Mercado São José: espaço foi reforma a partir de iniciativa público-privada (Redes Sociais/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 21 de setembro de 2025 às 13h53.
O Novo Mercado São José voltou a abrir as portas neste domingo (21) na Rua das Laranjeiras, Zona Sul do Rio, depois de seis anos fechado.
Tombado em 1994 e com mais de um século de história, o prédio passou por uma restauração completa de quase dois anos, que consumiu R$ 10 milhões em recursos da iniciativa privada.
A reforma preservou símbolos históricos, como a imagem de São José na fachada, o oratório e a fonte interna, todos revitalizados, e introduziu novidades como um terraço para bares e um prédio anexo de 180 metros quadrados, distribuídos em três pavimentos e com elevador para garantir acessibilidade.
Os boxes de produtores ficam na construção original, enquanto o anexo abriga restaurantes nos dois andares superiores e reserva o térreo para atividades culturais com programação regular divulgada nas redes sociais do Mercado. São 11 boxes no total, incluindo sorveteria, loja de drinques e chopes, comida italiana, queijaria e vinhos.
A reabertura traz uma combinação de marcas queridas dos cariocas e novos nomes. Entre os estreantes, Tito Orgânicos, Bocas Rotisserie, Basta Pastifício e os bares Cura e Borbulhas, especializados em bebidas fermentadas.
Já os veteranos ganham filiais, como o restaurante Locanda, de Petrópolis, a sorveteria Hoba — onde o cliente cria seu próprio sorvete —, a confeitaria Absurda, a padaria Bicho Pão e o Brewteco.
O edifício tem trajetória singular. No passado, serviu como senzala. Em 1942, durante a Segunda Guerra, o presidente Getúlio Vargas transformou o local em mercado popular.
Décadas depois, em 2018, uma disputa judicial de 25 anos com o INSS, então proprietário do imóvel, resultou no despejo dos antigos comerciantes e no fechamento do espaço.
Em 2023, a prefeitura comprou o prédio do governo federal e estruturou a reabertura via concessão.
Para o vereador Pedro Duarte, que acompanhou a mobilização pelo retorno do mercado, a concessão foi decisiva:
— Ainda na época em que o Mercadinho São José estava fechado, fizemos abaixo-assinado, gravamos vídeos, pressionamos. O imóvel era do governo federal, do INSS, que deixou abandonado. A prefeitura assumiu e fez a concessão, que, na nossa opinião, foi a melhor decisão. Hoje temos investimento privado, dezenas de boxes, cafeterias, docerias. Ficou muito bacana e, o mais importante, sem um real de dinheiro público — disse.
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, reforça que o modelo pode inspirar outros projetos:
— O mercadinho é um excelente exemplo de parceria entre poder público e iniciativa privada. Encontramos um parceiro que investiu, restaurou o imóvel e vai explorá-lo por 20, 25 anos. Todos ganham: a cidade, a população e o investidor. É um modelo que pretendemos replicar em outros espaços, sejam da prefeitura, de outros entes públicos ou de interesse público.
Moradora de Laranjeiras, a empresária Rosângela Ferráz, de 54 anos, celebrou a reabertura:
— É muito lindo ver o mercado ganhar nova roupagem e estar vivo novamente. Toda a minha família e amigos têm história aqui. Agora virão outras — contou.
Entre os visitantes que lotaram a inauguração, a professora aposentada Marília Antunes, de 68 anos, destacou a importância da preservação:
— Eu vinha aqui com meus pais quando era criança. É emocionante ver cada detalhe recuperado, mas com cara moderna. A sensação é de que a história continua.
Já o estudante de gastronomia Lucas Menezes, 23, elogiou a nova proposta gastronômica:
— Vim de Botafogo só para conhecer e estou impressionado. A ideia de juntar produtores, bares e espaço cultural é perfeita. Dá vontade de passar o dia inteiro.
Para a designer de interiores Carla Martins, 35, o espaço reforça o clima de bairro:
— Laranjeiras precisava de um ponto de encontro assim, que une tradição e novidade. Dá orgulho ver um patrimônio sendo cuidado.