Funcionários da Petrobras aprovam greve em assembleia na base da Petrobrás em Macaé, no RJ (Sindipetro-NF/Divulgação)
Repórter
Publicado em 25 de março de 2025 às 12h06.
Última atualização em 25 de março de 2025 às 16h20.
Os petroleiros e petroleiras da Petrobras decidiram, em assembleias realizadas de 15 a 23 de março, pela adesão à Greve Nacional de Advertência marcada para esta quarta-feira, 26. Com ampla participação da categoria, a paralisação foi aprovada por 94% dos votantes, segundo posicionamento da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A greve de 24 horas prevista para o dia 26 de março será uma resposta da categoria à gestão da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirma a FUP.
Entre os principais pontos está a defesa da Remuneração Variável (que é o pagamento adicional ao salário que varia de acordo com o desempenho do funcionário ou da empresa). Em nota, o Sindipetro-NF defende que os valores não sejam reduzidos. “A companhia está considerando uma possível redução de 31% nos montantes apresentados nos simuladores de dezembro do ano passado. Isso é inaceitável. Enquanto isso a companhia repassa 207% dos lucros para os acionistas.”
Outra reivindicação inclui a defesa do Teletrabalho, que viralizou nas redes sociais com o depoimento de Luciana Frontin, funcionária da Petrobras desde 2008.
“Com minha rede de apoio já esgotada, simplesmente não tenho como aumentar meus dias presenciais. Estou no limite. A empresa não está considerando essas necessidades, e as pessoas mais prejudicadas são as mulheres. Mulheres como eu, que sou mãe solo”, afirma Frontin.
Atualmente, a Petrobras adota o sistema de dois dias de trabalho presencial por semana, mas a empresa pretende aumentar para três dias a partir de 7 de abril, sem a aprovação prévia dos sindicatos.
“Tanto no regime de teletrabalho quanto na questão da negociação sobre remuneração variável, que envolve a PLR e um prêmio de performance dos petroleiros, estamos encontrando uma dificuldade muito grande de negociação”, afirma Sérgio Borges, coordenador do Sindipetro-NF.
Borges explica que no caso do teletrabalho, a empresa simplesmente quer impor uma alteração sem nenhum tipo de negociação. E no caso da PLR, a empresa até agora não sinaliza nenhuma intenção de rever ou rediscutir a questão do acordo de remuneração variável.
Existe uma série de outros assuntos que o Sindicato pretende tratar na sequência, afirma Borges.
“Um deles é o plano de cargo que também é outro assunto que já passou da hora de colocar em pauta, e infelizmente até agora a gente não está conseguindo. Tem também a solução para os equacionamentos da Petros, nosso fundo de pensão, e o acordo de pauta cheia, que é o acordo que a gente vai negociar na companhia de setembro desse ano”.
Abaixo, as outras medidas que serão reivindicadas na greve prevista para esta quarta-feira:
* Fim dos PEDs do Plano Petros, garantindo uma solução definitiva para os aposentados e pensionistas;
* Criação de um Plano de Cargos, Carreira e Salário unificado, que valorize a negociação coletiva e corrija distorções salariais;
* Reposição do efetivo, com a convocação de concursados e abertura de novos concursos públicos;
* Medidas para evitar acidentes, mortes e adoecimento dos trabalhadores no Sistema Petrobras, que registrou seis fatalidades no fim de 2024;
* Garantia de segurança na retomada da produção da Fafen-PR, com efetivo adequado;
* Melhoria das condições de trabalho dos prestadores de serviço, com fim da escala 6x1 e isonomia de jornada;
* Contra qualquer forma de diferenciação entre trabalhadores antigos e novos, incluindo adicionais de transferência e ajuda de custos.
“A greve que estamos fazendo é uma greve de advertência. Para que a empresa retome com a negociação, para que a gente consiga construir soluções que atendam tanto os anseios da empresa quanto dos trabalhadores, afirma Borges.
Os locais da greve pelo Brasil devem ser divulgados amanhã no site da FUP.
Em nota, a Petrobras afirma que foi notificada sobre a greve, que respeita o direito de manifestação e responde sobre as duas principais medidas reinvindicadas: regime de trabalho e PLR. Segue nota na íntegra:
"A Petrobras foi notificada oficialmente pelas entidades sindicais sobre a paralisação agendada para o dia 26 de março.
A empresa respeita o direito de manifestação dos empregados. A Petrobras tem mantido diálogo aberto com as entidades sindicais sobre os ajustes ao modelo híbrido de trabalho, que aumentará de dois para três dias na semana o período de trabalho presencial. A partir de 7 de abril de 2025, todos os empregados devem cumprir três dias de trabalho presencial na semana. Além disso, a companhia apresentou proposta às entidades sindicais de acordo específico de trabalho para pactuar esse ajuste pelo período de dois anos.
Os ajustes mencionados visam atender os grandes desafios que a companhia tem pela frente, alinhados ao seu Plano Estratégico.
A Petrobras esclarece, ainda, que já vem repondo seu efetivo de trabalhadores, tendo convocado mais de 1.900 novos empregados em 2024. A companhia também já anunciou publicamente que irá contratar 1.780 novos empregados ao longo de 2025, oriundos de concurso público de nível técnico.
Por fim, convém destacar que a Petrobras possui um programa de remuneração variável que contempla, entre outros itens, a Participação nos Lucros e Resultados (PLR). A Petrobras negociou com as entidades sindicais um acordo de PLR para o período 2024/2025, que será cumprido integralmente pela companhia".