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Calendário Pirelli 2026 retrata mulheres e os elementos da natureza

Sølve Sundsbø começou a fotografar o calendário deste ano em abril entre a praia de Holkham, em Norfolk, e a zona rural de Essex

Calendário Pirelli: Venus Williams na edição de 2026 (Sølve Sundsbø/Divulgação)

Calendário Pirelli: Venus Williams na edição de 2026 (Sølve Sundsbø/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 17h33.

Chegando à sua 52ª edição, a nova edição do Calendário Pirelli explora a conexão entre o ser humano e a natureza. Suas protagonistas são retratadas como encarnações simbólicas dos elementos naturais — terra, ar, fogo e água — mas também de forças mais intangíveis, como energia, éter e luz.

“Não quis ser demasiado literal, o Calendário não se limita aos quatro elementos tradicionais. Quis capturar emoções, instintos e estados de espírito que são centrais na vida humana. O anseio de liberdade, a curiosidade, a sede de conhecimento, poderíamos chamá-lo assim. Uma espécie de mistério, imaginação, paixão, o desejo de emancipação, a ligação com a natureza e a nossa relação com o tempo e o espaço. É uma forma de nos conectarmos com algo de onde viemos. Objetivos ambiciosos, mas quis tentar”, diz Sølve Sundsbø, fotógrafo da edição de 2026.

Sundsbø começou a fotografar o calendário deste ano em abril entre a praia de Holkham, em Norfolk, e a zona rural de Essex, continuando depois o trabalho em estúdio entre Londres e Nova York. E foi no estúdio que, como grande entusiasta da tecnologia e da experimentação, utilizou os sistemas 3D mais avançados para recriar as sugestivas paisagens de Essex e Norfolk — os pores-do-sol, as nuvens. O fogo, a água — como pano de fundo das protagonistas de seu projeto.

Cada personagem interpretou um elemento, contribuindo para a construção de seu próprio retrato com o fotógrafo, que capturou as emoções e as diferentes características físicas de cada uma.

Calendário Pirelli: Isabella Rossellini na edição de 2026 (Sølve Sundsbø/Divulgação)

“Eu quis fotografar mulheres maduras, com experiência e profundidade. Mulheres que respeito profundamente pelo que representam. Algumas delas eu já desejava fotografar há muito tempo, outras são rostos que eu já havia retratado e que quis reinterpretar.”

As 22 fotografias que compõem o Calendário retratam 11 protagonistas do mundo do cinema, da moda, do esporte e da música: a atriz escocesa Tilda Swinton, a atriz britânica Gwendoline Christie, a cantora e compositora FKA twigs, a atriz e cineasta ítalo-americana Isabella Rossellini, a campeã de tênis norte-americana Venus Williams, a estilista e ex-modelo inglesa Susie Cave (que já apareceu nas edições de Clive Arrowsmith de 1991 e de Helmut Newton de 1986, apresentada em 2014), a atriz italiana Luisa Ranieri, a modelo russa Irina Shayk, a modelo e atriz chinesa Du Juan (já presente no Calendário 2008 de Patrick Demarchelier), a top model tcheca Eva Herzigová (presente nas edições de 1996 de Peter Lindbergh e 1998 de Bruce Weber) e a atriz porto-riquenha Adria Arjona.

Em entrevista, Sundsbø conta sobre o seu processo criativo e o desenvolvimento do calendário.

Como surgiu sua paixão pela fotografia?

Do desejo de contar histórias. Nunca fui particularmente bom em escrever ou desenhar, mas sempre quis contar histórias. As primeiras histórias que contei através de imagens eram sobre esquiar: fotografava meus amigos enquanto esquiavam, contando essa história “descendo a montanha”. E depois os shows: quando era jovem, fui a muitos. Queria capturar visualmente aquela emoção para poder compartilhá-la. Para mim, fotografia é isso: contar histórias, comunicar.

Qual foi o seu primeiro pensamento quando lhe convidaram para realizar o Calendário Pirelli 2026?

Senti imediatamente umagrande alegria, porque é um panteão de fotógrafos e é legal fazerpartedessegrupo. É como ser premiado, de certa forma. Então você percebe: “Meu Deus, ganhei esse prêmio” e precisa conquistá-lo. Normalmente, você recebe um reconhecimento por algo que já fez, mas aqui é como se você ganhasse antecipadamente e depois tivesse que realizá-lo. No início, você fica impressionado com as infinitas possibilidades, mas logo começa a pensar em como fazer isso.

Como surgiu a ideia de usar “os elementos” como tema? O que eles representam para você?

Surgiu do desejo de criar uma ligação com a natureza, evitando os clichês habituais. Não queria ambientar as fotos na natureza — embora, pessoalmente, seja onde eu gostaria de estar sempre —, mas transformá-la em algo abstrato e menos previsível. Os elementos são uma síntese disso, desde as primeiras civilizações, a terra, o ar, o fogo e a água representaram uma ferramenta para compreendê-la. Para mim, pareceu natural trabalhar em um contexto em que se pega o “todo” — porque a natureza é tudo — e se destila em algo que pode ser controlado em uma fotografia. Foi daí que surgiu a ideia.

Então, é mais um conceito universal de natureza?

Sim, porque não se trata realmente de terra, nem de fogo, nem de água, nem de vento, nem de nuvens ou flores. Mas é uma forma de nos conectarmos com aquilo de onde viemos.

Calendário Pirelli: Irina Shayk na edição de 2026 (Sølve Sundsbø/Divulgação)

Nos conte um pouco sobre o processo de criação do Calendário.

O processo começou com uma reflexão sobre como visualizar os elementos. Por exemplo, como se visualiza o vento? O vento é obviamente invisível, a menos que toque em algo. A água, por outro lado, é um elemento que envolve, submerge ou atinge. Portanto, o desafio foi representar visualmente esses elementos na fotografia. Fazer tudo ao ar livre seria muito complexo, devido à quantidade de informações a serem gerenciadas. Por isso, optei por uma abordagem mais simples e levei tudo para o estúdio. Usamos tecnologias avançadas, como enormes paredes de LED, para capturar fragmentos da natureza e recriá-los em um espaço controlado. É claro que também usamos água real, vento real, mas alguns fundos e detalhes foram fotografados ao ar livre e integrados no estúdio. O processo deve levar em conta aspectos muito práticos: inicialmente você acha que pode fazer qualquer coisa, mas depois você quer acima de tudo fazer com que as pessoas se sintam à vontade e apareçam da melhor forma possível. Por exemplo, você não pode acender uma fogueira atrás de alguém, a menos que seja necessário! Por isso, filmamos a fogueira com antecedência e a projetamos no fundo, evitando qualquer risco.

Nos diga um pouco sobre o papel das protagonistas do Calendário. Como você as inseriu nos elementos?

Para algumas, a proposta foi imediata. Mergulhamos Eva [Herzigová] e Susie [Cave] na água. Para Tilda [Swinton], criamos um pequeno mundo em miniatura. Com [FKA] twigs, tivemos uma longa conversa porque ela queria ser envolvida pela areia para se sentir parte da terra. Tudo nasceu das conversas com cada uma das protagonistas. O objetivo era representar a ligação entre a pessoa e o elemento natural, fazendo com que parecessem um todo.

Quais são os outros membros da equipe nesta aventura? Quão importante é para você estar cercado por pessoas de confiança?

Sim, para um projeto como este, desejo trabalhar com pessoas que conheço, com quem posso conversar com sinceridade. Convidei Jerry Stafford para o styling, porque ele é excelente e estimula minha criatividade: basta uma sugestão dele para que eu consiga desenvolvê-la e fazê-la crescer. Este ano, o Calendário ganhou vida também através de imagens em movimento. Tive o prazer de trabalhar com o brilhante diretor de fotografia Benoît Delhomme, que criouas luzesparao filme e, juntos, nós asaperfeiçoamosparaas fotografias. Os cenários foram lindamente criados pelo meu colaborador de longa data Robbie Doig. Para a maquiagem, eu queria trabalhar com Val Garland, com quem colaboro há anos: confio em seu olhar, em suas habilidades e em sua humanidade. Syd [Hayes] é um cabeleireiro extraordinário que sempre faz a coisa certa para a imagem final. Para o design do Calendário, eu queria trabalhar com Greger Ulf Nilson, um designer incrível e um amigo querido. Em Nova York, trabalhamos com Bob [Recine] para o cabelo, James Kaliardos para a maquiagem e Tristan Sheridan como diretor de fotografia. Também trabalho com eles há muito tempo. É importante que haja confiança e que todos trabalhem com o mesmo objetivo: servir à fotografia e criar algo mágico.

O que significa beleza para você?

A beleza é um conceito complexo. Para mim, é oferecer algo quepode não ser imediatamente compreensível, mas que depois pode conquistar você. A beleza é muito subjetiva, é uma palavra carregada de significados: “ela é bonita”, “ele é bonito” — essas percepções mudam com o tempo. Uma coisa é constante: a incerteza sobre o que é interessante. Para mim, a beleza deve ser interessante e também provocativa.

Você vê a fotografia como uma forma de explorar ou como uma necessidade, uma busca ou um desejo?

Acho que a fotografia é um desejo, uma busca, uma paixão. Para mim, significa capturar um momento que tem algo interessante, que vale a pena compartilhar e depois perguntar: “O que você acha? Você acha interessante? Você acha bonito?”. É uma forma de comunicação. Tiro fotos continuamente, sempre, com o celular, com uma pequena câmera. Talvez seja minha maneira de compreender o mundo; assim como um escritor conta uma experiência através da escrita, eu tento compreender o mundo fotografando-o.

Você gostaria de dizer algo às gerações futuras?

Sim, saiam; desliguem-se das telas; vão para fora! Não olhem para o meu trabalho, mas saiam e façam o seu.

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