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'Meninos Jogadores', o lado oculto da indústria do futebol

Livro "Niños Futbolistas" ("Meninos Jogadores"), crônica sobre o negócio dos jogadores infantis, mostra seu lado obscuro

Lionel Messi: "o que está acontecendo hoje em dia, debaixo de nossos narizes e sem nos darmos conta é um novo tipo de colonização", diz escritor (Gustau Nacarino/Reuters)

Lionel Messi: "o que está acontecendo hoje em dia, debaixo de nossos narizes e sem nos darmos conta é um novo tipo de colonização", diz escritor (Gustau Nacarino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 16 de setembro de 2013 às 10h29.

Buenos Aires - Todos os anos, muitas crianças latino-americanas viajam para a Europa com o sonho de se transformarem no novo Lionel Messi e triunfarem como jogador de futebol, mas a maioria não se torna uma estrela e acaba por conhecer o lado obscuro do negócio do futebol, relatado no livro "Niños Futbolistas" ("Meninos Jogadores").

A obra do escritor chileno Juan Pablo Meneses é uma crônica sobre o negócio dos jogadores infantis. Ele se propôs a comprar os direitos econômicos de Milo, um jogador chileno de 12 anos, à sua família para vendê-lo a um clube europeu e retratar todo o negócio.

Este é um negócio bem estruturado e com regras claras, em que os meninos de 12 anos têm representantes preocupados somente em lucrar com as contratações e que aos 16 já são considerados velhos.

"O que está acontecendo hoje em dia, debaixo de nossos narizes e sem nos darmos conta é um novo tipo de colonização, onde o ouro é o jogador em si", denunciou Meneses à Agência Efe.

"A indústria futebolística é pior do que se imaginava. Mais complexa. O que mais me chamou a atenção é muita gente achar que só agora que começou a existir a compra e venda de crianças, quando é algo que acontece há muito tempo".

"Meninos Jogadores" retrata as pressões paternas, a indiferença de seus representantes e as brigas entre os clubes pelas porcentagens das transferências.

Para o autor o elemento mais grave é as crianças assinarem os primeiros contratos cada vez mais jovens e se aos 16 anos ainda não tiverem feito sucesso "já são consideradas velhas pela indústria".

Esses adolescentes acabam vendo o esporte como trabalho e sentem a responsabilidade de ajudar seus pais.


"As crianças sabem que o futebol pode tirá-las da pobreza, elas têm essa consciência. Alguns pais largam o emprego para conseguir levá-las aos treinos. Apostam tudo em seus filhos. A responsabilidade é muito grande", afirmou.

Após a publicação de "Meninos Jogadores" na Espanha, Meneses contou ter recebido duas propostas peculiares e muito distintas.

"O professor de uma escola dos arredores de Madri me escreveu para que façamos uma ONG que ajude a salvar estas crianças. Uma semana depois um empresário do Barcelona me ofereceu fazer uma plataforma de negócios", relatou.

A conclusão, acrescentou, é que muitos veem o livro como uma grande denúncia e outros como um manual de negócios.

O escritor chileno se mostrou pessimista em relação à busca de soluções para o problema. "Não há nada a fazer. É um assunto que não tem solução. Há muito dinheiro rolando nele. Assim que uma lei é feita começam a procurar um modo de burlá-la. Todos querem que seu filho seja o novo Messi", lamentou.

"Meninos Jogadores" é o segundo livro escrito por Meneses, executado nos princípios do "jornalismo cash", que consiste em comprar uma matéria-prima e retratar todo o caminho percorrido até ela se transformar em um produto.

Em "A Vida de uma Vaca" (2008), o autor comprou uma vaca com o objetivo de engordá-la, vê-la crescer até ficar pronta para o abate e levá-la a um matadouro para documentar o funcionamento da indústria de carnes na Argentina.

Meneses também é autor de "Bagagem de Mão" (2003), "Sexo&Poder" (2004), "Crônicas Argentinas" (2009) e "Hotel Espanha" (2010).

Em Buenos Aires, ele fundou a "Escola de Jornalismo Portátil", mas atualmente vive no Chile, onde comanda o jornal "Hoyxhoy".

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