes de alguém conversar com você, ela já fez uma leitura sobre quem você é.”

A partir daí, ele conectou propósito e estratégia. “Quero que o produto que criamos faça as pessoas se sentirem melhores. Isso é o que dá sentido ao trabalho.”

Vitor Levindo, CEO da Linda de Morrer

Conexões reais como diferencial competitivo

Se o produto comunica, a marca precisa ser coerente. Para Vitor, o segredo está em construir comunidade. “Tudo começa com conexões. As collabs que fazemos são com pessoas que já tiveram alguma história com a marca — ex-funcionários, ex-estilistas, parceiros. Porque conexão genuína é o que sustenta um negócio.”

Ele vê semelhanças entre esse valor e a filosofia do próprio curso SEER. “Ambos valorizam comunidade e ecossistema. Criar vínculos verdadeiros é o que gera pertencimento, seja numa marca ou num grupo de líderes.”

Na Linda de Morrer, isso se traduz também em um posicionamento 100% nacional. “Fazemos um produto brasileiro, para mulheres brasileiras, com corpos brasileiros. Nada importado. Nosso produto é exclusivo, com bordados e elementos do Brasil. Isso cria identidade e diferenciação.”

Mais do que vender moda, ele diz buscar continuidade e confiança. “Se uma influenciadora não acredita no produto, ninguém vai acreditar. Prefiro construir uma base fiel, que confie e acredite na nossa história e permaneça conosco a longo prazo.”

O novo conceito de sucesso

Depois de duas décadas em ambientes regidos por metas e organogramas, Vitor passou a enxergar sucesso de outra forma. 

“O líder do futuro precisa ser mais humano. Entender que lida com pessoas, que erram e acertam. E que o sucesso não é o mesmo para todos”, ele conta.

Ele lembra de uma funcionária dos tempos de consultoria que, após tentar um cargo técnico, pediu para voltar à função anterior, e voltou a se destacar. “Isso me ensinou que o papel do líder não é projetar seu ideal de sucesso sobre o outro, mas ajudá-lo a encontrar o próprio caminho.”

Na sua visão, o sucesso deixou de ser sinônimo de ascensão hierárquica. “Antes, sucesso era ser chefe, diretor, presidente. Hoje, é estar bem. Equilibrar trabalho, vida e propósito. O líder precisa compreender isso.”

O desconforto como motor

Ao olhar para trás, Vitor resume sua trajetória com uma frase: “O desconforto me moveu”. Foi essa inquietude que o tirou da previsibilidade das planilhas e o levou ao universo criativo da moda.

“Quando você entende que a roupa que a pessoa veste comunica quem ela é, percebe o tamanho da responsabilidade que tem em suas mãos”, diz. 

“Meu papel hoje é ajudar as pessoas a se sentirem melhores. Se eu fizer isso, já cumpri o meu propósito”, ele finaliza.

A transformação de Vitor Levindo de executivo financeiro a CEO com visão de propósito mostra que liderar no futuro exige ir além de planilhas e hierarquias. Sua experiência no SEER: Programa Avançado para CEOs, Conselheiros e Acionistas da Saint Paul foi fundamental para enxergar mercado e liderança sob nova perspectiva, valorizando comunidade, ecossistema e conexões genuínas. Evolua como líder e construa negócios mais humanos e conectados. Conheça o SEER: Programa Avançado para CEOs, Conselheiros e Acionistas da Saint Paul e transforme desconforto em propósito estratégico

Acompanhe tudo sobre:Branded MarketingHigh Impact ProgramsSaint PaulSEERLiderançaLíderes

Mais de Carreira

‘Conhecimento a gente não divide, multiplica’, dizem empresários

Ela começou na garagem para sustentar os filhos — e hoje comanda uma empresa de US$ 1 bilhão

Como duas amigas e sete camisetas viraram uma marca de oito dígitos em três anos

Nvidia atinge US$ 5 trilhões e se torna a empresa mais valiosa do mundo