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Quando a conta não fecha: o alerta da CEO da Brasilprev sobre o futuro da aposentadoria no Brasil

A presidente Ângela Assis fala sobre o desafio de popularizar a previdência privada, o envelhecimento da população e o papel da educação financeira para o futuro dos brasileiros

Ângela Assis, CEO da Brasilprev: “Viver mais é uma conquista, mas significa também maiores gastos, principalmente com saúde. É preciso preparo financeiro para isso” (Leandro Fonseca /Exame)

Ângela Assis, CEO da Brasilprev: “Viver mais é uma conquista, mas significa também maiores gastos, principalmente com saúde. É preciso preparo financeiro para isso” (Leandro Fonseca /Exame)

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 07h58.

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O Brasil está envelhecendo — e mais rápido do que imagina. Nas próximas décadas, o número de pessoas recebendo aposentadoria vai ultrapassar o de contribuintes. O alerta é de Ângela Assis, presidente da Brasilprev, durante o podcast De Frente com CEO, da EXAME.

“A partir de 2050, nós vamos ter mais pessoas recebendo aposentadoria no INSS do que contribuindo. Ou seja, essa conta não fecha”, diz.

Os dados reforçam a preocupação. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2051 o país terá 61,3 milhões de aposentados e pensionistas, frente a 60,7 milhões de contribuintes. Já a Confederação Nacional de Serviços (CNS) estima que, entre 2050 e 2060, haverá apenas dois contribuintes para cada beneficiário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Hoje, essa proporção é de cerca de cinco para um.

“Viver mais é uma conquista, mas significa também maiores gastos, principalmente com saúde. É preciso preparo financeiro para isso”, afirma Assis. “A inflação da terceira idade é, em média, 20% maior do que a inflação geral.”

Popularizar a previdência privada

À frente da Brasilprev desde 2020 — e primeira mulher a ocupar o cargo de CEO na história da companhia —, Ângela Assis tem liderado um movimento de democratização da previdência complementar. A executiva aposta em tecnologia, simplificação de produtos e educação financeira para alcançar públicos que antes não tinham acesso.

“É fundamental mostrar que previdência não é só para as classes A e B. Queremos alcançar a classe C e D, que também precisa de complementação de aposentadoria”, afirma.

Hoje, a Brasilprev oferece planos com aportes mensais a partir de R$ 100 e aposta em canais digitais para facilitar o investimento. A empresa foi pioneira ao permitir a contratação de planos via WhatsApp e o pagamento por Pix recorrente.

A inovação vem acompanhada de inteligência artificial. “Em uma jornada de realocação de investimentos pelo WhatsApp, a adoção de IA generativa elevou nosso NPS em 35 pontos”, diz Assis.

Veja também: “A aposentadoria não é o fim, mas um novo começo”, afirma João Carlos Martins

Ser mulher em um setor masculino

A ascensão de Assis ao topo da companhia tem um significado especial. Em um setor dominado por homens, ela ainda é exceção. “Na diretoria ampliada da FenaPrevi, que reúne mais de 35 diretores, eu sou a única mulher”, conta.

Para ela, ocupar esse espaço é também abrir caminho para outras. “Sempre fui muito direta, mas aprendi a importância de escolher o momento certo para falar. Você pode dizer qualquer coisa, desde que a outra pessoa esteja aberta para escutar.”

Veja também: Esses são os 5 destinos mais atrativos para viver a aposentadoria no exterior

Liderança com propósito

Mais do que resultados, a executiva fala sobre pessoas e coerência. “Um líder precisa gostar de pessoas e praticar o que fala. Não adianta cobrar agilidade se você demora uma semana para responder”, diz a CEO. “A liderança é sobre ajudar o outro a crescer, seja no trabalho ou na vida. É isso que me move.”

No futuro, Assis planeja ampliar seu impacto fora do mundo corporativo, com foco em causas sociais voltadas à proteção animal e à inclusão de pessoas com deficiência.

Mas, por enquanto, segue firme no propósito que move sua carreira: preparar o brasileiro para envelhecer com dignidade. “A previdência não é sobre parar de trabalhar. É sobre garantir liberdade para escolher como viver o amanhã.”

Veja a entrevista completa no podcast "De frente com o CEO", da EXAME:

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