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Museus dos EUA vendem obras de Picasso e Warhol para sobreviver

Na pandemia, a Associação de Diretores de Museus de Arte dos Estados Unidos passou a permitir que museus vendessem obras para pagar contas 

Vende-se: Museu de Arte de Baltimore tenta encontrar compradores para a monumental "Última Ceia", de Andy Warhol, por 40 milhões de dólares (Mint Images RF/Getty Images)

Vende-se: Museu de Arte de Baltimore tenta encontrar compradores para a monumental "Última Ceia", de Andy Warhol, por 40 milhões de dólares (Mint Images RF/Getty Images)

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Carolina Ingizza

Publicado em 11 de outubro de 2020 às 11h21.

O abalo duplo trazido pela covid-19 e pelo movimento de justiça racial chegou a locais de trabalho, escolas e questões de saúde. Mais discretamente, os museus dos EUA também estão sofrendo e sendo forçados a vender obras premiadas e ampliar a definição do que é a arte de qualidade.

Por gerações, os museus operaram sob regras rígidas. Eles aceitavam doações que poderiam ser deduzidas de impostos e compravam obras de artistas de renome — a maioria brancos, do sexo masculino, europeus ou americanos. Em deferência ao aspecto sagrado de sua missão, os museus tinham permissão para vender uma obra apenas para comprar outra — não para pagar a conta de luz ou o salário dos funcionários responsáveis pela conservação do acervo.

Em abril, depois que museus de São Francisco ao estado do Maine fecharam as portas devido à pandemia, a Associação de Diretores de Museus de Arte anunciou que, durante dois anos, as obras podem ser vendidas e os recursos aplicados em “cuidados diretos”, dando a cada instituição a possibilidade de definir o que isso significa.

O impacto tem sido profundo. Os museus não estão apenas vendendo obras que estavam fora do mercado há muito tempo, como também estão adquirindo peças feitas por mulheres, negros e latinos. A expectativa deles é conquistar novos visitantes que encontrarão representatividade nas obras espalhadas por seus corredores silenciosos. Em outras palavras, estão expandindo o cânone e esperando transformar a crise em oportunidade.

Obras-primas estão chegando ao mercado. Esta semana, na Christie’s, o Museu de Arte Everson, que fica em Syracuse, no estado de Nova York, vendeu sua única pintura de Jackson Pollock por 13 milhões de dólares, e a instituição de Springfield, Massachusetts, vendeu um quadro de Picasso por 4,4 milhões de dólares. A única obra de Lucas Cranach do Museu do Brooklyn vai a leilão na próxima semana, enquanto o Museu de Arte de Baltimore tenta encontrar compradores para a monumental Última Ceia de Andy Warhol por cerca de 40 milhões de dólares.

“Este é realmente um momento sem paralelo”, disse Brent Benjamin, presidente da Associação de Diretores de Museus de Arte e diretor do Museu de Arte de Saint Louis. Segundo ele, crises financeiras anteriores, como a de 2008, foram difíceis, “mas nunca vimos nada parecido com isso”.

Os museus estão reabrindo lentamente, mas com quadro de pessoal reduzido — o Metropolitan eliminou 400 empregos durante a pandemia — e menos capacidade. Eles não podem realizar eventos presenciais para arrecadação de recursos nem aprofundar relacionamentos organizando viagens para exposições e feiras internacionais. Os estabelecimentos estão vendendo para sobreviver e as casas de leilões Sotheby’s e Christie’s estão bastante ocupadas.

As obras são extremamente desejáveis porque são novas no mercado, historicamente significativas e vêm das coleções mais elogiadas.

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