Eliud Kipchoge: corredor do Quênia cruza a linha de chegada na Maratona de Nova York vestindo peça da Nike (Ishika Samant /Getty Images)
Redatora
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 10h16.
Nos últimos anos, a corrida se tornou o foco de diversas gigantes esportivas — e não é à toa. Segundo a Strava, é o esporte que mais cresce no mundo e movimentou mais de US$ 600 milhões durante a Maratona de Nova York em 2025. De olho nesse público, a Nike tem reforçado o investimento em inovação e agora aposta em peças capazes de manter o corpo fresco durante o esforço físico.
O projeto Nike Radical AirFlow apresenta uma camiseta de manga longa repleta de canais de ar que percorrem toda a peça. Criada inicialmente para corridas em trilhas, ela também atende aos praticantes de corrida de rua.
O modelo combina malha respirável — um engineered knit desenvolvido especialmente para melhorar a ventilação — e uma química hidrofílica que acelera o resfriamento evaporativo e controla a umidade, favorecendo o resfriamento natural do corpo e a evaporação rápida do suor.A estrutura da peça segue o princípio do Efeito Venturi: ao passar por canais mais estreitos, o ar ganha velocidade e cria uma corrente interna que aumenta a circulação e a sensação de frescor sobre a pele. O comprimento da camiseta foi pensado estrategicamente: quanto maior for a área coberta pelos furos, maior a circulação de ar. Aberturas sob os braços aumentam o conforto durante provas longas e intensas.
“Testamos todos os tipos de configurações de dutos de ar, tamanhos e posicionamentos zonais durante os testes e o desenvolvimento. Descobrimos que uma construção em forma de funil, com orifícios de tamanhos variados e distribuídos uniformemente, era a que melhor canalizava e acelerava o ar em direção à superfície”, afirma Jahan Behbahany, diretor sênior de inovação em vestuário da Nike.
A peça foi testada por dois anos em trilhas e laboratórios. Atletas da NSRL (National Sport Racing League) compararam a tecnologia com a tradicional Dry Fit, também da Nike, e os resultados foram animadores: os protótipos da Radical AirFlow absorveram e retiveram 50% menos suor e apresentaram 25% menos resistência à evaporação após corridas em altas temperaturas.
A camiseta ganhou destaque ao ser usada pelo atleta Eliud Kipchoge durante a Maratona de Nova York — prova em que o queniano terminou em 17º lugar.
O corredor Caleb Olson, campeão da Western States 100-Mile (160 km) Endurance Run 2025, também usou a peça e descreveu a experiência. “Quando a vesti, parecia estar dentro de um frigorífico. Mesmo com temperaturas acima de 40 °C, a sensação de um banho de gelo persistia, prolongando o frescor.”
A tecnologia Radical AirFlow é um dos pilares do plano de recuperação financeira da marca, o “Win Now” (Vença Agora), que reposiciona o foco da empresa em performance esportiva.
Neste ano, a Nike também apresentou o Project Amplify, protótipo de tênis robótico criado em parceria com a startup Dephy, especializada em calçados biônicos. O modelo traz um motor acoplado ao calcanhar que sincroniza o impulso de acordo com o movimento natural do corpo, reduzindo o esforço físico e aprimorando a eficiência da passada.
Com previsão de lançamento apenas em 2028, o calçado já foi testado por mais de 400 atletas, somando 2,4 milhões de passos. Os resultados reforçam o sucesso do plano Win Now: no primeiro trimestre de 2026, a Nike registrou um crescimento de 1%, alcançando US$ 11,7 bilhões em receita.