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Isabel Guilisasti, da CyT: brasileiro está mais conectado com os vinhos

Vinícola chilena Concha y Toro cresceu 20% em 2021 focando no mercado brasileiro. No terceiro trimestre, o lucro superou os 30 milhões de dólares

Isabel Guilisasti: herdeira da Concha Y Toro fala sobre o mercado brasileiro dos vinhos.  (Vinã Concha Y Toro/Divulgação)

Isabel Guilisasti: herdeira da Concha Y Toro fala sobre o mercado brasileiro dos vinhos. (Vinã Concha Y Toro/Divulgação)

MD

Matheus Doliveira

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 15h35.

Última atualização em 17 de novembro de 2021 às 16h02.

A vinícola chilena Concha y Toro anunciou um crescimento superior a 15% no terceiro trimestre de 2021. Esse número significa que o grupo alcançou um lucro de 30,316 milhões de dólares no período, acumulando mais de 68 milhões de lucro nos primeiros nove meses do ano. Um aumento de 23% em relação ao mesmo período de 2020. Esse resultado foi alcançado apesar de uma queda de 2,9% entre julho e setembro, expondo uma redução de vendas nos mercados dos Estados Unidos, por problemas de uma crise logística global de transporte marítimo e terrestre.

Em contrapartida, o mercado chileno apresentou aumento de 25,1% nas vendas, refletindo um maior preço médio de vinho. A Argentina registrou um aumento de 36,8%. “No primeiro trimestre a empresa se concentrou na gestão dessa crise da cadeia de suprimentos, alavancando pontos fortes de seu modelo de distribuição integrada”, diz o CEO da Viña Concha Y toro, Eduardo Guilisasti.

Entre as áreas de geração de lucro, o grupo chileno escolheu o crescimento de marcas de maior valor no portfólio, destacando a linha Casillero del Diablo, que teve crescimento de valor no terceiro trimestre de mais de 100%, já a marca Marques de Casa Concha teve aumento de 30,7%, Trivento Golden 126% e Don Melchor, 55,9%.

Mercado brasileiro

Segundo Maurício Cordero, CEO da Concha Y Toro no Brasil, o mercado verde-amarelo é um dos mais importantes para a marca global. Hoje, o país é o quarto maior mercado da Viña Concha y Toro em valor de vendas em todo o mundo, atrás apenas de Inglaterra, Estados Unidos e Chile. "A companhia tem suas marcas distribuídas em mais de 130 países, mas categoriza internamente o mercado brasileiro como A+; ou seja, aquele que está entre os que recebem maior foco, investimento e atenção de todo o grupo. Isto se reflete nos números apresentados pelo Brasil, que tem apresentado crescimento de dois digitos nos últimos anos", comenta.

A Concha y Toro foi uma das principais responsáveis para introdução da cultura dos vinhos importados no Brasil, movimento liderado pela marca de vinhos mais acessíveis Reservado Concha y Toro, que já vende mais de 12 milhões de garrafas.

"Acreditamos que desenvolver e entregar grandes marcas de vinho ao consumidor é o caminho natural da evolução deste mercado. Uma garrafa de 50, 60, 100 reais muitas vezes é um investimento relevante no orçamento do brasileiro, que não pode errar e se aventurar neste momento, o reconhecimento e a confiança que nossas marcas apresentam é o que nos diferencia neste mercado", diz Cordero.

Em novembro, a Concha Y Toro foi eleita pela revista britânica The Drinks Business como a melhor empresa de vinhos e licores do ano a nível internacional. Um dos destaques é que em 2021 a empresa obteve a certificação B Corporation, que reconhece marcas que atendem a elevados padrões de gestão ambiental, governança e desempenho social. 

Em entrevista exclusiva à EXAME, a herdeira e vice-presidente de Vinhos Finos e Imagem Corporativa da Concha Y Toro, Isabel Guilisasti, falou sobre a importância do ESG para a marca, sobre o mercado brasileiro de vinhos e sobre o novo perfil do consumidor nacional. Confira os melhores trechos:

O consumidor brasileiro está mais exigente? 

O consumidor brasileiro está mais conectado do que nunca com a categoria de vinhos, e com isso está, sim, muito mais exigente. Isso criou uma situação de oportunidade no mercado, que se intensificou durante o período da pandemia. Esta exigência fica ainda mais evidente quando falamos sobre a venda de vinhos finos e de alta gama no Brasil, que está muito aquecida. Existe um segmento de consumidores muito relevante no Brasil que busca os melhores vinhos provenientes de todo o mundo. Para estes consumidores, a Concha y Toro relançou um portfólio de marcas ˜Cellar Collection". Um exemplo é o de Don Melchor, ícone chileno reconhecido como um dos melhores Cabernet Sauvignon do Mundo, que teve crescimento meteórico nas vendas em todo o Brasil após apresentar uma premiação de 100 pontos pelo crítico de vinhos James Suckling. O Brasil hoje é o maior mercado consumidor para esta marca, que é comercializada a 1.300 reais.

Os vinhos brasileiros estão melhores em termos de qualidade? 

O mercado de vinhos nacional se desenvolveu bastante nos últimos anos, e com isso vemos cada vez mais melhores rótulos e marcas que se destacam não só no país como também nos mercados internacionais. Nós ficamos muito felizes com essa evolução, pois entendemos que esse movimento ajuda muito no desenvolvimento e consumo da categoria no Brasil. Principalmente na comercialização de espumantes, existe um trabalho notável sendo realizado pelos produtores do Brasil.

O que a certificação do sistema B representa para a Viña Concha y Toro? 

Esta certificação é um grande passo em nosso compromisso com as questões ambientais, sociais e de governança corporativa, que são uma parte fundamental dos pilares estratégicos de crescimento de nossa empresa. Fazer parte desse movimento global é trilhar um caminho de aprimoramento constante. O objetivo é que nosso negócio gere um impacto positivo e contribua para os desafios globais.

Qual é a agenda ESG da Viña Concha y Toro?

A sustentabilidade é um pilar central da estratégia da Viña Concha y Toro. Desde 2011, a empresa desenvolveu um programa de sustentabilidade integral e mediu o progresso em seis grandes áreas: clientes, produtos, pessoas, sociedade, cadeia de suprimentos e meio ambiente. Na última década, a CyT se concentrou em dois grandes desafios globais: água e mudanças climáticas. Em relação à água, sistemas tecnológicos de irrigação e por gotejamento estão implantados em 100% das operações da companhia, garantindo o uso responsável da água. Além disso, a Viña Concha y Toro foi a primeira vinícola do mundo a começar a medir sua pegada hídrica há dez anos. Essas medidas ajudaram a nortear as ações tomadas para reduzir esta pegada, que hoje é 50% inferior à média mundial da indústria vinícola. Nossa meta é reduzir suas emissões de carbono em 55% até 2030.

Quais são os planos da Viña Concha y Toro no Brasil nos próximos anos? 

Vemos um enorme potencial no Brasil, já que o país tem um consumo per capita de vinho de 2,8 litros por ano enquanto nos líderes mundiais esse consumo fica acima de 15 litros por ano. O aumento no consumo no ano passado apenas mostrou o potencial de crescimento que o país tem. Queremos continuar sendo uma marca que irá nortear o consumo de vinho no Brasil nos próximos anos, principalmente com nossas marcas de vinhos premium.

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