Profissionais da Geração Z não estão dispostos a permanecer onde não se sentem compreendidos ou valorizados (Deagreez/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 24 de março de 2025 às 10h41.
Última atualização em 24 de março de 2025 às 10h57.
O problema está com eles ou com a sua empresa?
Empresas tradicionais têm enfrentado uma verdadeira crise na retenção da geração Z. Ao contrário do que muitos pensam, esses jovens talentos não são "inconstantes" ou "exigentes demais" – eles simplesmente não estão dispostos a permanecer onde não se sentem compreendidos ou valorizados.
Pesquisas mostram claramente o que afasta a geração Z:
A geração Z valoriza:
Recentemente conversei com o Bruno Szarf, VP Global de Pessoas e Performance do Stefanini Group, que compartilhou comigo um case muito interessante que estão desenvolvendo por lá:
“Criamos o Insights, um programa interno de intraempreendedorismo focado em resolver desafios cotidianos por meio da inteligência artificial. O projeto reuniu mais de 90 participantes e, para surpresa positiva, um dos grupos vencedores foi formado por estagiários da empresa. Além de ganharem uma premiação de R$ 5 mil, esses jovens continuam tocando o projeto fora do horário habitual de trabalho, o que prova que existe muita gente da geração Z disposta a crescer, criar impacto real e se dedicar a projetos relevantes, desde que tenham oportunidades reais para isso.”
Outra perspectiva interessante veio da minha conversa com a Aline Cintra, VP de Recursos Humanos da Equifax, que trouxe um olhar complementar sobre o engajamento dessa geração:
“Este ano estabelecemos novos rituais para envolver diferentes públicos, com uma comunicação mais clusterizada e assertiva. Algo que funciona muito bem aqui na Equifax são os chats temáticos, que direcionam assuntos específicos e geram uma interação muito autêntica. Percebemos que essa geração é muito mais reativa, eles falam menos e reagem mais. Os chats têm se mostrado canais eficientes não só para comunicação, mas principalmente para o engajamento. Além disso, temos planos para implementar projetos como a mentoria reversa, para promover o aprendizado mútuo e a valorização dos jovens talentos, fortalecendo a cultura organizacional.”
A geração Z não busca apenas um chefe. Eles buscam um mentor, alguém que os ouça, que dê feedback construtivo e contínuo, e que reconheça cada conquista, por menor que seja. Líderes bem-sucedidos com jovens são aqueles que oferecem segurança psicológica, autonomia, e que sabem dizer: "eu entendo você, e estou aqui para apoiar seu desenvolvimento".
A verdade é simples: esses jovens não estão pedindo muito – eles apenas não querem menos do que merecem. Empresas que perceberem isso primeiro não só reterão seus talentos, como estarão à frente na corrida por inovação e sustentabilidade no mercado.
Chegou a hora de mudar. Ou continuar perdendo seus melhores talentos.