(Wikipedia Commons/Reprodução)
Paty Moraes Nobre
Publicado em 23 de julho de 2018 às 14h10.
Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 14h18.
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No Brasil, as churrascarias de rodízio, os festivais da carne e nossos churrascos caseiros vêm influenciando gerações a se empanturrarem de proteína animal.
No caso da carne bovina, o consumo maior é de cortes do traseiro. “É mais macia”, garante muitos. O que poucos sabem é que, quanto melhor a raça, mais cortes são possíveis.
E que, quanto melhor a carne, ficamos mais satisfeitos com menos. “A maioria dos brasileiros gosta de comer em quantidade, mas carne não é quantidade, é qualidade.
No Japão, por exemplo, onde surgiu o Wagyu, a carne mais cara do mundo, o mercado aceita acompanhamentos que tornam os menus de churrasco mais acessíveis e satisfatórios tanto em termos de qualidade quanto de quantidade”, explica Nando Carneiro, chef responsável pela cozinha do Farol Santander.
Nando Carneiro, chef responsável pela cozinha do Farol Santander (SP). (Divulgação/Reprodução)
Com 11 anos de experiência, inclusive como chef da hamburgueria PJ Clark’s, em São Paulo, Nando voltou de uma temporada de trabalho na Nova Zelândia animado com o movimento da carne no Brasil.
“Mas, em pouco tempo, percebi que era preciso ensinar sobre procedência dos produtos e valorização das proteínas com acompanhamentos e ingredientes frescos, respeitando a sazonalidade, para obter o melhor custo benefício”, pontua.
- (Nando Carneiro/Reprodução)
Recentemente, com mais tecnologia nas fazendas e o avanço da genética, novas raças passaram a garantir mais marmoreio (gordura entremeada) e maciez na carne.
E, com mais informação, o hábito de servir e consumir carne também tem se transformado por aqui. No cardápio de churrasco que desenvolveu, Nando utiliza cortes considerados, até então, não tão nobres assim.
É o caso do coxão duro de Wagyu. “Este animal proporciona um nível tão alto de marmoreio que torna o corte supermacio. Selo na churrasqueira e corto em lâmina sempre mal passadas. Até agora, o retorno dos clientes foi 100% positivo”, garante ele, sobre o Rosbife de Wagyu com abóbora crocante e ovo caipira, prato mais pedido no restaurante.
- (Nando Carneiro/Reprodução)
Na mesa proposta, também se destaca o Filé Mignon suíno cozido no sous vide acompanhado de purê de batata doce alongado com iogurte caseiro.
“Nos restaurantes, a expectativa geral é de uma carne suína mais seca por causa do medo de doenças relacionadas ao consumo da carne mal passada. Mas, a carne de porco selecionada, de um animal de boa procedência, pode ser servida ainda rosada, sem estar seca, no ponto ideal. A nossa é cozida a vácuo em temperatura controlada por 1h30. Quando a gente corta, o resultado é suculência e muita maciez”, ensina.
- (Nando Carneiro/Reprodução)
O peixe da época é a Sororoca, de água salgada e da família da Cavala. No Farol, a posta é feita direto no broiler com purê de couve-flor e sumak, erva de tom avermelhado utilizada na cozinha árabe, de sabor cítrico e levemente amargo.
“A pele da Sororoca é tão fina que não gruda no ferro e, assim, atinge o ponto perfeito de baixo pra cima”, acrescenta.
E um menu tão rico e elaborado assim não pesa no bolso: entrada, prato principal e sobremesa saem por R$ 48.
“São 150g de carne, acompanhamentos à altura da qualidade da carne e garantia de uma refeição extremamente satisfatória. Venho da escola clássica da gastronomia e estamos redescobrindo o churrasco no mundo todo. Vivemos um momento de evolução total, que continua tendo a carne como a estrela do prato, mas valoriza ainda mais a proteína animal com acompanhamentos e técnicas que elevam a experiência para todos os paladares”, finaliza.