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Leveza na taça: a ascensão dos vinhos brancos

Antes vistos como coadjuvantes, os brancos ganham espaço nas taças brasileiras e começam a mudar o perfil do mercado

Vinho branco: aumento de vendas (Yulia Naumenko/Getty Images)

Vinho branco: aumento de vendas (Yulia Naumenko/Getty Images)

Rodrigo Lanari
Rodrigo Lanari

Empresário

Publicado em 22 de novembro de 2025 às 10h00.

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Até pouco tempo atrás, era comum ouvir de produtores estrangeiros que o brasileiro “não bebia vinho branco”. A surpresa, porém, começa a se dissipar. O clima, a gastronomia e o estilo de vida sempre foram aliados naturais desse tipo de vinho, e agora os números confirmam que a categoria vem ganhando espaço.

Segundo a Ideal.BI, a participação dos brancos importados saltou de 18% em 2021 para 24% em 2024 — um avanço de 12 milhões de garrafas a mais importadas por ano. No varejo alimentar eles já respondem por 20% do total do faturamento da categoria pelo levantamento deste ano da consultoria Scanntech. O movimento acompanha uma tendência global: dados da OIV revelam que os brancos passaram de 40% do consumo mundial no início do século para 42,2% em 2021, enquanto os tintos recuaram de 51,3% para 48,3%.

O primeiro sinal por aqui veio do Chablis, o queridinho das taças mais sofisticadas. Durante a pandemia, a procura cresceu tanto que algumas importadoras zeraram os seus estoques. Em 2023, as vendas de Chablis e Petit Chablis no Brasil aumentaram 70% em volume e 75% em valor de acordo com o BIVB, sigla francesa para Conselho de Vinhos da Borgonha.

Outro destaque é o avanço dos Vinhos Verdes, de Portugal, que encontraram terreno fértil entre consumidores em busca de frescor e leveza.

Sucesso recente do moscatel e pinot grigio

Nos rótulos mais acessíveis, a evolução é clara. Se antes os brancos eram sinônimo de dor de cabeça no dia seguinte, hoje a tecnologia de vinificação garante bebidas mais limpas, frutadas e florais conforme o estilo desejado. O amargor desapareceu das garrafas mais simples, e a qualidade se espalhou por todas as faixas de preço. Some-se a isso o teor alcoólico geralmente mais baixo, em sintonia com a busca de novas gerações por consumo moderado e saudável.

A curiosidade também joga a favor. O último levantamento da consultoria inglesa IWSR, Brazil Wine Landscapes 2025 aponta para uma proporção grande de bebedores exploradores por aqui - 70% deles afirmam gostar de experimentar novas uvas e origens com frequência. Isso abre espaço para variedades como viognier e alvarinho, ainda pouco consumidas por aqui, e ajuda a explicar o sucesso recente dos moscateis e pinot grigios além das já consolidadas sauvignon blanc e chardonnay.

O fenômeno não é isolado: em todo o mundo, os brancos ganham terreno. No Brasil, essa tendência encontrou um consumidor disposto a experimentar e um mercado mais preparado para oferecer diversidade e qualidade. Tudo indica que, desta vez, os brancos chegaram para brilhar.

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