Carreira

'Vale Tudo' na gestão: qual o preço de ter uma Odete Roitman na liderança?

Gestão abusiva da vilã e de seu CEO, Marco Aurélio, é comprovadamente prejudicial para negócios e pode ser motivo de 7% a menos em receita, diz pesquisa

O que parece exagero de novela, na verdade, pode ser um espelho de práticas que ainda se repetem em muitas salas de diretoria (TV Globo/Divulgação)

O que parece exagero de novela, na verdade, pode ser um espelho de práticas que ainda se repetem em muitas salas de diretoria (TV Globo/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 12h46.

Tudo sobreMundo RH
Saiba mais

Em Vale Tudo, a vilã Odete Roitman e o CEO Marco Aurélio transformam a TCA em palco de autoritarismo, intrigas e decisões tomadas pelo ego. Se essa fosse uma empresa real, a conta seria alta: até 7% de queda na receita por causa da má liderança.

Fora da ficção, pesquisas comprovam que estilos tóxicos de gestão custam bilhões às organizações e afastam talentos estratégicos. O que parece exagero de novela, na verdade, pode ser um espelho de práticas que ainda se repetem em muitas salas de diretoria.

“Esse é um comportamento que gera a perda de talentos estratégicos, engessa a inovação e corrói silenciosamente os resultados”, afirma Marília Fiuza, coach de executivos de alta gestão e palestrante do hsm+, evento de liderança e inovação da América Latina.

Os números da liderança tóxica

A percepção não é só dramática — é estatística. O MIT Sloan Management Review aponta que uma cultura tóxica é 10,4 vezes mais determinante para pedidos de demissão do que o salário.

Já a SHRM, a maior associação de RH do mundo, identificou que 1 em cada 4 profissionais pede demissão por causa de chefes tóxicos. Esse comportamento custou às empresas norte-americanas US$ 223 bilhões em apenas cinco anos. A pesquisa mostra ainda que 58% dos que deixaram seus empregos devido à cultura tóxica afirmaram que sua liderança direta foi a principal razão para a saída.

No Brasil, os indicadores seguem na mesma linha: um levantamento da Talenses Group revela que 87% dos profissionais já tiveram líderes tóxicos, enquanto outro, do EDC Group, indica que 57% convivem atualmente com gestores abusivos ou difíceis.

O reflexo é um baixo índice de engajamento: só 31% dos trabalhadores brasileiros se declaram engajados em seus trabalhos.

Ego disfuncional: o maior sabotador

Para Fiuza, o problema central não é a competência técnica, mas o ego disfuncional de alguns líderes. Os sinais são claros:

  • dificuldade em receber feedback,
  • necessidade constante de autopromoção,
  • centralização excessiva de decisões,
  • e até a criação de inimigos internos como forma de se manter no poder.

“Transformar esse ego em consciência e domá-lo é o caminho para inovação, engajamento e resultados sustentáveis, e para não se tornar uma Odete Roitman ou um Marco Aurélio da vida real”, diz a especialista.

O primeiro passo, segundo a especialista, é discutir abertamente os estilos de gestão e refletir sobre o tipo de liderança que se exerce — e que se deseja exercer.

“No fim, o maior vilão dos negócios não está na concorrência ou no mercado, mas muitas vezes dentro da própria sala da diretoria”, afirma.

Acompanhe tudo sobre:NovelasNovelas da GloboGestãoMundo RH

Mais de Carreira

Como é definido o valor do salário mínimo?

Quem é Leonardo Navarro, ex-atleta de 18 anos que sonha em criar a própria empresa

‘Não vou mais existir, eu vou viver’: a filosofia que transformou uma executiva em líder de impacto

‘Fui criada para dar certo’: a jornada dessa jovem que transformou propósito em alta performance