Casual

Nasce a primeira editora de homossexual da Índia

A Queer Ink surgiu como uma livraria virtual voltada ao público gay do gigante asiático

Bandeira do movimento gay: Na Índia os travestis (''hijra'') existem há séculos, inclusive nas zonas rurais, e popularmente acredita-se que possuam poderes mágicos (Pedro Armestre/AFP)

Bandeira do movimento gay: Na Índia os travestis (''hijra'') existem há séculos, inclusive nas zonas rurais, e popularmente acredita-se que possuam poderes mágicos (Pedro Armestre/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 20h41.

Nova Délhi - Os homossexuais da Índia estão assistindo à queda de mais uma barreira rumo a sua total aceitação, com a criação da primeira editora indiana focada na literatura gay, a Queer Ink, que lançará seu primeiro título no final deste mês.

Por trás do fenômeno Queer Ink está a pioneira Shobhna S. Kumar que, com 45 anos, é uma das ativistas indianas mais destacadas na luta pelos direitos da comunidade LGTB (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros).

A Queer Ink surgiu como uma livraria virtual voltada ao público gay do gigante asiático e, após dois anos em funcionamento e um catálogo de mais de 500 livros - 90 deles escritos por autores indianos -, sua criadora se lançou no mercado editorial.

''Publicar (literatura LGBT) é uma necessidade, pois sabe-se muito pouco sobre a Índia gay'', explicou à Agência Efe Shobhna, de Mumbai, onde há dez anos se radicou, depois que decidiu abandonar Fiji, sua terra natal, para voltar ao país de seus antepassados.

''Nosso objetivo é dar maior visibilidade à comunidade gay e mostrar portanto, apesar do que alguns pensam, que os homossexuais são uma peça importante da Índia'', ressaltou a ativista.

Na Índia os travestis (''hijra'') existem há séculos, inclusive nas zonas rurais, e popularmente acredita-se que possuam poderes mágicos - o que não evita que os homossexuais sejam atacados com frequência em uma sociedade eminentemente conservadora.

O primeiro livro publicado pelo editorial Queer Ink será ''Out!'' (''Fora!''), uma compilação de 30 relatos sobre ''a nova Índia gay'' nascida com a descriminalização dos atos homossexuais pelos tribunais do país em julho de 2009.


Essa descriminalização levou os escritores gays a ganhar confiança e liberdade ao publicar seus pontos de vista, declarou à agência indiana ''Ians'' Anita Roy, da editora feminista Zubaan.

Para Divya Dubey, diretora da editora Gyaana que falou à Efe, a mudança fez com que publicar livros de temática homossexual se tornasse uma opção normal: ela mesma, por exemplo, decidiu publicar o livro ''Pink Sheep'' (''Ovelha Rosa''), de Mahesh Natarajan.

''Para ser sincera, nunca o vi como um livro gay. O que torna essa obra especial é sua capacidade de transformar em algo comum o estilo de vida gay. Não se trata do ''outro'', mas de gente como todos'', explicou Divya.

''Pink Sheep'' integra o catálogo da livraria virtual da Queer Ink, como vários títulos do ''poeta gay da Índia'', como é chamado Hoshang Merchant, ou de Raj Rao, que em 2003 publicou o primeiro romance indiano de cunho homossexual.

Também se destacam antologias como ''Close, Too Close'' (''Perto, Perto Demais''), na qual 15 escritores e artistas plásticos indianos ''exploram livremente as ilimitadas possibilidades de gênero e sexualidade ao nosso redor''.

Entre os nomes da obra coletiva está o desenhista Anirban Ghosh com sua Arca de Noé gay, uma pintura que reúne de homens musculosos e fetichistas até um artista idoso de barba longa branca e lésbicas maduras de classe alta.

''Trata-se de uma obra em preto e branco que chamei ''A Arca Erótica'', em que se encontram vários membros da comunidade homossexual e tenta ser o mais inclusiva possível'', contou Ghosh à Efe.

Segundo a editora Shobhna, a Queer Ink recebeu ''um grande número de manuscritos e muitos escritores procuraram a editora, interessados em publicar'', demonstrando que o nicho editorial indiano gay deve continuar crescendo.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaGaysÍndiaLGBTLivrosPreconceitos

Mais de Casual

O único restaurante japonês a ter 2 estrelas Michelin em São Paulo volta com tudo

Quanto custa viajar para Santiago, no Chile?

Dia Mundial do Bartender celebra profissionais como os artistas da mixologia

Montblanc lança primeira coleção de couro do ano com três novas cores