Redatora
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 19h27.
Se um dia o suor já foi sinônimo de incômodo, agora se tornou símbolo de status. O aumento da procura por bem-estar, com atividades físicas e práticas de saúde mental, colocou a sauna como um dos métodos de relaxamento e recuperação favoritos em todo o mundo — inclusive no Brasil.
A prática foi criada na Finlândia, país que conta com mais de 3 milhões de estabelecimentos de sauna, e onde a população costuma promover o relaxamento do corpo pelo suor ao menos uma vez por semana. A tradição é tão importante que entrou para a Lista do Patrimônio Imaterial da UNESCO, reconhecida por suas contribuições à saúde e à cultura.
O mercado global de saunas deve alcançar US$ 151 milhões até 2029, com crescimento médio anual (CAGR) de 6,4%, segundo a consultoria Technavio. O avanço é impulsionado pelo interesse crescente em cuidados com a saúde e pela queda no consumo de álcool em diversas partes do mundo.
Em São Paulo, a tendência já começa a ganhar adeptos. A cafeteria Longão, localizada na Vila Buarque, proporciona uma combinação inusitada e encantadora pós-treino: a mistura do brunch com a sauna, que pode ser utilizada por R$ 25.
Comum em centros esportivos, os benefícios da sauna ganharam popularidade também entre quem não pratica atividades físicas. A Cleveland Clinic, centro médico acadêmico dos Estados Unidos, aponta os principais ganhos para o corpo e a mente:
Melhora da função pulmonar: estudos mostram que o uso regular ajuda a hidratar o trato respiratório e aprimorar a eliminação de mucos;
Redução do estresse: o ambiente calmo proporciona alívio da ansiedade e pode melhorar a qualidade do sono;
Saúde cardiovascular: o calor aumenta a frequência cardíaca e a transpiração, ajudando a manter a pressão arterial saudável e estimulando agentes anti-inflamatórios;
Alívio de dores musculares e crônicas: o calor eleva o fluxo sanguíneo e reduz espasmos musculares.
A recomendação é que o tempo de sauna varie entre 15 e 20 minutos, com períodos menores para iniciantes. Apesar dos benefícios, a prática não é indicada para quem tem pressão baixa, sofreu um ataque cardíaco ou derrame recente, ou consumiu álcool antes da sessão. Pessoas gestantes, idosos acima de 65 anos e indivíduos com problemas cardiovasculares devem consultar um médico antes de adotar a rotina.
Além dos ganhos físicos, o ambiente relaxante se tornou também uma atividade de lazer social, reunindo familiares, amigos e até colegas de trabalho.
Nos Estados Unidos, a tendência ganhou um novo formato. Em 2024, a Valo, empresa de serviços com inteligência artificial, realizou sua conferência anual dentro de uma sauna. A ideia partiu do CEO finlandês Jari Salomaa, que substituiu os tradicionais happy hours — antes marcados por comida e bebida alcoólica — por encontros em trajes de banho e ambientes aquecidos.
Segundo o The Wall Street Journal, investidores classificaram a experiência como “revigorante”. Para garantir o sucesso, o executivo estabeleceu regras de etiqueta, como o uso obrigatório de trajes de banho e a manutenção da hidratação. O resultado agradou tanto aos funcionários quanto a outras empresas, que começaram a considerar o modelo.
A popularidade é crescente: no bairro de Flatiron, em Nova York, o espaço Othership — que combina sauna e banheiras de gelo — virou ponto de encontro para empresários discutirem negócios em um clima mais leve. Embora a ideia de misturar trabalho e relaxamento ganhe força, ainda há resistência entre quem prefere manter os ambientes separados.
No Brasil, as saunas seguem concentradas em academias e centros especializados, com foco em saúde e lazer — deixando o ambiente corporativo, por enquanto, do lado de fora das portas.