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Folman discute a utopia virtual em "O Congresso Futurista"

Filme mistura animação e live action para adaptar o livro "O Congresso Futurológico" e encenar uma corrosiva análise da máquina de entretenimento de Hollywood


	Trecho de "O Congresso Futurista": filme começa em live action, mas vira uma animação no seu decorrer
 (Reprodução)

Trecho de "O Congresso Futurista": filme começa em live action, mas vira uma animação no seu decorrer (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2014 às 17h51.

São Paulo - O diretor israelense Ari Folman costuma levar a animação a territórios inesperados. Como a política, com "Valsa com Bashir" (2008), um criativo semidocumentário que discutia a invasão israelense do Líbano, em 1982. "O Congresso Futurista" é seu mais recente trabalho.

Mistura animação e live action para não só adaptar o livro "O Congresso Futurológico" (1971), do polonês Stanislaw Lem (1921-2006), como para encenar uma corrosiva análise da máquina de entretenimento de Hollywood e nosso tempo obcecado pela celebridade.

A obra do inspirado Lem (autor também de "Solaris", que rendeu versões cinematográficas), é verdade, fornece um amplo ponto de partida, sendo precursora, em mais de duas décadas, de um conceito de realidade virtual reapropriado, em outra chave, pelo sucesso "Matrix" (1999), dos irmãos Andy e Lana Wachowski.

O filme começa em live action. Robin Wright (fazendo o próprio papel) é uma atriz de 44 anos, que teve sucesso na adolescência, mas depois enterrou sua carreira em escolhas erradas e crises emocionais.

Hoje, ela vive numa casa modesta, com os filhos Sarah (Sami Gayle) e Aaron (Kodi Smit McPhee) - este último, exigindo cuidados de saúde.

Robin está num impasse existencial, precisando de dinheiro, mas com a imagem queimada junto aos produtores. Seu agente, Al (Harvey Keitel), procura-a com uma proposta que, diz ele, será a última feita pelo estúdio que detém contrato com a atriz, o Miramount - qualquer semelhança com nomes reais de estúdios não será mera coincidência.

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A proposta do produtor Jeff (Danny Huston) é que a atriz aceite ter sua imagem escaneada e estocada num chip, que passará a ser propriedade do estúdio e que poderá ser usada em todo e qualquer gênero de filme, sem que ela tenha controle sobre isso.

A atriz deverá, então, a troco de uma alta soma, assinar um contrato abrindo mão de usar a própria imagem por 20 anos. Robin hesita, mas afinal aceita, porque é alto o custo do tratamento do filho.

Ela também não tem mais qualquer ilusão ou objetivo com a carreira. Vinte anos depois, quando sua versão digital já estrelou de ficções científicas a filmes de ação, é convidada a participar de um congresso da empresa, que agora se chama Miramount-Nagasaki.

Para participar desse congresso, todos os convidados devem ingerir uma ampola que os coloca num mundo virtual, em que todos se enxergam como animações. A partir daí, o filme se transforma num desenho animado.

A visão de futuro contida neste segmento é das mais sombrias. Na realidade, o mundo fora dali não é nada digno de ser contemplado. Toda possibilidade de utopia e felicidade é essa ilusão virtual, mantida quimicamente.

Alguns toques de humor surgem nas versões animadas de alguns personagens famosos, como um Tom Cruise de traços orientais e um Michael Jackson fazendo as vezes de garçom num restaurante de luxo.

De modo geral, "O Congresso Futurista" é bastante complexo. Ambicioso também. Não à toa, Robin Wright, uma das produtoras, está muito à vontade num papel que tem declarados pontos de contato com a própria biografia e lhe dá oportunidades extraordinárias de demonstrar a versatilidade de seu talento, nem sempre bem aproveitado ao longo de sua carreira.

No quesito visual, a animação é de uma riqueza e ousadia consistentes, embora lhe falte algum ritmo no cômputo geral do filme.

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