NK Store: lançamento da plataforma de revenda de peças NK Archive (NK Store/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 30 de junho de 2025 às 10h57.
A gestão de resíduos e revenda de peças tem se mostrado cada vez mais presente nas estratégias das marcas de moda. Após a Chanel anunciar uma iniciativa voltada para o final da vida útil de recortes de tecidos, tecidos não utilizados e produtos não vendidos ou antigos. A brasileira NK Store também anuncia um passo em direção a um futuro mais sustentável.
A marca fundada por Natalie Klein acaba de lançar a plataforma NK Archive, que permite aos seus clientes revenderem as peças adquiridas diretamente pela marca. Com o objetivo de incentivar a circularidade da moda, a NK Store agora oferece aos consumidores a possibilidade de reviver as histórias por trás das roupas que compraram, proporcionando uma nova vida às peças de vestuário que, de outra forma, estariam guardadas em armários.
O projeto surge como resposta às crescentes preocupações ambientais e à busca por soluções mais sustentáveis no setor da moda. Natalie Klein, fundadora da NK Store, explica que sempre teve um olhar diferenciado sobre as roupas e suas histórias. “Quem trabalha com moda tem quase uma alucinação pela história do vestuário, pelas memórias que as roupas contam. Sempre tive uma paixão pela continuidade dessas roupas, pelo ciclo de vida delas”, diz Klein.
A criação do NK Archive não é apenas uma inovação tecnológica, mas também uma maneira de manter viva a conexão emocional entre a marca e seus clientes. A plataforma visa permitir que as peças de vestuário da NK, que possuem um valor afetivo profundo, sejam revendidas e passem a fazer parte de novas histórias. “A ideia é dar continuidade a essas peças, fazendo com que elas se tornem parte da vida de outras pessoas. A moda da NK é duradoura, desde a escolha do tecido até a modelagem. Agora, queremos expandir esse ciclo e permitir que essas peças tenham uma segunda vida”, diz.
A plataforma, construída em parceria com a tecnologia Cercle, é integrada diretamente ao sistema da NK Store, permitindo que os clientes façam o upload de todas as compras realizadas, seja no site ou nas lojas físicas. Com isso, cada peça adquirida é registrada digitalmente, associando-a ao CPF do cliente. Ao acessar o aplicativo ou o site, o consumidor poderá visualizar o histórico de suas compras e decidir se deseja revender alguma de suas peças. “Quando você compra uma peça na NK, ela fica registrada em seu CPF, criando uma espécie de ‘carteira digital’”, diz Klein.
Após fazer o upload, o cliente poderá adicionar fotos das peças, descrevendo o estado de conservação e quaisquer histórias especiais que acompanhem o item. A tecnologia garante a autenticidade do produto, o que é fundamental no mercado de revenda de segunda mão, especialmente quando se trata de itens de luxo e com alto valor agregado, como as peças da NK.
Uma das maiores vantagens competitivas da plataforma é a ausência de taxas de revenda. Ao contrário de muitas plataformas de segunda mão, que cobram comissões sobre as vendas. “Não cobramos taxa de revenda. A única orientação que damos é para que o cliente siga uma referência de preço mínimo, para garantir que a peça tenha o valor adequado, já que as roupas da NK não são descartáveis”, explica a fundadora.
Klein também observa que o mercado de revenda de luxo e produtos de alta qualidade, como os da NK, está começando a amadurecer no Brasil. “No mercado automobilístico, por exemplo, é comum saber o valor de revenda de um carro. A moda está começando a seguir esse caminho. Quando você compra uma peça da NK, pode ter certeza de que ela terá valor no mercado de segunda mão. Isso é um reflexo da confiança que temos na qualidade e no design atemporal das nossas peças.”
Com um mês desde o lançamento da plataforma, já foram cadastrados mais de 23 mil produtos, o equivalente a 45 milhões de reais em valor de etiqueta.Outras estratégias também surgem no setor de luxo. A Miu Miu apresentou uma solução para reviver peças de coleções antigas através do upcycling.
Em 2020, a marca de Miuccia Prada decidiu garimpar peças vintage e retrabalhá-las. Depois de restauradas, as peças são ajustadas e finalizadas com bordados e enfeites da marca. Para este ano, a coleção conta com 80 peças dos anos 1930 a 1980. Os vestidos estão disponíveis em lojas Miu Miu em Milão, Londres, Paris, Moscou, Nova York, Xangai, Hong Kong, Tóquio, St. Moritz.
“Durante 10 anos, me vesti com roupas vintage. Muitas vezes me perguntava por que eu gostava tanto, e acho que é pela história. Cada vestido representa uma pessoa, um pedaço de uma vida. Para mim, o passado sempre teve um valor incrível porque tudo o que você aprende vem dele”, disse Miuccia.
No Brasil, a ALUF e a PrettyNew anunciaram nesta semana uma parceria que incentiva a circularidade da moda. Os clientes podem levar suas peças ALUF até a loja física da marca. Lá, a equipe recebe os desapegos e a PrettyNew faz a retirada das roupas. Após esse passo, a equipe da PrettyNew entra em contato com o cliente para sugerir um preço e iniciar o processo de revenda na plataforma.
Campanha da Aluf: retalhos e madeiras se transformam em roupas (Divulgação/Divulgação)
Para cada peça aprovada para venda, a ALUF dará um incentivo em forma de crédito para ser utilizado em futuras compras na própria marca e, quando o item for vendido, a PrettyNew repassa o valor combinado diretamente à cliente em até 30 dias após a transação.
“Hoje já trabalhamos com nossas matérias-primas sustentáveis, mas sempre senti a necessidade de cuidar das nossas peças para além do momento da compra. Admiro e acompanho o trabalho da PrettyNew desde o início e foi visitando o espaço delas que tivemos a ideia de unir forças e compartilhar soluções de logística. Assim, conseguimos dar mais um passo de assistência ao nosso produto, na segunda fase de vida dele”, diz Ana Luisa Fernandes, diretora criativa da ALUF. O consumo continua, agora com novas formatos de produção.